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Manifestações na França e Países Baixos contra passe sanitário

Por Gabriela Lombardi e Thomas Corsaro

Com a redução no número de casos de Covid-19 e vários planos de vacinação pública em andamento na Europa, nos últimos meses, os governos dos Países Baixos e França decidiram, juntos com outros membros da União Europeia, implementar um sistema de “Passaporte Sanitário” para reabrir e incentivar o tráfego de pessoas pela Europa. Adicionalmente, alguns desses países também passaram a exigir certificados de vacinação, que têm como objetivo principal a prevenção da doença, mas também permitir um maior incentivo às atividades econômicas como a ocupação de bares, restaurantes, festivais e eventos esportivos. Em compensação, vários governos retiraram as restrições de distanciamento social para aqueles já vacinados, visto o contexto mais favorável. Porém, após a declaração da vacinação obrigatória a profissionais da saúde e o anúncio dos passaportes sanitários e certificados, partes da população condenaram essas decisões por restringirem sua liberdade, acusando seus governantes de autoritarismo por utilizarem tais mecanismos. Como consequência dessas acusações, revoltas e protestos foram desencadeados, além desta nova ocorrência, influenciar significativamente as eleições futuras de novos representantes. 

O passaporte, que entrou em vigor no bloco em 1 de julho de 2021, faz parte de um sistema unificado que centraliza as informações sanitárias dos viajantes para que possam trafegar pelo Espaço Schengen. Para turistas de dentro da UE, ele mostra se seu portador já foi vacinado contra a Covid-19, testou negativo para a doença ou se contraiu o vírus e possui anticorpos.

Porém, mesmo antes de entrar em vigor, já haviam protestos contra medidas de prevenção dos estados, como no dia 25 de setembro de 2021, onde, em uma demonstração pacífica organizada na Praça Dam, em Amsterdã, centenas de milhares de holandeses de todo o país reuniram-se em defesa da liberdade e contra medidas sanitárias autoritárias ainda em vigor.

Manifestantes carregavam bandeiras e faixas com dizeres em protesto à pressão exercida pelo governo sobre o povo para serem vacinados, e contra uma possível introdução do passaporte sanitário, além de adesivos distribuídos com o slogan “Nascido para ser livre”. Cerca de 60 organizações participam da manifestação, com slogan ‘Juntos pela Holanda’, segundo um dos organizadores, Michel Reijinga. De acordo com a organização, trata-se da “maior demonstração desde a introdução das medidas restritivas sanitárias no país”.

Enquanto isso, na França, no dia 15 de setembro, o passe sanitário, que prova que a pessoa recebeu as duas doses da vacina contra a Covid-19, passou a ser obrigatório para todos os profissionais do setor da saúde. A regra foi estabelecida em julho, para convencer os profissionais da área relutantes à imunização, imposta pelo governo de Emmanuel Macron. Assim, milhares de manifestantes saíram às ruas de várias cidades francesas para protestar contra o documento e que, segundo as autoridades, contaram com uma multidão heterogênea, incluindo “coletes amarelos”, ativistas de extrema direita ou, mais amplamente, opositores políticos do governo. Ademais, alguns incidentes foram relatados em Paris nos arredores da Champs-Elysées, onde a polícia disparou bombas de gás lacrimogêneo para impedir o acesso aos manifestantes e que, segundo a Agence France-Presse (AFP), várias pessoas foram presas.

Em vista das eleições presidenciais francesas em 2022 e a impopularidade pública do Governo Macron perante políticas contra a Covid, com aproximadamente um terço da população francesa rejeitando o passe sanitário além de outras antes da pandemia, uma derrota eleitoral nas eleições futuras não é improvável caso não haja uma mudança na percepção do público. Ademais, na Holanda e no Benelux como um todo, a situação política demonstra-se mais estável, apesar dos protestos contra as medidas restritivas do governo no caso da Holanda. Tendo isso em mente, o contexto político destes países ainda está disposto a mudanças assim como suas políticas de prevenção. 

Referências Bibliográficas:

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