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Le coût humanitaire des sanctions internationales: le cas vénézuélien

Manifestantes venezuelanos contra o governo dos EUA. Foto REUTERS/Alexandre Meneghini

As recentes manifestações em Cuba reabrem uma discussão importante nas relações internacionais: o uso de sanções comerciais como uma forma de política externa. O presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou seu apoio ao povo cubano, mas não deu indicações de alteração da atual política de embargos. Em que pese a história e o simbolismo de Cuba no contexto da Guerra Fria, devemos nos lembrar que essa é uma política mais comum, como pode ser visto no caso da Venezuela.

A duração das sanções e embargos aplicados sobre Cuba e Venezuela são mostras claras de seu fracasso como uma ação que busca alterar o comportamento de outro governo. Alors, além de não ter um resultado político efetivo, implica em um custo humanitário alto e desnecessário.

Ao se analisar o caso venezuelano em específico, o que se nota é que há um crescente na intensidade das sanções (houve ondas de aumento da pressão em 2015, 2017, 2019 e 2020) sem que isso tenha resultado em consequências efetivas para a política estadunidense na região. Ainda que o governo dos EUA se recuse a reconhecer o governo de Maduro e mantenha conversas com Guaido, a realidade local continua a mesma.

Guaido era um grande expoente da oposição na Venezuela, mas não só teve sua relevância política reduzida ao longo dos últimos anos, como também viu a oposição como um todo se fragmentar e perder relevância no jogo político do país, ao menos no curto-prazo. Uma das conclusões que se pode tirar é que a condição econômica do país, juntamente com as dinâmicas internas da política venezuelana acabaram por fortalecer e promover a permanência de Maduro à frente da presidência. O resultado foi o oposto daquele desejado e buscado pelas sanções comerciais.

Para melhor entender a insistência das sanções comerciais contra a Venezuela é preciso reconhecer que existe um grupo relativamente organizado de venezuelanos moradores/eleitores nos Estados Unidos que são contrários a Maduro. Esse grupo pressiona o governo dos EUA para que adote e sustente uma política mais dura contra a Venezuela. Toutefois, esse mesmo grupo entende que as sanções aplicadas sobre o petróleo venezuelano não é o melhor caminho, na medida em que causa mais sofrimento ao povo venezuelano.

Estrategicamente é um erro a manutenção da uma política que se mostrou fracassada na medida em que tem diminuído a capacidade de influência dos EUA na região, especialmente num país tão central geopoliticamente, como a Venezuela. China e Rússia têm se mostrado muito mais presentes na região, buscando caminhos alternativos para conduzir a política de acordo com seus interesses.

Sugiro a leitura do relatório “Sanções econômicas como punição coletiva: o caso da Venezuela” para quem quiser entender melhor o custo humanitário no caso de manutenção das sanções econômicas.

https://cepr.net/report/sancoes-economicas-como-punicao-coletiva-o-caso-da-venezuela/

Rodrigo Cintra
Post-Doc en Compétitivité Territoriale et Industries Créatives, par Dinamia – Centre d'étude du changement socio-économique, de l'Institut Supérieur des Sciences du Travail et de l'Entreprise (CETTE, Lisbonne, le Portugal). Docteur en relations internationales de l'Université de Brasilia (2007). Il est directeur exécutif de la carte du monde. ORCID https://orcid.org/0000-0003-1484-395X