Durante a pandemia do novo coronavírus, que teve seu pico em 2020, a Europa, assim como as outras partes do mundo, sofreu diversos efeitos, entre eles consequências macroeconômicas que continuam repercutindo, mesmo com avanços no combate à Covid-19. De acordo com dados do EuroStat de 2020, o Produto Interno Bruto (PIB) da União Europeia no ano caiu em 6,4% no total, e o da zona do euro em 6,8%. Esse colapso de 2020 supera a derrocada econômica causada pela crise de 2009, considerado o pior ano da crise financeira. Uma das razões que causaram essa queda brusca nos indicadores econômicos foi a restrição de isolamento social e os lockdowns impostos pelos governos europeus, como forma de conter a disseminação do vírus. Dessa forma, o impacto na economia da região trouxe efeitos negativos, junto aos efeitos pandêmicos em si, em diversos aspectos, como o aumento da inflação e do desemprego, que serão mencionados ao longo deste texto, além da recessão econômica, a qual começou a se restabelecer dentre os últimos meses, em 2021, após a segunda onda de contaminação por Covid-19.
Tal pico na contaminação aconteceu no primeiro trimestre deste ano, após o período de inverno europeu, levando o PIB da zona do euro a cair em 0,6% neste período com relação ao último trimestre de 2020, principalmente devido à queda das economias alemã, espanhola e italiana. A queda alemã de 1,7% do PIB do país aconteceu em razão do confinamento, juntamente com um inverno rígido que afetou a área de construção civil e levou a incidentes nas cadeias de suprimento. Além da Alemanha, outras economias da Europa também passaram por retrocessos no mesmo período, o que mostrou a lenta recuperação dos Estados da região.
Entre os membros da UE, a Bélgica se destacou tanto negativamente quanto positivamente. O país surpreendeu ao apresentar um crescimento de 0,6% do seu PIB no primeiro trimestre de 2021, mesmo com duras medidas de contenção da pandemia, assim como aconteceu na França, onde o PIB cresceu 0,4%, sendo considerada uma exceção às recessões da maior parte das economias europeias, ainda que estas demonstraram variadas quedas, como a de 2,7% do PIB dinamarquês.
Um dos setores mais afetados pela pandemia foi o turismo, por conta da imposição de restrições de circulação e trânsito como medida de combate ao vírus, levando a Organização Mundial do Turismo a estimar, em maio de 2020, que o número de turistas internacionais poderia cair entre 60% e 80% no mesmo ano. Isso fez com que a Comissão Europeia introduzisse novas medidas de reabertura gradual de serviços turísticos e apoio às empresas do setor. No mesmo período, iniciou-se uma retomada da economia europeia, que foi detida no fim de 2020 e início de 2021 com novas medidas mais restritivas de proteção contra a Covid-19 para conter o aumento de casos.
Em 2021, a Comissão Europeia previu que a UE cresceria 4,2% no mesmo ano, e a área do euro 4,3% no mesmo período. A previsão foi feita levando em conta o progresso das taxas de vacinação e das diminuições das medidas de combate, além do impulso feito pelo comércio privado em conjunto com investimentos externos devido à crescente procura de exportações europeias. Levando em consideração o desemprego da região, de acordo com o Eurostat, agência de estatística oficial da União Europeia, foi estimado que em média 15,380 milhões de homens e mulheres dentro do bloco estavam desempregados em abril de 2021 e, ao comparar esse número com abril do ano anterior, foi possível observar um aumento de 1,406 milhões de pessoas desempregadas. No que diz respeito à inflação, na zona do euro ela subiu de 0,3% em abril de 2020 para 1,6% em abril de 2021, e na UE, os valores foram de 0,7% para 2% nos mesmos períodos. Os países que apresentaram menores índices inflacionários no bloco foram Grécia, Portugal e Malta.
A recuperação da economia da zona do euro começou a acelerar em meados de 2021, com um aumento no número de anúncios de empregos, no número de viagens de lazer e de reservas de férias, fazendo com que indicadores mostrem uma tendência de que a região se recuperará fortemente, apesar das restrições e medidas de contenção do vírus. Angel Talavera, da consultoria da Oxford Economics, disse: “A recuperação já começou na zona do euro, com base em vários indicadores de alta frequência”.
O setor do turismo europeu, mencionado anteriormente, também apresenta sinais de recuperação, com maior circulação de pessoas entre os países europeus, confirmados por sites como Airbnb e Vrbo, que registraram alta nas reservas em comparação com o mesmo período em 2020. Além disso, segundo foi colocado pela empresa SimilarWeb, as visitas aos principais sites de turismo aumentaram.
Para mais, o rastreador econômico semanal da OCDE divulgou aumentos na economia de vários países da zona do euro, e somando a isso, a manufatura que tem suportado a região nesse último ano continua forte, superando ainda sua situação anterior à pandemia. Além disso, uma pesquisa feita com os CEOs de 60 empresas europeias apontou que eles se mostraram confiantes em relação ao futuro econômico e industrial da Europa.
Por fim, a Comissão Europeia se diz engajada e em contato direto com as autoridades nacionais dos países-membros, mas se mostra consciente da crise econômica pela qual passou e segue passando, acompanhando a situação com o propósito de avaliar os impactos no comércio, principalmente. Como foi colocado no site oficial, a primeira prioridade do bloco é a saúde dos cidadãos, mesmo assim “os executivos-chefes e presidentes europeus veem a luz no fim do túnel”, como foi dito por Martin Brudermüller, presidente da comissão de competitividade da Mesa Redonda Europeia e da BASF.
Por Luiza Minuci e Patrizia Setton
Referências:
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