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Desabastecimento no Reino Unido pós Brexit

Por Pedro Gerhardt Corrêa e Priscila Cesarino Taddone

Desde a saída do Reino Unido da União Europeia em 2018, diversas mudanças tomaram conta da configuração da ilha, agora sem o apoio do bloco. Ainda assim, o Reino Unido não se aliou a outros países em acordos econômicos de forma a conquistar regalias alfandegárias semelhantes às que possuíam quando faziam parte do bloco europeu.

A presente conjuntura culminou no desabastecimento alimentício e de matéria prima, que afetou toda a ilha, tendo como principais representados o gás, as commodities e as bebidas. Embora o problema não possa ter suas causas atribuídas apenas ao Brexit, vale ressaltar que este aumentou exponencialmente as tarifas dos produtos que entram no Reino Unido e que são advindos de países membros da UE. A pandemia de COVID-19 também teve um papel importante para que a situação de desprovimento de alimentos e gasolina se agravasse. Como consequência, as restrições de trabalho diminuíram o ritmo da produção, que não foi capaz de atender às necessidades da população britânica.

A saída de cerca de um milhão de pessoas do Reino Unido após o Brexit diminuiu a mão de obra qualificada, e a burocracia implantada nas fronteiras acabou por diminuir o fluxo de combustíveis. O primeiro-ministro britânico Boris Johnson afirmou que é possível que o desprovimento de combustíveis dure até o natal de 2021, porém não se sabe se haverá melhora ou piora até lá. De acordo com o primeiro-ministro, cerca de 100 mil caminhoneiros abandonaram seus postos após a crise, sendo que destes, 20 mil não são britânicos.

Sendo assim, pode-se inferir que, após todas essas mudanças e instabilidades, o mercado britânico tornou-se consideravelmente menos atrativo no cenário internacional, e pode vir a enfrentar dificuldades no firmamento de outros pactos ou alianças semelhantes à que tinham na UE. Por fim, caberá à ilha decidir se voltará a contratar funcionários estrangeiros de forma a compensar a falta de mão de obra, ou se facilitará a burocracia alfandegária pelo menos durante o momento de crise no abastecimento de gasolina e diesel.       

REFERÊNCIAS:

EL PAÍS. Com prateleiras vazias e sem trabalhadores, covid-19 e Brexit agravam crise de abastecimento no Reino Unido. Disponível em:  https://brasil.elpais.com/internacional/2021-09-14/com-prateleiras-vazias-e-sem-trabalhadores-covid-19-e-brexit-agravam-crise-de-abastecimento-no-reino-unido.html.  Acesso em: 6 out. 2021.

JORNAL DO COMÉRCIO. Johnson admite que desabastecimento no Reino Unido está ligado ao Brexit. Disponível em: https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/internacional/2021/10/814277-johnson-admite-que-desabastecimento-no-reino-unido-esta-ligado-ao-brexit.html.  Acesso em: 6 out. 2021.

UOL. Desabastecimento gera brigas e filas em postos de gasolina no Reino Unido. Disponível em: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2021/10/01/filas-desabastecimento-combustivel-reino-unido.htm . Acesso em: 6 out. 2021.

UOL. Governo admite que desabastecimento no Reino Unido pode durar até o Natal. Disponível em: https://economia.uol.com.br/noticias/efe/2021/10/03/governo-admite-que-desabastecimento-no-reino-unido-pode-durar-ate-o-natal.htm  . Acesso em: 6 out. 2021.

VEJA. Cadê a comida que estava aqui? Prateleiras britânicas começam a esvaziar. Disponível em: https://veja.abril.com.br/mundo/cade-a-comida-que-estava-aqui-prateleiras-britanicas-comecam-a-esvaziar/ . Acesso em: 6 out. 2021.

Núcleo de Estudos e Negócios Europeus
O Núcleo de Estudos e Negócios Europeus (NENE) está ligado ao Centro Brasileiro de Estudos de Negócios Internacionais & Diplomacia Corporativa (CBENI) da ESPM-SP. Foi criado considerando a necessidade de estimular a comunidade acadêmica brasileira e latino-americana a compreender melhor suas relações com os europeus, buscando compreender e aprofundar a Parceria Estratégica Brasil – União Europeia.