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O povo judeu e suas placas tectônicas

Faixa de Gaza, Israel

“ Essa gente está envolvida ativamente, individualmente, na
história universal. Não entendo como podem aguentar isso.”
Saul Bellow (1915- 2005 )
“Jerusalém Ida e volta”

Desde o começo da era cristã, e mesmo antes, os líderes do povo judeu buscam unir território e povo no mesmo lugar geográfico e há décadas encontraram o tão sonhado território, mas foi numa das regiões mais explosivas da terra—a Palestina.

Desde a criação do Estado de Israel em 1948, um grande e infindável conflito grassa no Oriente Médio provocando desconforto, insegurança e guerra no local e no mundo.

Busquei na geologia a imagem de que preciso: nada mais é o conflito árabe-israelense que o resultado da fricção entre as bordas de duas placas tectônicas políticas- a placa do oriente e a placa do ocidente. O epicentro da “falha“  é a cidade de Jerusalém, que é exatamente o local mais atingido pelo atrito. Mas, de quando em quando, como agora a ação do epicentro provoca efeitos catastrófico na bordas, é o fenômeno a que eu chamo “tsunami político”: episódios que ocorreram  recentemente em vários lugares do globo como em  Londres, Barcelona ,Bruxelas, Paris. Isso tudo é o fruto explosivo do estado islâmico a denunciar que há fricção contínua no centro  (no epicentro ) e que as placas estão rangendo mais do que nunca. Será que o mundo suportará ?

Pensamos que o conflito Israel-Palestina avançará pelos séculos dos séculos, enquanto a geografia for imperfeita e os deuses tripartites.

Tentativas num passado recente procuraram esse sonhado território. Muitos poderiam ser citados , mas o mais relevante foi o trabalho do Barão Maurício Hirsch, um magnífico empreendedor que foi chamado o “Barão da Tzedacá ”e deixou ele marcas indeléveis na história do povo judeu tendo investido seus poderosos recursos em vários lugares do mundo e mesmo aqui na América investiu na Argentina, no Brasil, no Canadá e no México.

Hirsh tinha uma iluminada vocação de empreendedor social e para isto constituiu a empresa Jewish   Colonization   Association. Cabe aqui uma digressão para melhor entendermos a ação dos patriarcas judeus. A palavra chave é Tzedaka.

Tzedaka , Tsedaca, ou mesmo Zedacá é o mandamento judaico traduzido muitas vezes erroneamente por “caridade “, sendo a tradução mais precisa “ justiça social”.

Tenho a impressão que a busca de um lugar seguro para abrigar o povo de Israel ainda continua .Não achou– o homem- a humanidade- um lugar ameno para o povo de Israel. É disso do que trato aqui.

Permitam-me confessar que venho estudando como  viver num mundo mais pacífico e humano buscando a minha particular” Zedacá “. O primeiro motivo é exatamente o respeito que devoto  ao  mundo do direito que acredito deva se sobrepor ao mundo da guerra. Sou Doutor em Direito pela Faculdade de Direito da USP e descendo de uma família de juristas. Pai advogado e avô juiz , bisavô Governador do Estado. Dirijo o” Think Tank Pensar e Agir” que seguindo o que preconiza Herman Kahn, fundador do Hudson Institute busca ser um criativo Think Tank  na  arte de pensar o impensável”.

Na minha pesquisa por um lugar pacífico para os judeus viverem, para os homens viverem para minhas netas viverem, para os árabes viverem , por consequência,  deparei-me com a América do Sul e cá , com a Guiana Francesa. Venho estudando este país desde que notei as explosões -os ”tsunamis” se aproximarem cada vez mais do Brasil uma vez que as poderosas armas entram mais e mais pelas nossas frágeis fronteiras- é um sinal que a grande  “tsunami” vem ai.

Vamos a um texto hiper simplificado sobre a Guiana Francesa:é o menos povoado território das Américas, situado ligeiramente ao norte da linha do equador. Com clima quente e chuvoso somente a região costeira de terras baixas e aluviais é cultivada com banana cacau, arroz, milho e cana de açúcar. O relevo montanhoso do interior é coberto por florestas tropicais e há importantes jazidas de bauxita e de ouro( já foi considerada o Eldorado , por aventureiros ).

A população é de cerca de 250.000 almas sendo a sua maioria descendente da mestiçagem de escravos africanos com europeus. Há minorias chinesas, indianas e francesas. A religião praticada é majoritariamente católica. É um departamento ultramarino da França. Sua extensão territorial é de 89.150 km2.

Todas as soluções para o conflito do Oriente Médio já foram estudadas nesses 80 anos de vida do Estado de Israel cabe agora a ousadia extrema e o tsedacá supremo. Os barões serão convocados

“Não basta saber, é preciso aplicar. Não basta
querer, é preciso também agir”
Goethe

Roberto Ferrari de Ulhôa Cintra
In memoriam. Roberto Ferrari de Ulhôa Cintra é bacharel em direito pela USP (Universidade de São Paulo). Doutor em Direito pela USP, em 2005, autor da Tese A Pirâmide da Solução dos Conflitos: uma contribuição da Sociedade Civil para a Reforma do Judiciário. Tem curso de especialização na Harvard University e na New York University. Possui Curso de Administração de Instituições Financeiras pelo IBMEC-Rio e Curso de especialização de Mercado de Capitais pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo - FGV. Estuda e pesquisa o Direito e a Justiça "sustentáveis", a que chama de “Direito Verde” e de “Justiça Verde”, para aplicação num futuro imediato. Sua ótica do Direito tem ênfase na Teoria Geral do Estado; sua ótica da Justiça preocupa-se com a Pacificação: Conciliação, Mediação, Negociação e Arbitragem. Seu livro A Pirâmide da Solução dos Conflitos foi editado pelo Senado Federal (2008). Tem perto de 40 artigos publicados no Jornal O Estado de São Paulo, no Boletim “Conjur”.