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Jair Messias Bolsonaro e o “agent provocateur”

Jair Bolsonaro – Foto de Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasi

 “Agent provocateur” é o nome que a ciência política dá aquele agitador que infiltrado nas hostes do inimigo, causa prejuízos imensos. Não se sabe de onde ele vem, mas sabe-se que causará acidente mortal para um dos lados. Sim, o presidente já teve um acidente no interior de Minas onde o suspeito é um “agent provocateur”.

Quando da Revolução de 64, o Exército, a Marinha e a Aeronáutica arcaram com o peso todo de suportar a contra revolução vinda de setores da esquerda, inclusive com suas posições armadas e que apelando com violência tentavam desestabilizar os governantes da época -os militares. Assim foi de 64 a 85.

Por essa ocasião, Bolsonaro tomou corajosa e constante posição em defesa de seus colegas de farda. Não hesitando ir a tribuna da Câmara e realizando veemente defesa dos militares, tendo até defendido os mais aguerridos oficiais do período revolucionário, mostrando uma coragem imensa, pondo em risco sua própria vida, embora Já não estivéssemos no período revolucionário propriamente dito, mas tem ousado Bolsonaro cutucar a onça com vara curta.

Depois de 7 eleições vitoriosas a Deputado Federal, finalmente, teve uma oportunidade de ouro e candidatou-se a presidente da república, em 2018, tendo a esplendorosa votação de 57 milhões de votos num pleito plebiscitário: direita versus esquerda.

Eleito, tratou de cumprir suas promessas eleitorais, mas esbarrou com o surgimento da forte epidemia do covid -19, e, essa epidemia teve como resultado o aflorar dos interesses consolidados de classes até então dormentes, mas dominantes: o alto funcionalismo e as forças do congresso. Não conseguiu, pois, atender Bolsonaro os objetivos mais básicos de suas promessas eleitorais.

Mas se a epidemia veio atrapalhar tudo. Os projetos do Bolsonarismo ficaram feridos de morte, e consumiram inteiramente a soma de recursos que Paulo Guedes havia reservado para o Desenvolvimento.

Bolsonaro tem, ainda, várias cartas na manga: o Exército, a Marinha, a Aeronáutica são elas que fornecerão os profissionais que irão tocar o governo e dessa maneira o apoio firme das Forças Armadas tem se mostrado fiel a um amigo fiel. Bolsonaro vai substituindo aqueles que não correspondem a seus projetos por militares alguns da ativa outros da reserva.

Mas, agora ,o clima está ainda mais pesado e esquerda e direita estão novamente em disputa dificultando a ação do Bolsonaro ,e eis que surge o “Centrão, força sem conotação ideológica mas de peso eleitoral massivo que pesa em benefício de quem oferece mais vantagens Assim. toda filosofia do Bolsonaro , aquela que ele garantiu ser a base mais pura de sua ação política foi para o ralo da história. E ainda desta forma será que sua maioria parlamentar está assegurada?

Mas voltemos ao “agente provocateur segundo corrente definição da wikipedia ”, trata-se de pessoa que se infiltra em grupos com o objetivo de diminuir sua credibilidade incentivando membros a cometerem atos radicais em nome do grupo”.

Em momentos do seu agitado dia, Bolsonaro cria acidentes mostrando pouco apreço ao sistema, e criando embates com todos Bolsonaro tem se portado, ele mesmo , como um grande provocador e em todos os entreveros com as maiores autoridades do país deixa o país em polvorosa.

Mas o destino de Bolsonaro , dele mesmo ,ainda é incerto. Não falo dos futuros resultados das urnas uma vez que ele almeja se candidatar à reeleição. Falo do” agent provocateur” que ele também encarna e outros de seus amigos também encarnam.

Finalmente, todos perguntam: aonde vai dar isso com tanta provocação no ar?

Roberto Ferrari de Ulhôa Cintra
In memoriam. Roberto Ferrari de Ulhôa Cintra é bacharel em direito pela USP (Universidade de São Paulo). Doutor em Direito pela USP, em 2005, autor da Tese A Pirâmide da Solução dos Conflitos: uma contribuição da Sociedade Civil para a Reforma do Judiciário. Tem curso de especialização na Harvard University e na New York University. Possui Curso de Administração de Instituições Financeiras pelo IBMEC-Rio e Curso de especialização de Mercado de Capitais pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo - FGV. Estuda e pesquisa o Direito e a Justiça "sustentáveis", a que chama de “Direito Verde” e de “Justiça Verde”, para aplicação num futuro imediato. Sua ótica do Direito tem ênfase na Teoria Geral do Estado; sua ótica da Justiça preocupa-se com a Pacificação: Conciliação, Mediação, Negociação e Arbitragem. Seu livro A Pirâmide da Solução dos Conflitos foi editado pelo Senado Federal (2008). Tem perto de 40 artigos publicados no Jornal O Estado de São Paulo, no Boletim “Conjur”.