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Segurança da informação e a nova geopolítica do ciberespaço: desafios e oportunidades para o Brasil

No cenário global contemporâneo, o ciberespaço emergiu como um domínio de importância crítica, moldando não apenas relações interpessoais mas, crucialmente, as interações geopolíticas e geoeconômicas. A segurança da informação, uma vez relegada aos bastidores técnicos, hoje ocupa o centro do palco nas discussões sobre soberania nacional, desenvolvimento econômico e diplomacia. A necessidade de uma governança global para o ciberespaço é, portanto, um imperativo que não pode mais ser ignorado, sobretudo pelo Brasil, um ator crescente no tabuleiro internacional.

A transformação digital global não conhece fronteiras; os dados cruzam continentes em milissegundos. Neste contexto, incidentes de segurança cibernética têm potencial para causar disrupções em larga escala, afetando desde infraestruturas críticas até a integridade de processos democráticos. A dependência crescente de redes digitais aumenta a vulnerabilidade a ataques cibernéticos, que se tornaram ferramentas de coação política e econômica, colocando a segurança da informação em destaque na agenda internacional.

A discussão sobre a governança global do ciberespaço está repleta de complexidades. Envolve não apenas questões técnicas, mas também dilemas éticos, legais e políticos. As tentativas de regulamentação global enfrentam desafios, incluindo a diversidade de regimes políticos, os diferentes níveis de desenvolvimento tecnológico e as disparidades na capacidade de defesa cibernética. Contudo, o engajamento em fóruns multilaterais e a colaboração internacional são fundamentais para estabelecer normas e padrões comuns que promovam um ciberespaço seguro e estável.

Para o Brasil, o cenário do ciberespaço oferece tanto desafios quanto oportunidades. Como uma economia emergente e líder do Sul Global, o país tem a chance de moldar as discussões sobre a governança cibernética, defendendo um ambiente digital mais inclusivo, seguro e equitativo. O Brasil deve priorizar o fortalecimento de sua infraestrutura de segurança cibernética, investindo em tecnologia, capacitação profissional e cooperação internacional. A promoção de uma governança cibernética multilateral e democrática alinha-se com os princípios da política externa brasileira, favorecendo o desenvolvimento sustentável e a estabilidade regional.

Além disso, o Brasil deve aproveitar sua posição estratégica para mediar diálogos entre o Norte e o Sul Globais, promovendo uma compreensão mútua e construindo pontes para uma governança cibernética inclusiva. Isso implica participação ativa em organizações internacionais, como a ONU, e fóruns específicos de cibersegurança, além de parcerias com outros países em desenvolvimento para compartilhar conhecimentos e recursos.

A implementação de políticas públicas que incentivem a pesquisa e o desenvolvimento em segurança da informação é outra ação crítica. O estabelecimento de centros de excelência e a colaboração com o setor privado podem impulsionar a inovação e preparar o Brasil não apenas para defender-se de ameaças cibernéticas, mas também para se tornar um protagonista no mercado global de tecnologia de segurança.

O ciberespaço é o novo campo de batalha da geopolítica global. Para o Brasil, investir na segurança da informação não é apenas uma questão de proteção nacional, mas também uma oportunidade de fortalecer sua posição no cenário internacional, contribuindo para a construção de um ambiente digital mais seguro e justo para todos. A governança global do ciberespaço, baseada no diálogo e na cooperação, é o caminho a seguir, e o Brasil tem um papel vital a desempenhar nesse processo.

Rodrigo Cintra
Pós-Doutor em Competitividade Territorial e Indústrias Criativas, pelo Dinâmia – Centro de Estudos da Mudança Socioeconómica, do Instituto Superior de Ciencias do Trabalho e da Empresa (ISCTE, Lisboa, Portugal). Doutor em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (2007). É Diretor Executivo do Mapa Mundi. ORCID https://orcid.org/0000-0003-1484-395X