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Kosovo: origens e relação com a atualidade

O presente artigo visa analisar a trajetória histórica de Kosovo e seus conflitos cíclicos e como estes influem atualmente nas relações diplomáticas das nações. O foco da pesquisa é verificar os motivos antecedentes que impulsionaram e compreender como ainda reverberam atualmente. A abordagem utilizada neste estudo é qualitativa e envolve uma análise histórica que seja basilar para a revisão de notícias contemporâneas, pois essa aflição entre culturas voltou a estar nos olhos da mídia e do sistema internacional. O estudo investiga o papel de Kosovo desde a Primeira Guerra Mundial, e a seleção desse tema é justificada devido ao aumento considerável de conflitos em Kosovo e sua perpetuação midiática, além de objetivar o entendimento dessas questões de maneira prática e que a compreensão e a ligação entre o passado e presente seja feita, aumentando o conhecimento dos leitores sobre esse assunto.

Desde antes da Primeira Guerra Mundial, um território da península Bálcãs, sofria de diversas tentativas de controle por parte das potências daquela época, principalmente por ser uma área de confluência entre sérvios e albaneses, gerando disputas que remontam séculos, e por isso, aquela terra se tornou uma região politicamente instável e sempre fértil para um próximo conflito. Nesse sentido, a colonização daquele território ocorria de tempos em tempos, por vezes pela Sérvia e por outras pela Albânia, isso causou uma grande pluralidade étnica e cultural, trazendo uma polarização enraizada em uma população que vivia junta e afetando seu modo de vida.

Fundada em 1929 após a queda dos impérios Otomano e Austro-Húngaro,  Iugoslávia era o nome do país que governava esse território. A nação durou setenta anos e foi desintegrada na década de 90, mediante a explosão de tensões culturais, étnicas e religiosas após a morte do Presidente Josip Broz Tito. Logo depois, nasce Kosovo, que antes era considerada uma unidade administrativa, depois uma região autônoma e posteriormente (em 1968) elevada a uma província autônoma.

Entretanto, Kosovo sempre foi uma nação com conflitos que visavam o nacionalismo 

e ,para tal,  devemos compreender o que ocorreu na década de 1940. Nessa perspectiva, durante a Segunda Guerra Mundial, o território foi anexado à Albânia, que na época era dominada pela Itália. Mas após a derrota do eixo, foi reintegrado à Iugoslávia sob o regime cominusta de Josip Broz Tito.

Contudo, a partir de 1980, o já delicado equilíbrio passou a se desfazer devido ao aumento das tensões étnicas. De modo que a tensão entre a maioria albanesa e a minoria sérvia só crescia. Até que entre 1988 e 1990, mediante intensos conflitos entre estes grupos, a população de origem albanesa que ali vivia chegou a ser expulsa e discriminada pelo próprio presidente da sérvia (Slobodan Milosevic), além sofrerem ocupações militares onde viviam, mesmo que a maioria da população fosse da Albânia. Por outro lado, em 1992, houve um referendo em que o povo albanês de Kosovo proclamou sua independência da Sérvia de forma unilateral, ou seja, não foi reconhecido por Belgrado e nem por potências ocidentais.

Os conflitos foram tão marcantes, que em 1998, a comunidade internacional teve que interferir. Neste ano, um movimento de resistência pacifista albanesa foi fundado para consolidar um Estado paralelo. Porém, no ano seguinte, o Exército de Libertação de Kosovo (UCK) abandonou o lado harmônico e as estratégias de paz que desde então os albaneses estavam usando. Com isso, uma guerra civil eclodiu; por um lado o UCK promovia atentados contra as tropas de segurança sérvias e por outro o exército da Sérvia atacou civis albaneses. Logo, as respostas a esses delitos levaram à condenação dos atos praticados, que foram julgados pela comunidade internacional.

Após o fim do conflito, Kosovo foi colocado sob administração internacional, com a pendência de resolução sobre seu status por quase uma década inteira. Somente se tornaria um assunto urgente novamente em 2008, quando o parlamento de Kosovo declarou unilateralmente sua independência da Sérvia, trazendo à tona o assunto novamente e dividindo a opinião global. Os Estados Unidos e países da União Europeia reconheceram a independência, mas Rússia e China não, afirmando que Kosovo violou o direito internacional da integridade territorial.

