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Cazaquistão: uma jornada histórica e seu status contemporâneo

O Cazaquistão, localizado na Ásia Central, é o nono maior país do mundo em extensão territorial, mas sua história e cultura são frequentemente desconhecidas para muitos. Este artigo apresenta uma visão abrangente sobre a rica história do Cazaquistão e seu status atual, proporcionando uma introdução esclarecedora para quem deseja conhecer mais sobre esta fascinante nação.

A história do Cazaquistão é marcada por sua vasta estepe e pela vida nômade de seus habitantes. Durante milênios, a região foi habitada por diversos povos nômades que se dedicavam principalmente à criação de gado. Entre os primeiros povos a se estabelecer na região estavam os citas, seguidos pelos hunos e pelos turcos, que estabeleceram diversos khanatos e impérios ao longo dos séculos.

No século XIII, o território cazaque foi invadido por Genghis Khan e seus mongóis, que integraram a região ao vasto Império Mongol. Após a fragmentação deste império, o Cazaquistão passou a ser dominado por diferentes canatos turcomanos, incluindo o Canato Cazaque, que surgiu no século XV e se consolidou como uma poderosa entidade política na região. Os cazaques são descendentes diretos destes canatos e preservaram muitas de suas tradições nômades até a modernidade.

A partir do século XVIII, o Império Russo começou a expandir seu controle sobre a Ásia Central, incluindo o território cazaque. A incorporação ao Império Russo e, posteriormente, à União Soviética, trouxe profundas mudanças sociais e econômicas. Durante o período soviético, o Cazaquistão foi alvo de políticas de coletivização forçada, que devastaram a economia nômade tradicional e causaram grande sofrimento, incluindo a fome dos anos 1930.

Além disso, o Cazaquistão foi um dos principais locais para os projetos soviéticos de industrialização e experimentos nucleares, como os realizados no Polígono de Testes de Semipalatinsk. Estes testes tiveram consequências ambientais e de saúde duradouras para a população local. Apesar das adversidades, o Cazaquistão também se beneficiou de investimentos em infraestrutura e educação, resultando em uma população relativamente bem-educada e urbanizada.

Em 1991, com o colapso da União Soviética, o Cazaquistão declarou sua independência. Desde então, o país tem sido governado principalmente por Nursultan Nazarbayev, que ocupou a presidência de 1991 até sua renúncia em 2019, embora mantenha uma influência significativa no governo. O atual presidente, Kassym-Jomart Tokayev, continua muitas das políticas de seu antecessor.

Economicamente, o Cazaquistão é rico em recursos naturais, incluindo petróleo, gás natural e minerais. Este fato tem impulsionado um crescimento econômico significativo desde a independência, tornando o país uma das economias mais fortes da Ásia Central. A capital, Nursultan (anteriormente Astana), é um exemplo do rápido desenvolvimento urbano, com sua arquitetura futurista e projetos de infraestrutura ambiciosos.

Politicamente, o Cazaquistão é uma república presidencialista com tendências autoritárias. O governo tem sido criticado por organizações internacionais por questões relacionadas aos direitos humanos, liberdade de imprensa e corrupção. No entanto, o governo também tem buscado promover uma imagem de estabilidade e desenvolvimento, atraindo investimentos estrangeiros e se posicionando como um mediador regional.

Culturalmente, o Cazaquistão é uma nação diversa, com uma rica herança que combina influências nômades, russas e islâmicas. A música tradicional cazaque, frequentemente tocada com instrumentos como o dombra, e a épica oral são partes importantes da identidade cultural do país. A culinária inclui pratos como o beshbarmak, feito com carne de cavalo ou carneiro, e o kazy, uma salsicha de carne de cavalo.

Socialmente, o Cazaquistão é um país majoritariamente muçulmano sunita, mas com uma abordagem secular influenciada pelo período soviético. A coexistência de diferentes etnias e religiões, incluindo uma significativa minoria russa e outras comunidades, caracteriza a sociedade cazaque.

O Cazaquistão, com sua vastidão territorial e herança cultural única, oferece uma perspectiva intrigante sobre a intersecção entre tradição e modernidade. Para aqueles interessados em explorar mais sobre esta nação, o Cazaquistão apresenta uma oportunidade fascinante de descobrir uma terra de contrastes, resiliência e potencial futuro.

Rodrigo Cintra
Pós-Doutor em Competitividade Territorial e Indústrias Criativas, pelo Dinâmia – Centro de Estudos da Mudança Socioeconómica, do Instituto Superior de Ciencias do Trabalho e da Empresa (ISCTE, Lisboa, Portugal). Doutor em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (2007). É Diretor Executivo do Mapa Mundi. ORCID https://orcid.org/0000-0003-1484-395X

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