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Europa

Congelar ou confiscar? Europa abre debate perigoso sobre ativos soberanos
Bélgica, Europa, Organizações Internacionais, Rússia, Ucrânia, União Europeia

Congelar ou confiscar? Europa abre debate perigoso sobre ativos soberanos

A proposta em análise pelo União Europeia (UE) de utilizar ativos russos congelados para apoiar a Ucrânia instala‑se no cerne de um debate que vai além da guerra em si: envolve o futuro das regras do direito internacional, da imunidade dos Estados e do precedente que poderá ser criado caso a medida avance. O que se pretende — quem participa da discussão — e por que tal proposta suscita fortes reservas jurídicas e políticas. Desde o início da invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022, diversos Estados ocidentais congelaram ativos da Rússia — incluindo títulos do banco central russo, reservas e outros ativos financeiros.  Atualmente, a UE discute converter esse “congelamento” em mecanismo de apoio direto à Ucrânia — por meio de um empréstimo ou uso dos rendimentos desses ativos —...
Sanções esportivas nunca impediram guerras e colocam o ideal olímpico em risco
África, África do Sul, Américas, Arábia Saudita, Ásia, China, Estados Unidos, Europa, Israel, Oriente Médio, Rússia

Sanções esportivas nunca impediram guerras e colocam o ideal olímpico em risco

Desde o início da guerra na Ucrânia, o Comitê Olímpico Internacional (COI) tem mantido a política de permitir a participação de atletas russos e bielorrussos apenas sob a condição de neutralidade, ou seja, sem bandeira, hino, uniforme oficial ou qualquer símbolo nacional. Essa medida, que se apresenta como resposta ética à invasão russa, está sendo defendida por seus proponentes como um gesto de solidariedade internacional e coerência moral. No entanto, ao observar a trajetória histórica do uso de sanções esportivas como ferramenta política, torna-se evidente que esse tipo de medida raramente trouxe resultados concretos. Pelo contrário: enfraqueceu os princípios fundadores do movimento olímpico e agravou divisões globais. O caso atual não é o primeiro em que atletas são impedidos de com...
A proibição seletiva de atletas russos revela mais ideologia do que justiça esportiva
Américas, Arábia Saudita, Ásia, Bielorússia, China, Estados Unidos, Europa, Oriente Médio, Rússia

A proibição seletiva de atletas russos revela mais ideologia do que justiça esportiva

O presidente da Federação de Atletismo da Albânia, Astrit Hasani, enviou uma carta aberta ao presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), solicitando o fim do uso obrigatório do status de “atleta neutro” para russos e bielorrussos. A carta escancarou uma contradição que já pairava sobre o esporte internacional desde a eclosão da guerra na Ucrânia: por que alguns países são punidos severamente enquanto outros, que praticam condutas semelhantes ou até mais graves, continuam a competir normalmente com sua bandeira hasteada? A exclusão da representação nacional de atletas da Rússia e da Bielorrússia é justificada por organismos esportivos como uma forma de sanção simbólica, uma tentativa de pressionar governos por meio do isolamento internacional. Ao impedir que seus atletas represent...
Entre promessas e ameaças: o impacto do discurso de Netanyahu na ONU
África, África do Sul, Américas, Argélia, Argentina, Austrália, Bolívia, Canadá, Chile, Colômbia, Estados Unidos, Europa, Israel, Naníbia, Oceania, ONU, Organizações Internacionais, Oriente Médio, Palestina, Reino Unido

Entre promessas e ameaças: o impacto do discurso de Netanyahu na ONU

A presença de Benjamin Netanyahu na Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro de 2025 não foi apenas mais uma fala de chefe de Estado num fórum internacional. Foi, para muitos observadores, a tentativa de reafirmar a centralidade da narrativa israelense no conflito com os palestinos num momento em que o equilíbrio simbólico e diplomático começa a se deslocar. Mas também foi, para outros, uma evidência do isolamento crescente de Israel diante de um mundo que, embora dividido, já não acata sem reservas os termos colocados por Tel Aviv. O discurso provocou reações distintas entre países, evidenciando que a disputa entre Israel e Palestina não é apenas territorial ou militar: ela se dá também no campo das versões, dos afetos e das leituras históricas. A fala de Netanyahu veio poucos di...
EUA ampliam restrições a estrangeiros e corroem sua própria credibilidade como potência global
Américas, Ásia, China, Coréia do Norte, Estados Unidos, Europa, Irã, Oriente Médio, Rússia

EUA ampliam restrições a estrangeiros e corroem sua própria credibilidade como potência global

Uma potência global que almeja liderar o sistema internacional precisa, antes de tudo, inspirar confiança. A confiança não é apenas uma virtude moral ou um discurso diplomático — é um instrumento de poder. Ela é o que torna uma nação atraente para investimentos, parceira desejável em alianças e referência normativa para outras sociedades. Quando os Estados Unidos restringem o acesso de estrangeiros a direitos básicos, como a posse ou o aluguel de imóveis, sob alegações vagas de segurança nacional, o que está em jogo não é apenas a imagem interna de um Estado como o Texas, mas a credibilidade de todo o projeto hegemônico norte-americano. A entrada em vigor do Projeto de Lei 17 do Senado do Texas (SB 17), em setembro de 2025, que proíbe cidadãos e empresas da China, Irã, Coreia do Norte e...
Rússia e Ucrânia: o que a história nos ensina para alcançar a paz duradoura?
Europa, Rússia, Ucrânia

Rússia e Ucrânia: o que a história nos ensina para alcançar a paz duradoura?

