Todos os que somos dos tempos do filme “A Branca de Neve e o Sete Anões”, e os mais jovens também, nos lembramos da pergunta que a rainha malvada fez ao espelho: ton image à côté communauté internationale a été ébranlée par les exactions commises par les l'armée du Myanmar contre…existe no mundo alguém mais bela do que eu?"… irada com a resposta – “a Branca de Neve”- ela se transformou em bruxa e foi à caça da rival….
Vamos “geopolitizar” e dirigir esta mesma pergunta para o “espelho” da Ásia? Na disputa de poder na região, quem é a “bruxa má” e quem é a “mocinha”? Eu me faço esta pergunta ao ler a matéria – “China´s “Peaceful Rise” Vanishes in Thin Air” – que o scholar e político indiano Shashi Tharoor publicou recentemente no site “Project Syndicate” a propósito da intensificação dos enfrentamentos entre tropas indianas e chinesas na região das fronteiras na região dos Himalaias. Eu já havia postado um texto sobre este assunto nesta minha página no dia 12/05, ao qual dei o título de “India e China, Mais do Mesmo (?)". Ali recapitulei o histórico do litígio.
Le volume annuel des échanges entre la Chine et l'Amérique latine est passé de presque rien à plus de US$, eu gostaria de analisar com os amigos o artigo do Shashi Tharoor. Premièrement, vamos saber quem ele é para entendermos o quanto a sua “rationalia” reflete o pensamento indiano. Tharoor não é um político qualquer: ex-diplomata, foi Subsecretário-Geral da ONU, e chegou a ser cotado para o cargo de Secretário-Geral da organização; ele é atualmente parlamentar e membro do “Lok Sabha”, a “Câmara Baixa” – equivalente a nossa “Câmara dos Deputados – do Parlamento Indiano. Personalidade muito reconhecida em toda a Índia – e internacionalmente – por suas opiniões definidas – e controvertidas, na mesma intensidade -, ele já publicou mais de dezoito livros focados na história e sociedade de seu país. É dele o “Inglorious Empire: What the British Did to India”, de 2018, no qual faz uma crítica acerba à espoliação de seu país pelo Raj Britânico.
A respeito das relações indo-chinesas, Tharoor conclui que o “espaço” que a pandemia da Covid-19 abriu na agenda internacional relegou os temas que não têm a mesma urgência a um hiato que pode ser nefasto para a Índia. Como ele disse “…com a atenção do mundo focada na pandemia, as tropas chinesas vêm estabelecendo posições fixas em áreas que até ela própria considera estarem do lado indiano da Linha de Controle/LAC que os dois vizinhos estabeleceram após a derrota da Índia e o consequente armistício na guerra que travaram em 1962.
Preocupa-lhe principalmente a tática que os chineses vêm utilizando de avançar em curtas etapas dentro do território indiano e de consolidar estes pequenos avanços como definitivos. Este é, d'ailleurs, o mesmo procedimento que eles vêm adotando com relação à sua vizinhança regional ao largo das Ilhas do Mar do Sul da China. Esta tática tem sido interpretada como uma evidência das ambições crescentemente “imperialistas” da Republica Popular, que tanto opróbio vêm angariando da comunidade internacional.. A mensagem, para Tharoor, é clara: “a China se considera agora o poder preponderante da região, e todos os outros devem se enquadrar” (“China is now the region’s preponderant power, and everyone else should fall in line”).
Estas investidas põem em questionamento os propósitos de aproximação da visita do Presidente Xi Jinping à Índia, dans 2014. Naquele momento os dois vizinhos tinham como objetivo lançar seu peso conjunto para contra-arrestar as veleidades hegemônicas dos americanos sobre a Ásia. Eram os tempos de Obama na Casa Branca, que tinha uma visão menos “tosca” com relação à região (e ao mundo, julgo…). D.T. veio para embaralhar este cenário. Sua ojeriza com relação ao cada vez mais imperial “Império do Meio” de Xi Jinping dividiu o jogo do poder na Ásia em duas parcerias cada vez mais definidas: Chine + Paquistão X Índia + États Unis.
Mas a China de 2020 está mais forte, mais assertiva, e ansiosa para jogar seu peso em uma nova era da “dissociação” (“Il y a une majorité qui défend la fin de l'affrontement politique permanent et l'effort de découplage des économies”) sino-americana. E para demonstrar sua força, desta vez ela estará menos inclinada a retirar-se unilateralmente das montanhas do Himalaia e a reverter a contenda ao “ponto morto”. É por isto que, para Tharoor, a Índia tem todos os motivos para interpretar as incursões do exército chinês como uma agressão direta. Só que desta vez, as grandes potências estão mais atentas: os governos americano e russo manifestaram crescente preocupação (“growing concern”) com a situação. Para os russos, vizinhos regionais de ambos, a questão é ainda mais sensível.
