Desde agosto de 2020 a Bielorrússia enfrenta forte instabilidade e vivência uma onda de protestos crescente contra o presidente Aleksandr Lukashenko. O descontentamento da população tornou-se evidente já no período que antecipou as eleições que garantiram a Lukashenko o seu sexto mandato, num processo marcado por suspeitas de fraudes eleitorais e opressão de oposições políticas. Considerado o “último ditador na Europa”, Lukashenko é um ex-soldado da União Soviética e o único presidente que a Bielorrússia já possuiu.
As últimas eleições aconteceram no dia nove de agosto. Inicialmente, Lukashenko concorria contra Sergei Tikhanovsky, blogger pró-democracia, mas sua prisão arbitrária levou à revogação de sua candidatura. Substituindo Sergei, sua esposa, Svetlana Tikhanovsky, candidatou-se e tornou-se a favorita ao cargo. Entretanto, resultados oficiais deram a vitória a Lukashenko, com 80% dos votos.
A legitimidade do pleito foi amplamente questionada, não obtendo o reconhecimento de atores internacionais importantes, como a União Europeia e a OCDE. Por outro lado, a Rússia, principal apoiadora do governo, prometeu empréstimo de 1,5 bilhões de dólares e fortalecimento da cooperação militar a Lukashenko.
As alegações de fraude desencadearam em amplos protestos e na convocação de greves no país. O governo tem respondido de forma violenta, mobilizando milhares de militares a agirem nas ruas de Minsk. Entretanto, as constantes ameaças de Lukashenko não impediram que os protestos continuassem. Uma das ações da população tem sido a retirada das máscaras dos soldados, uma vez que “a única maneira de cessar a violência é tirar as máscaras, ambos no sentido literal e figurado. Um policial que não é mais anônimo pensa duas vezes antes de agarrar, espancar ou sequestrar alguém.”, como afirmou ao The Guardian o fundador do Black Book of Belarus, um canal do aplicativo Telegram com mais de cem mil inscritos dedicado a desmascarar os soldados.
Em resposta às pressões que enfrenta, Lukashenko afirmou à população: “Vocês falam sobre eleições desonestas e desejam novas eleições. Minha resposta a isso: nós já tivemos eleições e, até que eu seja morto, não haverá novas eleições.”
Referências Bibliográficas
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Autoras: Isabela Paez Halak e Natália Yuri Kitayama, analistas do Núcleo de Estudos de Negócios Europeus/ESPM