ISSN 2674-8053

Violência e Opressão: os Protestos na Bielorrússia

Presidente Alexander Lukashenko, foto Picture Alliance

Desde agosto de 2020 a Bielorrússia enfrenta forte instabilidade e vivência uma onda de protestos crescente contra o presidente Aleksandr Lukashenko. O descontentamento da população tornou-se evidente já no período que antecipou as eleições que garantiram a Lukashenko o seu sexto mandato, num processo marcado por suspeitas de fraudes eleitorais e opressão de oposições políticas. Considerado o “último ditador na Europa”, Lukashenko é um ex-soldado da União Soviética e o único presidente que a Bielorrússia já possuiu.

As últimas eleições aconteceram no dia nove de agosto. Inicialmente, Lukashenko concorria contra Sergei Tikhanovsky, blogger pró-democracia, mas sua prisão arbitrária levou à revogação de sua candidatura. Substituindo Sergei, sua esposa, Svetlana Tikhanovsky, candidatou-se e tornou-se a favorita ao cargo. Entretanto, resultados oficiais deram a vitória a Lukashenko, com 80% dos votos.

A legitimidade do pleito foi amplamente questionada, não obtendo o reconhecimento de atores internacionais importantes, como a União Europeia e a OCDE. Por outro lado, a Rússia, principal apoiadora do governo, prometeu empréstimo de 1,5 bilhões de dólares e fortalecimento da cooperação militar a Lukashenko.

As alegações de fraude desencadearam em amplos protestos e na convocação de greves no país. O governo tem respondido de forma violenta, mobilizando milhares de militares a agirem nas ruas de Minsk. Entretanto, as constantes ameaças de Lukashenko não impediram que os protestos continuassem. Uma das ações da população tem sido a retirada das máscaras dos soldados, uma vez que “a única maneira de cessar a violência é tirar as máscaras, ambos no sentido literal e figurado. Um policial que não é mais anônimo pensa duas vezes antes de agarrar, espancar ou sequestrar alguém.”, como afirmou ao The Guardian o fundador do Black Book of Belarus, um canal do aplicativo Telegram com mais de cem mil inscritos dedicado a desmascarar os soldados.

Em resposta às pressões que enfrenta, Lukashenko afirmou à população: “Vocês falam sobre eleições desonestas e desejam novas eleições. Minha resposta a isso: nós já tivemos eleições e, até que eu seja morto, não haverá novas eleições.”

Referências Bibliográficas

PICHETA, Rob; ILYUSHINA, Mary. Belarus leader says there won’t be new elections “until you kill me” as protesters rally against strongman. CNN, 17 ago. 2020. Disponível em <https://edition.cnn.com/2020/08/17/europe/belarus-lukashenko-monday-strikes-intl/index.html>. Acesso em 17 set. 2020.

Alexander Lukashenko: como o ‘último ditador da Europa’ se mantém há tanto tempo no poder? BBC News, 19 ago. 2020. Disponível em <https://www.bbc.com/portuguese/internacional-53833353>. Acesso em 17 set. 2020.

SAHUQUILLO, María R. Maré de bielorrussos desafia Lukashenko e exige democracia em Belarus. El País, Minsk, 23 ago. 2020. Disponível em <https://brasil.elpais.com/internacional/2020-08-23/mare-de-bielorrussos-desafia-lukashenko-e-exige-democracia-em-belarus.html>. Acesso em 17 st. 2020.

NOACK, Rick; GLUCROFT; William. What’s behind the Belarus protests? The Washington Post, 14 ago.2020. Disponível em <https://www.washingtonpost.com/world/2020/08/14/whats-behind-belarus-protests/> . Acesso em 17 set. 2020.

WALKER, Shaun. “The only way to stop violence”: why protesters are unmasking Belarus police. The Guardian, Moscou, 17 set. 2020. Disponível em <https://www.theguardian.com/world/2020/sep/17/the-only-way-to-stop-violence-why-protesters-are-unmasking-belarus-police> . Acesso em 17 set. 2020.

The Editorial of The New York Times. A Dictatorship in Belarus Is Shaken. The New York Times, 14 ago. 2020. Disponível em: <https://www.nytimes.com/2020/08/14/opinion/belarus-protests.html>. Acesso em 17 set. 2020. 

What’s happening in Belarus? BBC News, 8 set. 2020. Disponível em: <https://www.bbc.com/news/world-europe-53799065>. Acesso em 17 set. 2020.

MATTOS, CAIO. Alexander Lukashenko: quem é o “último ditador da Europa”. Veja, 03 set. 2020. Disponível em <https://veja.abril.com.br/mundo/alexander-lukashenko-quem-e-o-ultimo-ditador-da-europa/> . Acesso em 17 set. 2020.

Autoras: Isabela Paez Halak e Natália Yuri Kitayama, analistas do Núcleo de Estudos de Negócios Europeus/ESPM

Núcleo de Estudos e Negócios Europeus
O Núcleo de Estudos e Negócios Europeus (NENE) está ligado ao Centro Brasileiro de Estudos de Negócios Internacionais & Diplomacia Corporativa (CBENI) da ESPM-SP. Foi criado considerando a necessidade de estimular a comunidade acadêmica brasileira e latino-americana a compreender melhor suas relações com os europeus, buscando compreender e aprofundar a Parceria Estratégica Brasil – União Europeia.