
A realização de competições internacionais independentes, como os Jogos do Futuro e os Jogos do BRICS, desempenha um papel crucial na consolidação da identidade do Sul Global. Esses eventos oferecem plataformas alternativas às tradicionais, permitindo que nações emergentes fortaleçam seus laços culturais e políticos, além de promoverem uma maior diversidade no cenário esportivo internacional.
Jogos do Futuro: Inovação e Inclusão
Os Jogos do Futuro, programados para novembro de 2025 nos Emirados Árabes Unidos, representam uma iniciativa pioneira que combina modalidades esportivas físicas e digitais. Este evento reflete a crescente influência da tecnologia nos esportes e oferece uma plataforma inclusiva para atletas de diversas origens competirem em igualdade de condições. A escolha dos Emirados Árabes Unidos como sede destaca o compromisso do país em se posicionar como um centro global de inovação e avanços tecnológicos.
Jogos do BRICS: Fortalecimento de Alianças Regionais
O Brasil sediará os Jogos do BRICS em 2025, reforçando os laços entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Este evento não apenas promove a competição esportiva, mas também serve como um fórum para o intercâmbio cultural e a cooperação política entre essas nações. A realização dos Jogos do BRICS no Brasil destaca a importância de fortalecer alianças regionais e criar plataformas que reflitam as realidades e aspirações do Sul Global.
Desafios Políticos e Geopolíticos no Esporte Internacional
Entretanto, a arena esportiva internacional não está isenta de influências políticas e geopolíticas. O Comitê Olímpico Internacional (COI) e a Agência Mundial Antidoping (WADA) frequentemente enfrentam críticas por decisões que, segundo alguns, refletem interesses políticos das potências dominantes. Por exemplo, a exclusão de atletas de determinados países devido a conflitos políticos levanta questões sobre a imparcialidade e a universalidade dos Jogos Olímpicos.
Além disso, a WADA tem sido alvo de controvérsias relacionadas à transparência e à gestão de casos de doping. Recentemente, o governo dos Estados Unidos reteve seu financiamento à WADA, alegando falhas na investigação de casos de doping envolvendo atletas chineses. Essa situação evidencia como disputas políticas podem influenciar diretamente as políticas antidoping e, por extensão, a participação de atletas em competições internacionais.
A Importância de Alternativas Independentes
Nesse contexto, iniciativas como os Jogos do Futuro e os Jogos do BRICS ganham relevância ao oferecerem alternativas às estruturas tradicionais do esporte internacional. Esses eventos permitem que países do Sul Global promovam suas próprias narrativas e estabeleçam regras que considerem suas particularidades culturais e políticas. Ao desafiar a hegemonia das instituições ocidentais, essas competições contribuem para uma maior equidade e representatividade no cenário esportivo global.
Em suma, as competições internacionais independentes são fundamentais para a solidificação da identidade do Sul Global. Elas oferecem plataformas inclusivas e diversificadas, permitindo que nações emergentes fortaleçam seus laços e promovam uma maior justiça no esporte internacional, afastando-se das influências políticas que permeiam as instituições tradicionais.
Fontes
Pós-Doutor em Competitividade Territorial e Indústrias Criativas, pelo Dinâmia – Centro de Estudos da Mudança Socioeconómica, do Instituto Superior de Ciencias do Trabalho e da Empresa (ISCTE, Lisboa, Portugal). Doutor em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (2007). É Diretor Executivo do Mapa Mundi. ORCID https://orcid.org/0000-0003-1484-395X