
O complexo industrial-militar representa a interdependência entre as forças armadas e a indústria de defesa de um país, abrangendo desde a pesquisa e desenvolvimento até a produção de equipamentos militares avançados. Para nações que buscam autonomia tecnológica e segurança nacional, como o Brasil, investir nesse complexo é uma questão estratégica de grande relevância.
O desenvolvimento e a manutenção de um complexo industrial-militar robusto dependem diretamente do acesso a minerais críticos e estratégicos. Esses recursos são essenciais para a fabricação de tecnologias avançadas, incluindo sistemas de comunicação, armamentos de precisão e veículos militares de última geração. No Brasil, minerais como nióbio, terras raras, grafite e lítio desempenham papel fundamental nesse contexto.
O Brasil destaca-se por sua abundância em diversos minerais críticos. O país detém cerca de 98% das reservas conhecidas de nióbio, elemento vital para a produção de ligas metálicas utilizadas nas indústrias aeroespacial e de defesa. Além disso, possui significativas reservas de terras raras, essenciais para a fabricação de componentes eletrônicos avançados e sistemas de defesa modernos. A presença desses recursos coloca o Brasil em posição privilegiada no cenário global.
Historicamente, o Brasil tem exportado grande parte de seus recursos minerais como matérias-primas, sem agregar valor significativo. No entanto, diante da crescente demanda por tecnologias avançadas e da importância da autossuficiência em defesa, é imperativo que o país reavalie essa postura. Transformar minerais críticos em produtos de alto valor agregado não só fortalece o complexo industrial-militar brasileiro, como também impulsiona a economia e reduz a dependência externa.
Recentemente, o governo brasileiro reconheceu a importância dos minerais estratégicos, publicando sua primeira lista oficial desses recursos. Essa iniciativa visa orientar políticas públicas e incentivar investimentos em pesquisa, desenvolvimento e industrialização desses minerais. Entretanto, desafios persistem, como a necessidade de infraestrutura adequada, capacitação tecnológica e estabelecimento de parcerias internacionais que respeitem os interesses nacionais.
Integrar o potencial mineral do Brasil ao desenvolvimento de seu complexo industrial-militar é uma estratégia que promove a soberania nacional e o crescimento econômico sustentável. Ao valorizar e industrializar seus recursos críticos, o país não apenas fortalece sua defesa, mas também se posiciona de maneira competitiva no mercado global de tecnologias avançadas.
Pós-Doutor em Competitividade Territorial e Indústrias Criativas, pelo Dinâmia – Centro de Estudos da Mudança Socioeconómica, do Instituto Superior de Ciencias do Trabalho e da Empresa (ISCTE, Lisboa, Portugal). Doutor em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (2007). É Diretor Executivo do Mapa Mundi. ORCID https://orcid.org/0000-0003-1484-395X