A postura da Suíça frente ao aumento de imigrantes muçulmanos em seu território vem sendo cada vez mais atribuída como conservadora ou reacionária, por demonstrar gradativamente maiores tendências nacionalistas com relação à chegada de novas etnias. A crescente entrada de muçulmanos no país trouxe como reação movimentos contrários ao estabelecimento e prática de culturas advindas do Oriente Médio por parte do Estado suíço.
O país, cuja história contemporânea é marcada pela imigração e emigração de populações diversas, e por boas relações com seus vizinhos apesar de não ser um membro da UE, tem aproximadamente 20% da população composta por estrangeiros, uma das maiores porcentagens de qualquer país, incluindo refugiados e trabalhadores com residência permanente. Dentre as principais motivações para a relutância da livre circulação de estrangeiros advindos de países que não compreendem Espaço Schengen, estão o aumento do índice de criminalidade, de ataques terroristas na última década, a queda na oferta de empregos para nativos e a insegurança econômica diante da pandemia. Tais fatores ajudam a inflamar sentimentos anti-imigração em grupos nacionalistas, sendo importante ressaltar que, uma das causas para as grandes quantidades de imigrantes é a necessidade de mão de obra qualificada por empresas suíças.
Embora uma crise humanitária ou econômica não seja iminente, o governo suíço justifica suas preocupações frente ao aumento de muçulmanos nesses três pilares. Ademais, embora possua uma grande porcentagem de habitantes estrangeiros, a Suíça não se considera um país de imigrantes, demonstrando que a preocupação com a população nativa de seu governo atual sobressai interesses ou ideais que buscam acolher pessoas de diferentes países e etnias.
Perante ações recentes tomadas pelo Estado Suíço acerca da população muçulmana e a manifestação de sua respectiva cultura em território suíço, tal como a recente lei que regulamentou a proibição do uso da burca, por alguns cantões suíços, é possível inferir que existe uma tendência ao conservadorismo étnico e religioso cada vez mais presente. Um exemplo disso, é o fato de que o último referendo que contesta a utilização do acessório religioso, obteve uma pequena maioria de 51,2% da população contra seu uso, com 20 dos 26 cantões aprovando o seu banimento. Sendo assim, a Suíça, embora muito conhecida por políticas a favor de movimentos de livre circulação de pessoas e mercadorias entre países da União Europeia, apesar de cotas de imigração restritivas, está se mostrando cada vez mais fechada à possibilidade de receber novos imigrantes advindos de países muçulmanos, bem como de propiciar condições seguras a eles nos quesitos de empregabilidade, e tolerância no âmbito religioso.
Por fim, chega-se à conclusão de que as políticas restritivas com relação ao aumento da imigração muçulmana tendem a crescer, devido aos conflitos constantes no Oriente Médio e o atual governo de direita Suíço. Porém, a longo prazo, a Suíça poderá enfrentar mudanças em seu sistema social e econômico perante o aumento de muçulmanos no país.
Referências
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Autores Thomas Bauer Corsaro e Priscila Cesarino, pesquisadores do NENE/ESPM