Autores: Ana Reis e Otávio Rauen
O Acordo Mercosul – União Europeia, celebrado em junho de 2019, após mais de 20 anos de negociação, promete concretizar uma das maiores áreas de livre comércio internacional, com 780 milhões de consumidores, ancorada na redução de tarifas de importação-exportação, vinda do aumento tecnológico na produção. Contudo, a questão ambiental e sustentável tornou-se um impeditivo para tal concretização. (Globo Rural, 2019; Agência Brasil, 2019)
O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo, tendo como um de seu principal – e mais crescente – destino, a União Europeia. O bloco, contudo, é altamente exigente com a qualidade e quantidade de normas acerca da importação de carnes, o que eleva o preço pago por arroba. Como a pecuária europeia mostra-se escassa para atender ao mercado consumidor, – as fazendas irlandesas e francesas não são capazes de produzir o suficiente para todo o continente- faz-se necessário uma intensa importação. Com isso, o Acordo entre o bloco e o Mercosul trará uma alternativa mais acessível para a população europeia, tanto no mercado de carnes, quanto no mercado de derivados de leite e um aumento ainda maior do comércio entre os dois, dado o crescente interesse da população sul-americana em produtos advindos do continente europeu e vice-versa. (ABRACOMEX, 2019)
Entretanto, mesmo com as vantagens supracitadas, o acordo não está em curso, dentre as diversas causas, por que a seção de desenvolvimento sustentável e preservação do meio ambiente ainda é motivo de conflito entre os blocos, principalmente no que tange ao desmatamento no Brasil. Em uma carta redigida pelo Ministério Alemão do Meio Ambiente e Defesa Ambiental:
“Não pode haver novos incentivos para o desmatamento na América do Sul. […] O aumento das taxas de desmatamento não é apenas um problema para o clima global. Isso prejudicará a própria agricultura brasileira porque o desmatamento destrói a biodiversidade, os recursos naturais e o abastecimento de água” (El País, 2019)
Em suma, a questão da sustentabilidade e do meio ambiente apresenta-se como um obstáculo para a ratificação final e a entrada em vigor do acordo. Isso se dá, pois, ao mesmo em que o acordo traz benefícios tangíveis e acessíveis à população, também urge pelo cumprimento das práticas ambientais, uma vez que esse é um fator primordial para os Parlamentos Europeus ratificarem e internalizarem o acordo.
Referências bibliográficas:
O que o agronegócio brasileiro ganha com o acordo entre Mercosul e UE. Disponível em: < https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Economia/noticia/2019/06/o-que-o-agronegocio-brasileiro-ganha-com-o-acordo-entre-mercosul-e-eu.html > – Acesso em 12 de outubro de 2020
OLIVEIRA, J. ALESSI, G. BEDINELLI, T. Política ambiental de Bolsonaro ameaça acordo com UE e alarma até agronegócio exportador. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2019/08/16/politica/1565909766_177145.html >Acesso em 12 de outubro de 2020
VILELA, Pedro Rafael. Mercosul e UE fecham maior acordo entre dois blocos do mundo. Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2019-06/mercosul-e-ue-fecham-maior-acordo-entre-blocos-do-mundo> Acesso em 12 de outubro de 2020
TATAGIBA, Marcus Vinicius Franquine. Em Alta: Brasil se consolida como maior exportador de carnes do mundo. Disponível em: <https://www.abracomex.org/exportacao-de-carne-mundial#:~:text=Em%202019%2C%20o%20pa%C3%ADs%20j%C3%A1,para%20Hong%20Kong%20e%20China. > Acesso em 12 de outubro de 2020