ISSN 2674-8053

Os Efeitos do Brexit sobre as Indústrias Automotivas no Reino Unido

Autores: Ivan Andrade e Maria Thereza Gordinho

Quatro anos após o referendum do Brexit, a saída do Reino Unido (RU) da União Europeia (EU) foi oficializada no início de 2020. Abriu-se, então, a fase de negociação do status das relações entre os atores pós Brexit, com prazo para conclusão fixado em um ano. Janeiro de 2021 se aproxima, porem, a possibilidade de um acordo permanece distante, principalmente em função da resistência britânica em fazer as concessões que havia previamente se comprometido a realizar. Num cenário pessimista, o setor industrial automotivo é um dos mais preocupados com a situação.

Caso um acordo não seja estabelecido, as indústrias automotivas do RU e da UE sofrerão abalos tanto na fabricação quanto no comércio, tendo em vista os possíveis aumentos tarifários sobre os veículos e peças de reposição, além dos atrasos nos processos de liberação dos bens nas fronteiras e nos portos. Ademais, sem estabelecer novos termos para as relações comerciais com o mercado europeu, o Reino Unido estará sujeito às regras da OMC, e poderão ser impostas tarifas de até 10% sobre os veículos finalizados e de 4,5% sobre os componentes, sem possibilidade de redução. Uma das poucas alternativas que restarão às empresas seria o corte dos custos, mas a capacidade do setor em fazê-lo é limitada, uma vez que já enfrenta forte competitividade e pressão por inovação.

Considerando que o Reino Unido continuará a importar peças dos seus automóveis de fornecedores da UE, os carros britânicos também terão um aumento no preço. Agravando a situação, convém destacar que 80% da produção inglesa é exportada e, 50% deste volume tem como destino países da UE. Há, portanto, o risco real da perda das fábricas para territórios da União Europeia, o que além de gerar um déficit na economia, implicaria no aumento do desemprego e na diminuição do poder de compra dos britânicos nesse setor.

Portanto, a depender do acordo, o Brexit poderá ser extremamente negativo para as indústrias automobilísticas no Reino Unido, colocando em risco a competitividade do mercado local, pois poderá tornar os custos de produção desfavoráveis, gerando paradas na fabricação demissão de trabalhadores e reavaliação de investimentos de longo prazo neste país que é um dos mais importantes no que diz respeito à produção de automóveis da Europa.

Referências Bibliográficas:

AFP. “Indústria automotiva europeia alerta para danos de Brexit sem acordo”, Estado de Minas, 23 de setembro de 2019. Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2019/09/23/interna_internacional,1087322/industria-automotiva-europeia-alerta-para-danos-de-brexit-sem-acordo.shtml. Acessado em: 14 de setembro de 2020.

UOL. “O que muda para as marcas britânicas de carros após Brexit entrar em vigor”, UOL, 01 de fevereiro de 2020. Disponível em: https://www.uol.com.br/carros/noticias/redacao/2020/02/01/o-que-muda-para-as-marcas-britanicas-de-carros-apos-brexit-entrar-em-vigor.htm. Acessado em: 14 de setembro de 2020.

UOL. “Brexit e indústria de automóveis, nem com bola de cristal”, UOL, 07 de fevereiro de 2020. Disponível em: https://bestcars.uol.com.br/bc/informe-se/colunas/carro-micro-macro/brexit-e-industria-de-automoveis-nem-com-bola-de-cristal/ . Acessando 19 de setembro de 2020

Observador. “Carros vão ficar 1675€ mais caros em Inglaterra”, Observador, 23 de maio de 2020. Disponível em: https://observador.pt/2020/05/23/carros-vao-ficar-1675e-mais-caros-em-inglaterra/ . Acessado em 19 de setembro de 2020.

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