ISSN 2674-8053

Eid Al-Fitr/Eid Mubarak

Hoje (24/05/2020) os nossos irmãos muçulmanos celebram no mundo inteiro o fim do período de jejum do mês sagrado do Ramadã, que rememora o início da transmissão das mensagens de Allah ao Profeta Maomé pelo Anjo Gabriel nas cavernas do Monte Hira, nos arredores de Meca. Eles creem que o Alcorão foi revelado oralmente ao longo do período de 23 anos. Isto teve início no dia 22 de dezembro de 609 EC, quando o Profeta tinha 40 anos, e terminou em 632, ano de sua morte. O Ramadã é a época do ano mais sagrada para os muçulmanos.

Durante este período, que dura cerca de 29 ou 30 dias, dependendo do calendário lunar – que é o seguido por eles -, os fieis não podem se alimentar e nem ingerir líquidos do nascer até o pôr do sol. Mas isto não significa apenas não comer ou beber; juntamente com o jejum eles fazem um “balanço” da sua vida e de seus hábitos, a fim de elevar a sua espiritualidade e merecer as graças divinas.

Assim como no Ramadã, as celebrações do Eid al-Fitr têm início quando se avista a primeira lua crescente. Desta vez, perscrutado o céu pelas autoridades religiosas, ficou definido que foi hoje, 23 de maio, que ocorreu neste ano a mudança da lua. É este, portanto, o momento em que se encerra o período de jejum e tem início o festival do Eid al-Fitr (árabe: عيد الفطر). Este se divide em duas etapas: primeiramente a oração, seguida das celebrações. Este ritual, obrigatório para todos os fiéis, é uma forma de os muçulmanos agradecerem a Allah por ter-lhes permitido concluir mais um Ramadã, ou seja, mais um ano na fé.

Para participar da oração, o muçulmano que tiver condições, deverá doar até o fim do período uma quantidade estipulada de comida para as pessoas necessitadas. O cálculo é feito da seguinte forma: multiplica-se a quantidade de 2,3 kg de alimentos pela quantidade de membros da família; o resultado é o peso, em quilos, que a doação deverá ter. Esse tipo de caridade é chamada de “zakat al-fitr”, e é obrigatória para todos que conseguem seu autossustento.

Seguindo estas orientações, os muçulmanos costumam trajar suas melhores roupas, participam de banquetes com familiares e entes queridos, e trocam presentes. Em cada país, o festival assume características próprias, segundo suas tradições. Em alguns locais a festa chega a durar até três dias. Infelizmente, devido à pandemia da Covid-19, as celebrações públicas estão suspensas este ano,

Segundo a tradição, o primeiro “Eid al-Fitr” foi celebrado em 624 pelo profeta Maomé e seus amigos, em regozijo pela vitória na Batalha de Badr, que foi fundamental para a vitória dos muçulmanos sobre os oponentes animistas do clã dos coraixitas, de Meca. Esta batalha foi registrada pela História islâmica como uma vitória decisiva do Profeta,devido à intervenção divina (ou, segundo as fontes seculares, ao seu gênio estratégico).

Feliz Eid al-Ftr a todos!

Fausto Godoy
Doutor em Direito Internacional Público em Paris. Ingressou na carreira diplomática em 1976, serviu nas embaixadas de Bruxelas, Buenos Aires, Nova Déli, Washington, Pequim, Tóquio, Islamabade (onde foi Embaixador do Brasil, em 2004). Também cumpriu missões transitórias no Vietnã e Taiwan. Viveu 15 anos na Ásia, para onde orientou sua carreira por considerar que o continente seria o mais importante do século 21 – previsão que, agora, vê cada vez mais perto da realidade.