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Ações do Reino Unido na guerra da Ucrânia

Artigo elaborado por Davi Reis Lucio e Ricardo Maffeis Campbell

Este artigo visa analisar a maneira com que o Reino Unido tem se comportado em relação à guerra da Ucrânia, e compreender o porquê dos pronunciamentos serem tão relevantes para a geopolítica global. A abordagem utilizada na pesquisa para a criação do artigo envolve uma análise de matérias jornalísticas e bibliografias acadêmicas sobre a temática. O foco do artigo foi escolhido devido às grandes tensões políticas que estão ocorrendo principalmente entre o Reino Unido e Rússia e seus pronunciamentos extremamente relevantes para a geopolítica global. Com o objetivo geral, o artigo busca entender o porquê dos pronunciamentos polêmicos do Reino Unido sobre a guerra Russo-Ucraniana de 2022, e como essas declarações aumentam a tensão na região.

Primeiramente, é crucial compreender o motivo da guerra Russo-Ucraniana ser tão relevante para países como o Reino Unido, e como a mudança de presidente nos Estados Unidos da América afetou a relação entre os Estados membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte e principalmente o Reino Unido. O entendimento desses dois fatores ajudam a explicar a causa das ações britânicas estarem sendo tão polêmicas.

A invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022 fez com que houvesse uma grande mudança nas relações políticas e econômicas entre os países da OTAN, Ucrânia e Rússia. A guerra já se mostra um dos maiores conflitos da atualidade, criando uma situação crítica na diplomacia do continente, possuindo de um lado, praticamente o continente europeu por inteiro com os esforços, equipamentos militares e investimentos à Ucrânia liderados por Reino Unido e França, ambos países com armas nucleares, e do outro lado a Rússia, a maior potência nuclear do planeta.

A atual gestão de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos da América mudou por completo o cenário das alianças no ocidente. O presidente decidiu que não iria dar mais suporte à Ucrânia ao cortar qualquer ajuda monetária e de equipamentos militares ao país, além de se afastar de seus aliados da OTAN. Além disso, criticou diversas atitudes dos governos europeus e excluiu esses mesmos países e Kiev da própria negociação de paz com a Rússia para um possível final a guerra que já passou de 3 anos de duração. Com a Ucrânia e a Europa sendo abandonadas pela maior potência global, as maiores potências do continente tiveram que começar a se armar e se pronunciar mais fortemente sobre o tema, em especial o Reino Unido.

Sem a ajuda dos Estados Unidos, o Reino Unido e a França tiveram que se colocar no lugar de defender a Ucrânia a todo custo, expressando pleno apoio ao país, causando um possível desentendimento com a opinião atual da Casa Branca. As ações do primeiro-ministro britânico Keir Starmer deixam essa liderança europeia ainda mais escancarada, mesmo com a saída do país da União Europeia, essa aproximação é visível ao ter convidado 20 líderes de países aliados na Europa para uma cúpula em Londres com o objetivo de discutir a segurança no continente e reafirmar apoio à Ucrânia. O encontro ocorreu dois dias após uma desavença entre Donald Trump e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Keir Starmer também diz estar sobre um “momento único em uma geração” e afirmou à Zelensky que os países da cúpula estão comprometidos a ajudar a Ucrânia independentemente de quanto tempo for necessário (G1, 2025).

Antes da reunião de emergência em Paris entre líderes europeus (17/02/2025), que visava um possível acordo para pôr fim ao conflito a partir das conversas entre Estados Unidos e Rússia, o primeiro-ministro britânico, segundo a CNN Brasil via Reuters, que, Keir Starmer anunciou que o Reino Unido estava pronto para enviar tropas de manutenção da paz na Ucrânia, antecipando as discussões que foram realizadas no dia, sobre um possível cessar-fogo. O anúncio trouxe consigo uma percepção de maior desempenho europeu em garantir a segurança na guerra, enquanto os Estados Unidos visavam buscar um possível fim do conflito, negociando diretamente com a Rússia, como anunciado por Donald Trump, presidente estadunidense. Após ambos os pronunciamentos, o primeiro-ministro foi a Washington (16/03/2025), alegando que a Grã-Bretanha estava pronta para liderar a entrega de garantia de segurança, incluindo, se necessário, a ida de tropas britânicas ao solo ucraniano.

