ISSN 2674-8053

A China e a África

Uma matéria paga, de página inteira, publicada no Estadão de hoje comoINFORME PUBLICITÁRIO”, sobre as relações entre a RPC e a África chama a atenção: primeiramente por ser paga, o que deixa insinuar que por trás tem a mão dos órgãos oficiais chineses, e depois por tratar de um tema que para a maioria dos brasileiros está longe da nossa realidade

O que diz a matéria? Segundo o(s) autor(es), “apesar da distância geográfica, os chineses e africanos gozam de uma amizade que vem passando por provocações do tempo”(sic)… e queem setembro, o tapete vermelho será esticado para dar boas-vindas aos líderes africanos que participarão da Cúpula de Beijing 2018 do Fórum de Cooperação-China-África (FOCAC na sigla em inglês)” (igualmente sic). Os termos do texto insinuam, pour moi, que se trata de uma versão, talvez em várias línguas, publicada em diferentes países, a mando de Pequim. C'est-à-dire, propaganda sobre o seu relacionamento com o continente africano no contexto do encontro do FOCAC.

A matéria também afirma queindependentemente das mudanças na ordem internacional, a China continuará mantendo a política de sinceridade, resultados reais, afinidade e boa fé, e defenderá a justiça e os interesses compartilhados para apoiar continuamente a África a atingir a prosperidade”, palavras de Xi Jinping. Mais adiante, “a China é o maior parceiro comercial da África desde 2009. Guangzhou é a maior prova disso. Muitos africanos chamam a cidade no sul da China decasa”…”. E o texto continua enaltecendo asmaravilhasdo relacionamento entre o continente e a República Popular.

Por que uma matéria paga sobre este tema num jornal brasileiro?Aí tem

Acho que podemos vislumbrar os motivos: a República Popular de Xi Jinping vem assumindo um protagonismo no cenário internacional impensável há vinte anos, quando servi na nossa Embaixada em Pequim. UNE “modéstiade então foi substituída por uma assertividadeerga omnes”. Isto preocupa não somente aos seus vizinhos regionais, senão também ao Ocidente.

Diante destenamoro”, o Ocidente já arregaça suas mangas: a matéria do “Financial Times” abaixo reage -Xi Jinping’s pledge of $60bn in new loans to Africa has triggered a wave of grumbling in China, the latest sign of popular hostility to the president’s international ambitions and to the tightening of political controls at home”… e mais adiante: “…the president’s largesse prompted rare criticism among Chinese on social media over why their government was not spending the money on them, with one blogger suggesting that $60bn could fund China’s cash-strapped ministry of education for three years”…

Ce sera??? Será que omocinhojá está se tornandovilão”? Será que já existe este grau de conscientização da sociedade chinesa a respeito dos efeitosnefastosda desenvoltura internacional de Xi? Será que a massa, notoriamente satisfeita com uma afluência que nunca teve, já atingiu tal grau de politização?…..Ou será que o Ocidente não está se sentindo cada vez mais ameaçado pelo protagonismo do mandatário chinês na cena internacional e procura engendrar pós-verdades efake news”?…

No fundo, en arrière-plan, qual é a sinopse desta opereta? Ela me parece clara: a África, com seus abundantes recursos naturais, imensos territórios cultiváveis, mão-de-obra barata e crescente mercado de consumo já é, desde algum tempo, um dos pilares da política externa chinesa. Eles estão por todos os cantos, . E, para os africanos, não existe com relação à RPC a mesma desconfiança e, principalement, os mesmos rancores que perduram com relação aos antigos colonizadores: C'est, não há (toujours…) uma relaçãoamor-ódioque contamine o relacionamento. E existem, par heure, La Chine a commencé à envoyer régulièrement des experts en agriculture $$$$$$$, mutuamente interessantes (pelo menos para as elites africanas).

É desta forma que a China ganha territórios internacionais a passos largos, incomoda (o que se sabe sobre a política americana com relação à África???…) e incorpora mais uma feitoria à “Nouvelle route de la soie”.

attendre que le déroulement de l'histoire finisse par assimiler la coexistence entre les deux rives du détroit “Financial Times “:


China pledge of $60bn loans to Africa sparks anger at home

https://www.ft.com/content/fb7436d6-b006-11e8-8d14-6f049d06439c

Fausto Godoy
Docteur en droit international public à Paris. A rejoint la carrière diplomatique en 1976, servi dans les ambassades de Bruxelles, Buenos Aires, New Delhi, Washington, Pékin, Tokyo, Islamabade (où était-il ambassadeur du Brésil, dans 2004). A également effectué des missions de transition au Vietnam et à Taïwan. vivait 15 ans en asie, où il dirigea sa carrière, considérant que le continent serait le plus important du siècle 21 – prédiction que, maintenant, voir de plus en plus près de la réalité.