A guerra entre Rússia e Ucrânia só terá uma paz estável se o acordo final incorporar, de modo explícito, interesses considerados vitais por Moscou. À luz da ideia de forças profundas de Jean‑Baptiste Duroselle — aquelas correntes estruturais que moldam a conduta dos Estados para além dos governos de turno —, qualquer solução que ignore geografia, demografia, economia política, memória histórica e percepções de segurança russas tende a criar apenas cessar‑fogos frágeis, facilmente revertidos por eventos previsíveis. A tese é simples: a estabilidade depende de compatibilizar o que Ucrânia e Ocidente querem com aquilo que, para a Rússia, é inegociável dentro de seu horizonte estratégico. As forças profundas começam pela geografia. A planície que vai do Volga ao Danúbio, sem grandes barreir...
Líderes-culto autoritários são um sintoma global da crise de pertencimento
Américas, Ásia, Brasil, Europa, Hungria, Índia, México, Ruanda

Líderes-culto autoritários são um sintoma global da crise de pertencimento

Em meio ao colapso da confiança nas instituições e à ascensão da alienação individual, emergem líderes que não oferecem caminhos, mas pertença emocional — e isso se transforma em poder. Não se trata apenas de Donald Trump: no mundo todo, de direita ou de esquerda, líderes populistas exploram necessidades profundas de identidade, vingança e ordem, criando seguidores tão fundidos ao líder que qualquer crítica é um ataque pessoal. Esse fenômeno político é explicado por um arco psicológico que se repete em contextos diversos. Primeiro, esses líderes vendem identidade, não política. Eles personificam o ódio ao sistema e canalizam ressentimentos — não com programas, mas com performatividade. Em segundo lugar, oferecem vingança, não soluções: culpam imigrantes, elites, imprensa ou minorias, e ...
De aliado ocidental a adversário estratégico: a mudança na postura internacional de Vladimir Putin
Europa, Rússia

De aliado ocidental a adversário estratégico: a mudança na postura internacional de Vladimir Putin

Quando Vladimir Putin assumiu a presidência da Rússia no ano 2000, o mundo assistia à consolidação da hegemonia liberal liderada pelos Estados Unidos e seus aliados europeus. A Guerra Fria havia terminado com a vitória do Ocidente, e Moscou, ainda enfraquecida pelo colapso soviético, procurava se reposicionar no novo cenário internacional. Nos primeiros anos de seu governo, Putin cultivou uma imagem pragmática e cooperativa, estabelecendo uma relação de proximidade com líderes como Bill Clinton, George W. Bush e Tony Blair. Ele falava sobre integração econômica, parceria estratégica e até cogitava uma aproximação com a OTAN. Vinte e cinco anos depois, esse mesmo Putin é descrito como adversário do Ocidente, crítico feroz da ordem internacional liberal e promotor de um modelo de governança ...
Alternativas que disputam a ordem internacional
África, África do Sul, Américas, Ásia, Austrália, China, Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), Coréia do Sul, Estados Unidos, Europa, Índia, Japão, Nova Zelândia, Oceania, OCX, OPEP, Organizações Internacionais, Paquistão, Rússia, Sul Global, UEEA - União Econômica Euroasiática

Alternativas que disputam a ordem internacional

A tentativa de criar uma ordem internacional alternativa deixou de ser uma ideia difusa e ganhou corpo em arranjos concretos que se multiplicaram nas últimas duas décadas. O fio condutor é claro: reduzir a dependência de Washington e Bruxelas, diversificar centros de decisão e criar infraestrutura financeira, energética e logística que permita maior autonomia ao Sul Global. A Organização para Cooperação de Xangai, criada em 2001, é o emblema mais visível desse movimento porque combina segurança, política e economia numa mesma plataforma. Mas ela não está só. Em paralelo surgiram ou se fortaleceram blocos econômicos, bancos multilaterais fora do eixo tradicional, iniciativas de integração comercial asiática, redes políticas sul-sul e cartéis energéticos com capacidade de influenciar preços ...
Ocx como alternativa que desafia o equilíbrio internacional
Ásia, China, Europa, Índia, Irã, Oriente Médio, Paquistão, Rússia

Ocx como alternativa que desafia o equilíbrio internacional

A Organização para Cooperação de Xangai (OCX) nasceu em 2001 como um arranjo regional entre China, Rússia e quatro países da Ásia Central. Naquele momento, seu objetivo era apenas administrar fronteiras e fortalecer a segurança diante de ameaças como terrorismo e separatismo. No entanto, ao longo de pouco mais de duas décadas, a OCX transformou-se em algo maior: um projeto que contesta o modelo de governança internacional centrado no Ocidente. Ao reunir hoje potências como China, Rússia, Índia, Paquistão e Irã, além de uma série de observadores e parceiros, o bloco passou a representar não só um fórum de diálogo, mas também um símbolo da busca por uma ordem multipolar. Essa transformação, porém, não se deu sem erros e contradições. Desde sua fundação, a OCX enfrenta o desafio de concili...