Em pronunciamento realizado no dia 02 de março de 2025, o primeiro-ministro do Reino Unido, anunciou um novo acordo de 1,6 bilhões de libras (11,8 bilhões de reais em março/25) que permitiu a compra, por parte da Ucrânia, de 5 mil mísseis de defesa aérea, utilizando financiamento de exportação. Na mesma declaração, foi afirmado que os mísseis, produzidos pela empresa Thales Air Defense, norte-irlandesa, têm um alcance de mais de 6 (seis) quilômetros, podendo ser disparados em superfícies na terra, mar e ar. Starmer justifica o investimento após ataque noturno realizado pela Rússia, o qual continha mais de 200 drones, “Isso será vital para proteger a infraestrutura crítica agora e fortalecer a Ucrânia para garantir a paz quando ela chegar” (CNN Brasil, 2025).

Durante o WW publicado quarta-feira (05/03/2025), realizado pela CNN Brasil, o analista Lourival Sant’Anna salientou o papel vital do Reino Unido no apoio à Ucrânia, referindo-se principalmente à área de compartilhamento de inteligência. Segundo o analista, “o Reino Unido tem sido o país europeu mais próximo da Ucrânia nesse aspecto, logo após os Estados Unidos.” (CNN Brasil, 2025). Na mesma análise, foi citada uma comunidade, intitulada de “Cinco Olhos”, a qual fazem parte Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Nova Zelândia e Austrália, reconhecida por ser uma central de compartilhamento de dados e inteligência, onde os britânicos se destacaram na área de troca de informações estratégicas.

Portanto, diante uma grande tensão mundial os pronunciamentos britânicos sobre a guerra são de extrema importância para uma possível previsão e maior compreensão do que pode estar por vir na geopolítica global. Como uma potência militar e nuclear presente em uma região de conflito delicada, o Reino Unido tem se aproximado mais da União Europeia ao assumir essa liderança de defesa do continente ao lado da França, mostrando maior firmeza em suas decisões com a intenção de mostrar que a Europa não está enfraquecida.

Referências Bibliográficas:

CNN BRASIL. Reino Unido anuncia novo acordo de US$ 2 bi para financiar mísseis para a Ucrânia. 02 mar. 2025. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/reino-unido-anuncia-novo-acordo-de-us-2-bi-para-financiar-misseis-para-ucrania/. Acesso em: 04 abr. 2025.

CNN BRASIL. Reino Unido está pronto para enviar tropas para garantir paz na Ucrânia. 17 fev. 2025. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/reino-unido-esta-pronto-para-enviar-tropas-para-garantir-paz-na-ucrania/. Acesso em: 04 abr. 2025.

CNN Brasil. Análise: Reino Unido é o país europeu que mais apoia a Ucrânia. 05 mar. 2025. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/analise-reino-unido-e-o-pais-europeu-que-mais-apoia-a-ucrania/. Acesso em: 04 abr. 2025.

EDITOR. Coalização liderada por França e Reino Unido planejava enviar tropas para a Ucrânia. A Referência, 03 abr. 2025. Disponível em: https://areferencia.com/europa/coalizao-liderada-por-franca-e-reino-unido-planeja-enviar-tropas-para-a-ucrania/. Acesso em: 04 abr. 2025

DANTAS, Felipe. Líderes europeus se encontram no Reino Unido, reafirmam apoio à Ucrânia e discutem segurança do continente. Jovem Pan, 02 mar. 2025. Disponível em: https://jovempan.com.br/noticias/mundo/lideres-europeus-se-encontram-no-reino-unido-reafirmam-apoio-a-ucrania-e-discutem-seguranca-do-continente.html?amp. Acesso em: 04 abr. 2025.

G1. Premiê britânico declara apoio à Ucrânia contra a Rússia. 01 mar. 2025. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/03/01/zelensky-se-encontra-com-premie-britanico-e-rei-charles.ghtml. Acesso em: 04 abr. 2025.

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