As eleições locais de 2023 que ocorreram em Kosovo demonstram as intrigas atuais e como o contexto histórico fragmentado do país se sobressai perante a política da nação. Nessa perspectiva, as eleições que ocorreram no norte do Kosovo, em Abril de 2023, tornou-se inválida, pois a maioria étnica sérvia que habitava na região boicotou as eleições do país, tendo menos de 3,5% de  comparecimento. Mesmo com pouca adesão, a discussão permitiu que candidatos de origem albanesa assumissem o controle de quatro municípios: Zvecan, Zubin Potok, Leposavic e Mitrovica.

Entretanto, o mandato desses prefeitos foi considerado ilegítimo pela minoria sérvia, o que ocasionou protestos violentos. Sob essa visão, com receio de evitar conflitos futuros, os líderes da Sérvia e Kosovo foram convidados para uma discussão, na qual o chefe da política externa da União Europeia pediu que os mandatários encontrassem uma forma de diminuir os conflitos diante ao diálogo.  Nesta conferência, os dois partidos se provocaram, comentando que o erro era do outro. Para amenizar as intrigas, Macron ressaltou a importância de refazer as eleições para que, assim, se tornem justas.

Os protestos dos servos fortificaram-se tanto na cidade de Zvecan que manifestantes travaram embates com jornalistas e autoridades da OTAN (Organização do Atlântico Norte) que estavam escoltando os prefeitos albaneses, chegando até a incendiar os carros destes. O tumulto proporcionou ataques de gás lacrimogêneo pela polícia local em uma tentativa de dispersar os protestantes. O embate resultou em mais de 60 feridos em ambos os lados. Em resposta a isso, a OTAN comentou que enviaria 700 soldados para atender as demandas da minoria sérvia.

O debate de interesses bipartidário entre as autoridade do Kosovo e UE/EUA demonstram que Kosovo está tentando reiterar seu Estado de direito, enquanto a UE e os EUA penalizam o “acesso forçado aos edifícios municipais” e requisitaram às autoridades que  imponham penas sob a nação.

Recentemente, diversos acontecimentos marcaram o aumento dos conflitos entre sérvios e kosovares, como por exemplo: Kosovo declarou em Novembro que os sérvios deveriam acatar as novas placas de carro emitido por Pristina, e que, se não aderissem, seriam multados. Além disso, no âmbito tecnológico, o aumento da desinformação impulsionou a violência já presenciada, criando, assim, uma atmosfera de conflitos cíclicos.

Portanto, os conflitos no Kosovo não são recentes, e sua trajetória histórica é um determinante para isso, pois também não são eventos isolados do mundo. É possível confirmar com esse artigo que as tensões no Kosovo estão longe de terminar. Diante disso, as recentes eleições e toda a influência que o país sofre por parte de atores internacionais revela a importância da diplomacia. A nova nação requer novas medidas diplomáticas para que haja harmonia interna e externa, a fim de superar preconceitos formados por sua longa história. Com a intenção certa de construir uma nação, a paz pode ser encontrada, mesmo que esteja  diante de um contexto global complexo.

ANEXO I:

ANEXO II:

Referências Bibliográficas:

CARDONI, Pedro. (O que está acontecendo no Kosovo e por que a Europa está preocupada?).(2023).Disponívelem:(https://veja.abril.com.br/mundo/o-que-esta-acontecendo-no-kosovo-e-por-que-a-europa-esta-preocupada). Acesso em (30 de set de 2024).

(Key findings of the 2023 Report on Kosovo). (2023). Disponível em: (https://ec.europa.eu/commission/presscorner/detail/en/qanda_23_5614). Acesso em (30 de set de 2024).

MENDES, Fábio. (Sérvios atacam jornalistas albaneses no Kosovo).(2023). Disponível em:(https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/servios-atacam-jornalistas-albaneses-no-kosovo/). Acesso em (2 de out de 2024).

https://www.idea.int/democracytracker/report/kosovo/may-2023

(Tensions escalate in Serb-dominated northern part of the country). (2023). Disponível em: (https://www.idea.int/democracytracker/report/kosovo/may-2023). Acesso em (1 de out de 2024).

CANDELORI, Roberto. (Fim da Iugoslávia-Surgido em 1929, país deixa de existir).Disponívelem:https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/fim-da-iugoslavia-surgido-em-1929-pais-deixa-de-existir.htm). Acesso em (1 de out de 2024).

OTERO, Eduardo. A origem dos nomes dos países. São Paulo: Editora Panda Books, 2006

NAKABAYASHI,Tatiana.(A guerra de Kosovo).Disponívelem: (https://monografias.brasilescola.uol.com.br/historia/a-guerra-kosovo.htm). (ANO). Acesso em (1 de out de 2024).

Artigo elaborado por Isabella Amaral Penteado Cardoson e Natália Trevizan Palma

Núcleo de Estudos e Negócios Europeus

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