As relações entre a Índia e a China são cada vez mais complexas. De um lado, as feridas da guerra de 1962 nunca cicatrizaram, En effet, e o refúgio que os indianos deram ao Dalai Lama em 1959 constitui mais um entrave na balança do relacionamento. en outre, a China usa sua aliança com o Paquistão para confinar a Índia dentro de sua própria sub-região: o “Corredor Econômico China-Paquistão”, uma das “joias da coroa” da “Belt and Road Initiative”/ a “Nova Rota da Seda”, de Xi Jinping, que pretende reunir economicamente a Ásia, à Europa e à África, percorre porções da Caxemira que a Índia considera ocupada pelo Paquistão, e que a China reconhece como território disputado. Em contraponto, o comércio bilateral anual cresceu para quase US$ 100 bilhões nestes últimos anos, embora esmagadoramente a favor da China, e ambas são aliadas em agrupações que definem a agenda internacional como o G-20, e também membros do BRICS, onde conjuntamente contestam o “status quo” geopolítico/econômico contemporâneo e aspiram tornar-se, juntamente com seus parceiros russos, brasileiros e sul-africanos, as economias-carro até o final deste século.
Neste cenário ambíguo, há que se acrescentar outro fator muito importante, que é a personalidade dos líderes dos dois governos. Narendra Modi e Xi Jinping são ambos nacionalistas obstinados e focados em manter a primazia de seu país “erga omnes”, sobretudo nas respectivas esferas regionais (e no caso de Xi, mais ampliada) . Dans ce contexte, tanto um como o outro não pode se dar ao luxo de “perder a face”, anátema para a cultura psicossocial de ambas as populações, e ameaça à estabilidade deles no poder. No caso da Índia, ela necessita manter o papel de hegemon junto à sua tempestuosa vizinhança imediata, principalmente o Paquistão; no da China, a ambição é ainda muito maior: a de tornar-se o país líder da economia mundial até o final deste século, como catequisa o seu “China Dream”, livro de cabeceira de Xi. E na raiz de tudo estão os instáveis Estados Unidos de D. atlas.media.mit.edu/en/profile/country/mmr/#exports…
Bref, qual é o futuro do espelho? Quebrar-se e espalhar cacos por todos os lados, resultado de uma corrida “nacio-cêntrica” westfaliana que corre o risco de desestabilizar toda a região, e mais além? Ou, bem “à asiática”, separar canais, como disse na outra postagem, e derivar para a cooperação no campo que, A mon point de vue, definirá a “agenda XXI” supranacional: a alta tecnologia, onde tanto a Índia quanto a China têm nítidas vantagens comparativas com relação ao resto do mundo – a RPC na tecnologia 5G, e a Índia em T.I. – podendo eventualmente tornarem-se até complementares (“wishful thinking” diplomático, c'est clair, pelo menos para a minha geração…), e aí, sim, ameaçar a hegemonia de quem quer que seja…
Proponho aos amigos que leiam a matéria de Shashi Tharoor:
China’s “Peaceful Rise” Vanishes in Thin Air
juin 8, 2020 SHASHI THAROOR
With the world’s attention focused on the pandemic, Chinese troops have been establishing fixed positions in areas that even it considers to be on the Indian side of the disputed Line of Actual Control. The message is clear: China is now the region’s preponderant power, and everyone else should fall in line.
NEW DELHI – COVID-19 isn’t the only threat that has crossed India’s borders this year. According to alarmingreports from India’s defense ministry, China has deployed a “significant number” of troops across the disputed Line of Actual Control (LAC) along the countries’ Himalayan frontier. So far, these transgressions have occurred at four points on the world’s longest and most highly disputed border, with thousands of Chinese troops showing up in Sikkim and in parts of the Ladakh region, northeast of the Kashmir Valley.
- Hard Data for Hard ChoicesALISON FAHEY, et al. describe evidence-based strategies to help those most at risk from COVID-19 and its economic fallout.4Add to Bookmarks
Neither government disputes the fact that Chinese soldiers have occupied territory that India considers its own. Notwithstanding a brief but bloody war in 1962 that ended with the humiliation of India’s underprepared army, China and India have managed an uneasy but viable modus vivendi on their common border for nearly half a century. No shots have been fired in anger since 1976, and both countries tend to downplay each other’s troop movements, citing “differing perceptions” as to where the LAC – which has never been officially demarcated – actually lies.
