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Brasil aposta nos Jogos dos BRICS e nos Jogos do Futuro para ampliar sua presença internacional

Em 2025, o Brasil se movimenta em duas frentes que revelam um esforço claro de reposicionamento no cenário internacional. De um lado, o país sedia os Jogos dos BRICS, uma iniciativa que ultrapassa o esporte e se insere numa lógica de fortalecimento político entre países emergentes. De outro, o Brasil também participa dos Jogos do Futuro, que serão realizados nos Emirados Árabes Unidos, evento que busca articular inovação, tecnologia e diplomacia por meio do esporte. Mais do que competições, esses dois momentos representam oportunidades estratégicas para a diplomacia brasileira consolidar novos espaços de influência, especialmente fora dos circuitos tradicionais do poder global.

Os Jogos dos BRICS, concebidos como um braço esportivo do bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — e que em 2025 já inclui novos membros como Egito, Irã e Emirados Árabes Unidos — representam mais do que uma celebração atlética entre nações. Eles são parte de um projeto maior de articulação entre países que se colocam como alternativa à ordem mundial liderada por potências ocidentais. Ao sediar o evento, o Brasil não apenas assume protagonismo dentro do grupo, mas também afirma seu compromisso com uma agenda multipolar. Ao invés de alinhar-se exclusivamente a modelos e instituições ocidentais, o país busca reforçar parcerias que valorizam a autonomia, a cooperação Sul-Sul e o respeito às particularidades de cada nação.

Receber os Jogos dos BRICS é também uma forma de projetar uma imagem positiva do Brasil no exterior, especialmente em tempos em que a presença internacional do país esteve enfraquecida por crises internas e oscilações políticas. A realização do evento permite à diplomacia brasileira criar uma vitrine para mostrar estabilidade, capacidade organizacional e relevância no sistema internacional. Além disso, há um componente simbólico importante: ao reunir delegações de diferentes culturas, sistemas políticos e modelos econômicos, o Brasil reforça sua identidade como ponto de convergência e diálogo entre mundos distintos.

Já os Jogos do Futuro, a serem realizados nos Emirados Árabes Unidos, colocam o Brasil em uma arena distinta, voltada para a inovação e o futuro do entretenimento esportivo. Combinando competições físicas e digitais, o evento propõe um novo modelo de engajamento que dialoga diretamente com as transformações tecnológicas e com a ascensão das culturas gamer e de realidade aumentada. A presença brasileira nessa iniciativa aponta para uma diplomacia que se atualiza, que entende a importância da tecnologia como ferramenta de soft power e que busca estar presente em espaços de vanguarda — mesmo quando esses espaços ainda estão em processo de consolidação.

Participar de eventos como os Jogos do Futuro é também uma forma de diversificar as rotas da diplomacia esportiva. O Brasil, tradicionalmente associado ao futebol, busca mostrar que está atento às novas dinâmicas globais, nas quais modalidades emergentes e experiências híbridas têm ganhado protagonismo. Trata-se de um gesto de abertura ao novo, mas também de afirmação de uma identidade nacional que se reinventa e se projeta para além dos estereótipos consolidados.

Tanto os Jogos dos BRICS quanto os Jogos do Futuro oferecem ao Brasil a chance de escapar da lógica binária entre Ocidente e Oriente, entre Norte e Sul. Neles, o país atua como articulador, como anfitrião, como parceiro. Essa posição intermediária é justamente uma das maiores fortalezas da política externa brasileira: a capacidade de dialogar com todos os lados, de ocupar os vazios deixados por potências tradicionais e de construir pontes onde antes havia apenas rivalidade ou indiferença.

Em tempos em que o poder global se descentraliza e novos polos de influência surgem em diversas regiões, a atuação brasileira nesses dois eventos sinaliza uma compreensão madura da diplomacia contemporânea. Não se trata apenas de ganhar medalhas ou de ocupar manchetes durante alguns dias. Trata-se de consolidar o Brasil como um país que participa da definição das novas regras do jogo — sejam elas políticas, esportivas ou tecnológicas. Ao investir na diplomacia do esporte e da inovação, o Brasil cria, com passos firmes, seus próprios caminhos em direção a um futuro menos dependente e mais protagonista.

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