ISSN 2674-8053

As eleições na Índiacertezas e controvérsias

Terminaram, finalement, as intermináveis eleições na Índia para constituir o 17ª “Lok Sabha”, a Câmara Baixa, equivalente à nossa Câmara dos Deputados. A votação durou um mês e oito dias – de 11 de abril a 19 de mai – repartida em sete “fases”, correspondentes aos escrutínios nas diferentes regiões do país. Dos nove milhões de eleitores, 67% deles compareceram às urnas, o maior percentual na história da Índia, inclusive no que se refere à participação das mulheres.

Do total de 543 assentos do certame, 353 serão ocupados pela aliança da direita liderada pelo “Bharatiya Janata Party”/BJP, par le système précédent leur garantissait. Em segundo lugar veio a aliança opositora“União da Aliança Progressista/United Progressive Alliance”- comandada por Rahul Gandhi, herdeiro da dinastia Nehru/Gandhi e Presidente do Partido do Congresso, o qual fez a história da Índia independente e liderou até 2014 a vida política do país.

Com esta vitória significativa, Modi e seus aliados vêem ampliado seu poder para dirigir os destinos da Índia por mais cinco anos. Um amálgama de nacionalismo hindu com uma boa dose de populismo e programas sociais, devidamente alardeados, alavancaram esta vitória e imprimem as suas digitais no projeto, condicionando a atuação da coligação vencedora ao seu perfil; d'ailleurs, como já tem acontecido, en quelque sorte, depuis 2014, no primeiro governo Modi. Rahul Gandhi, agora aliado à sua irmã, Pryianka, comandará a resistência aos arroubos nacionalistas doestablishment”, que têm raíz na doutrina radicalizante do(une) Hindutva, desenvolvido(une) durante as lutas pela independência do Raj Britânico, e popularizado(une) no início dos anos 20 pelo político e ativista, Vinayak Damodar Savartar.

Este cenário pode ser descrito nas palavras de um líder muçulmano, Abdul Khaliq, Secretário-Geral do partido “Lok Janshakti Party”“I fear for our future as a secular, multicultural country that once celebrated a richness of culture and tradition. Till not long ago we affirmed our common humanity even as we celebrated our differences. Our nation represented diversity, kindness, compassion and a revulsion of extremist views. But, over time, our collective souls have been deadened by violence, deepening communal and caste divides and the most perverse thinking. The cosmopolitan spirit has been throttled by hyper nationalism, populism and a deep distrust. The cosmopolitan spirit has been throttled by hyper nationalism, populism and a deep distrust of the liberal values of tolerance and inclusion. A creeping majoritarianism is spreading across the land”

Por quê?

ô(une) Hindutva tem sido qualificado(une), na sua essência, como um movimento hinduísta exacerbado, que prega o predomínio de uma sociedade hindu homogênea ou, selon certains analystes, de um “absolutismo étnico” apoiado no fato de que, sendo a imensa maioria da população indiana hindu (79,8% selon le recensement de 2011), le niveau de pauvreté a baissé ces dernières années 14,2% de muçulmanos (que constituem, à son tour, a terceira maior população islâmica do planeta), 2,3% de cristãos e de demais minorias étnico-religiosas – sikhs, budistas, jainistas, parsis, judeus, entre outras – incumbe a ela definir os destinos do país.

Este conceito vai em contra a própria Constituição, Quoi, no seu preâmbulo estabelece que a República da Índia é um Estado laico, no qual é assegurada “ LIBERTY of thought, expression, belief, faith and worship” (tal como literalmente ali descrita, em inglês).néanmoins, algumas ocorrências nefastas recentes têm alimentado as preocupações dos que vêm no acirramento da confrontação hinduísmo X islã– a exemplo do que ocorreu recentemente num vilarejo do país, onde operários muçulmanos que estavam se desfazendo da carcaça de uma vaca foram linchados por uma turba enraivecida – um risco para o próprio futuro da “maior democracia do planeta”, como se referem os indianos ao seu país. Permanece, com efeito, vívida na memória da sociedade o período turbulento da Partição, quando as atrocidades cometidas entre muçulmanos e hindus deixaram cicatrizes até hoje expostas: a Caxemira que o diga

Na contraleitura, a Índia vem apresentando um notável desenvolvimento econômico desde que Modi assumiu o poder, dans 2014. Seu PIB revela aumento de mais de 6% ao ano nesta última década; dans 2017, foi a economia que mais cresceu em todo o mundo. No ano passado ela ficou em quarto lugar – suplantada apenas pela Etiópia, Ruanda e Bangladesh (!!!…) – com surpreendentes 7,1% com relação a 2017. Grande parte da sua população tem sido resgatada da miséria, e hoje a classe média é constituída por mais de 350 milhões de indivíduos, C'est, um Brasil e meio, presque… O governo indiano alardeia que “according to several studies, India’s growth rate should stabilise at 8% during the next decades, ranking the country as the world’s fastest-growing economy. Its GDP could overtake that of the US before 2050, turning India into the strongest economy worldwide” E a população aprova entusiasticamente o desempenho do governo, Quoi, En effet, comprovou o resultado das eleições.

Sintomas de um novo tempo e dilemas propostos a uma civilização multimilenar exposta ao progresso globalizante em meio a um atavismo civilizacional de raízes muito profundas?… Complexo, como tudo na Índia, ?…

Fausto Godoy
Docteur en droit international public à Paris. A rejoint la carrière diplomatique en 1976, servi dans les ambassades de Bruxelles, Buenos Aires, New Delhi, Washington, Pékin, Tokyo, Islamabade (où était-il ambassadeur du Brésil, dans 2004). A également effectué des missions de transition au Vietnam et à Taïwan. vivait 15 ans en asie, où il dirigea sa carrière, considérant que le continent serait le plus important du siècle 21 – prédiction que, maintenant, voir de plus en plus près de la réalité.