Autores: Beatriz Canazzo Santáguita e Pedro Henrique Gonçalves
A França é o país que possui a maior população muçulmanos dentre os países da União Europeia (UE), tendo atualmente 5 milhões de muçulmanos, o que representa 7% da população francesa. Porém, mesmo com essa considerável parcela de habitantes, a relação entre a França a população islâmica vem se deteriorando devido à ascensão do separatismo islâmico, um islamismo radical que ignora as leis da república e promove a violência. Em resposta a esse movimento, em outubro de 2020, o Presidente, Emmanuel Macron prometeu em seu discurso lutar contra esse fanatismo, a princípio, aumentando a vigilância sobre as pessoas que praticam a doutrinação de qualquer religião dentro das escolas, visto o conceito de laïcité, que seria a separação do Estado da religião e a liberdade religiosa, previsto na legislação francesa. Macron ainda reconhece que foi um erro do Estado deixar esse extremismo acontecer.
Dentre os acontecimentos que são possíveis propulsores dessa revolta da população, a proibição de vestimentas que cobrem o rosto, no ano de 2010, no caso do islã o Niqab e a burca, acessórios que estão presentes nos dogmas da religião e usados especificamente por mulheres, pode ter sido um dos fatores de influência. A Organização das Nações Unidas (ONU) se pronunciou contra a medida tomada, dizendo que a ação infringe os direitos humanos, e criticou o país por não justificar adequadamente essa atitude.
Em resposta a essas atitudes que vão contra a religião, no ano de 2015 ocorreram alguns atentados terroristas, como o massacre de Charlie Hebdo, que tinha como principal alvo a sede do jornal satírico francês que publicava charges do islã, principalmente de Maomé, ocasionando na morte de 12 pessoas. No mesmo ano, na noite do dia 13 de novembro, ocorreram ataques em massa durante a noite como restaurantes e casas de shows, uma delas o Bataclã, assassinando ao menos 120 pessoas.
Se tratando de um contexto mais recente, no mês de outubro de 2020, ocorreu a morte de um professor, Samuel Paty, após mostrar caricaturas de Maomé em aula sobre liberdade de expressão, resultando numa onda de protestos na França criticando o totalitarismo. Em suma, todos esses ataques causam uma instabilidade política, além de mostrar uma intolerância por ambas as partes, cabe ressaltar também a falta de controle por parte do governo em relação a esses grupos extremistas, além da insatisfação dos mesmos devido a atitudes nas quais são contrárias à sua religião.
Referências Bibliográficas
CORREIO BRAZILIENSE. Presidente da França convoca o país a combater ‘separatismo islamista’. Disponível em <https://www.correiobraziliense.com.br/mundo/2020/10/4879519-presidente-da-franca-convoca-o-pais-a-combater-separatismo-islamista.html>.Acesso em 9 nov. 2020.
ELPAIS. Milhares saem às ruas na França em homenagem a professor decapitado por terrorista islâmico. Disponível em <https://brasil.elpais.com/internacional/2020-10-18/milhares-saem-as-ruas-na-franca-em-homenagem-a-professor-decapitado-por-terrorista-islamico.html>. Acesso em 9 nov. 2020.
FOLHA GOSPEL. Presidente da França diz que“Islã é uma religião em crise”. Disponível em <https://folhagospel.com/presidente-da-franca-diz-que-isla-e-uma-religiao-em-crise/>. Acesso em 9 nov. 2020.
G1 GLOBO. Polícia francesa faz operação contra movimentos islâmicos após professor ser decapitado. Disponível em < https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/10/19/professor-decapitado-na-franca-foi-vitima-de-sentenca-de-morte-islamica-diz-ministro-do-interior.ghtml>. Acesso em 9 nov. 2020.