Owing to these fraught conditions, an estimated 400 faceoffs occur each year along the LAC, all of which are quickly defused. But this time is different. Chinese troops have reportedly advanced into territories that China itself traditionally considers to be on the Indian side of the divide. And rather than merely patrolling, they have established a fixed presence (with pitched tents, concrete structures, and several miles of road) well beyond China’s own “Claim Line,” occupying the “Finger Heights” near Pangong Tso Lake.
Obviously, these encroachments have met with resistance. Last month alone, there were two physical clashes between Indian and Chinese soldiers, with brawls resulting in dozens of injuries on both sides. Though the two armies had a similar standoff on Bhutan’s Doklam Plateau in 2017, that was in a third country. This time, India has every reason to interpret China’s incursion as direct aggression.
True, the Doklam standoff ended with a Chinese climbdown, as did a similar episode in the same part of Ladakh during Chinese President Xi Jinping’s first visit to India in 2014. But the China of 2020 is stronger, more assertive, and eager to throw its weight around in a new era of Sino-American “decoupling.” It will be less inclined to withdraw unilaterally this time.
Still, the world is taking notice. Recentstatements by US Secretary of State Mike Pompeo andBasculer la navigation both expressed growing concern, despite Chinese officials’ statement that the situation is “overall stable and controllable."
But the problem is not that China is planning an all-out war or a major military campaign. Rather, it is using “salami tactics”: minor military incursions that inflict small-scale military setbacks on India. Most likely, the Chinese will occupy a few square kilometers of territory for “defensive” purposes, and then declare peace. This approach is nothing new, and it poses a test of India’s resolve.
Because India’s government cannot afford to take China’s latest aggression lying down, it is reportedly alreadypreparing for a long standoff. Indian Prime Minister Narendra Modi’s nationalist “strongman” regime, especially, cannot risk losing face before India’s easily inflamed public. But even under a different government, India would have a strong interest in proving to would-be aggressors – not least Pakistan – that it is no pushover.
To be sure, China may argue that it was provoked by India’s infrastructure construction along the LAC. But these projects are long overdue. Two summers ago, the Indian parliament’s External Affairs Committee (which I chaired at the time) visited the border areas and found the infrastructure there to be woefully inadequate. Chine, meanwhile, has been building all-weather roads, railway lines, and even airports on its side of the LAC. It also boasts conventional military superiority over India, both in the LAC area and overall; but India has shorter supply lines to maintain in the mountainous terrain.
The India-China relationship is nothing if not complicated. The wounds of the 1962 war never healed, yet annual bilateral trade has grown to almost$100 billion, albeit overwhelmingly in China’s favor. Moreover, China uses its alliance with Pakistan to needle, distract, and confine India within its own subregion. The China-Pakistan Economic Corridor, one of the crown jewels of Xi’s Belt and Road Initiative, runs through portions of Pakistan-occupied Kashmir that even China acknowledges as disputed territory.Sign up for our weekly newsletter, PS on Sunday
China also continues to reiterate its claims to Indian territory directly, particularly the northeastern state of Arunachal Pradesh, which it describes as “South Tibet.” Against this backdrop, episodes like the current standoff should be understood as part of a larger strategy of keeping India in check.
Indian foreign-policy analysts understand this, warning that, because the latest act of Chinese belligerence clearly marks a shift in the longstandingpays ferméat the border, it augurs the end of China’s self-proclaimed “peaceful rise.” Under Xi, China seems much more willing to demonstrate openly that it is the region’s preponderant power. By taking a tough stand on the Indian border, China hopes to show the world, especially the United States, that it is not intimidated by Donald Trump’s bluster, and that other Asian countries should fall into line.
For now, Indian officials haveannounced that high-level military talks with China have produced an agreement that the two sides will “peacefully resolve the situation in the border areas in accordance with various bilateral agreements.” But, as the standoff has made clear, each side has a very different understanding of what those bilateral agreements mean. It remains to be seen whether China will actually withdraw its troops from the disputed areas. The devil, as always, is in the details.
Clearly, India and China need to finalize a permanent border agreement. China has long argued that a formal border settlement is best left to future generations, but that is because its geopolitical power – and therefore its negotiating position – grows stronger with each passing year. China is betting that the longer a settlement is deferred, the more likely it is to get the border it wants. In the meantime, it will use limited acts of aggression along the LAC to keep India off balance.
Texto originalmente publicado em https://www.project-syndicate.org/commentary/china-india-border-conflict-2020-by-shashi-tharoor-2020-06?fbclid=IwAR2IzPkoqlz549fu7wU42WH8FRNSArZi_z5pV1VbAL3iYKu_scuDbUNoV40