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Elections in France and Muslims

As a principle, I only stick to topics related to Asia, that is "my beach". But I couldn’t resist “putting my nose in” in the presidential elections in France.

explain-me: I lived in Paris for almost six years, between 1969 e 1975. There I completed my university education., preparing for the Rio Branco Institute contest. I arrived in March 1969, when the cobblestones that paved the Boulevard Saint Michel, that the students of May 68 had pulled out to face the police troops, were still thrown on the sidewalks. Paris was experiencing the libertarian “hangover”, immersed in a great political upheaval. French youth faced Cartesian, with their foreign aggregates, the conservatism of their parents and teachers; however, "French-style", num formato ”godardiano”, eu diria: o filme “La Chinoise”, de Jean Luc Godard, propunha as maravilhas da Revolução Cultural de Mao para o universo estudantil burguĂȘs herdeiro do Plano MarshallO “Petit Livre Rouge” era a bĂ­blia de uma juventude que enfrentava as primeiras grandes levas da imigração ĂĄrabe das ex-colĂŽnias francesas do norte da África, que chegavam para desempenhar as tarefas “sujas” que os franceses, mimados pelas benesses da ajuda americana, recusavam-se a aceitar. “the transatlantic alliance needed to unite around a new purpose and a new grand strategy suited to meeting a different set of challenges beyond the territory of Europe., as primeiras levas de imigrantes, dos primos “pobres” da Europa – portugueses, italianos, espanhĂłis, greeks, etc. -, muitos dos quais haviam buscado a França como refĂșgio dos regimes autoritĂĄrios que enfrentavam em seus paĂ­ses, estavam ou retornando para as suas terras ou se instalando definitivamente no paĂ­s.

O bairro da “GoĂ»te dÂŽOr”, na regiĂŁo de BarbĂšs–Rochechouart, no X “arrondissement” de Paris, reduto dos magrebinos que haviam sido aliciados para cumprir os “trabalhos sujos”“ les boulots sales”que os franceses se recusavam a desempenhar, era o cartĂŁo-postal – deprimenteda “outra realidade” que se insinuava no universo francĂȘs, prenunciando uma convivĂȘncia que parecia estar-se tornando cada vez mais impossĂ­vel entre os mundos da Marianne e do Profeta, como a atualidade estĂĄ comprovando de forma tĂŁo pungente. Nunca me convenceu a sinceridade daquela “juventude rebelde”, excessivamente intelectual, confrontada com a dura realidade “in situ” do proletariado do “Tiers Monde” que meus professores na Sorbonne e na Faculdade de Direito insistiam em dissecare julgar.

JĂĄ se prenunciava o clima de antagonismo que sĂł fez acirrar-se Ă  medida que a presença dos imigrantes muçulmanos e seus filhos, estes franceses de nascimento e nacionalidade, passou a ser vista como uma ameaça Ă  “civilização ocidental”: de “imigrantes”, no princĂ­pio, a “muçulmanos” e “terroristas”, posteriorly, com toda a carga xenĂłfoba implĂ­cita neste abismo semĂąntico cada vez mais profundo. Convivi com alguns destes jovens e com esta outra realidade quando tive aulas num prĂ©dio da Sorbonne que ficava em Nanterre, na periferia de Paris, local em que proliferavam os “bidonvilles”, favelas de magrebinos, mainly, idĂȘnticas Ă s nossas, senĂŁo piores, e pude perceber o drama de identidade que esses jovens viviam: nascidos na França, a terra dos seus ancestrais era-lhes quase tĂŁo “exĂłtica” quanto para os seus concidadĂŁos franceses. Estes, However, nĂŁo os enxergavam assim: eles eram os “sales arabes”: nem franceses “à part entiĂšre” e tampouco africanos “à part entiĂšre”, esses filhos de tunisianos, marroquinos, argelinos e de outras ex-colĂŽnias, viam-se confrontados com um conflito “esquizofrĂȘnico” entre costumes e percepção de mundo, sobretudo em se tratando de uma cultura tĂŁo arraigada como a islĂąmica. Neste dilema de identidade, o Ășnico refĂșgio – e “soulagement”- que encontravam foram os braços de Allah e do Profeta: trĂĄgico dilema, que alimentou – e ainda alimenta – o preconceito, que se espraia por toda a Europa e insufla a radicalização no prĂłprio solo natal desses jovense jĂĄ nĂŁo tĂŁo jovense os empurra para os movimentos terroristas. Basta lembrar que os atentados contra o jornal “Charlie Hebdo”, in January of 2015, em Paris, que vitimaram doze pessoas, foram perpetrados por dois muçulmanos nascidos na França. Naquele mesmo dia, outro francĂȘs muçulmano matou a tiros uma policial em Montrouge, na periferia de Paris, e no dia seguinte invadiu um supermercado kasher e matou mais quatro pessoas.

O dilema que se coloca, e que dominou a campanha presidencial na França Ă©, at the bottom, um dilema civilizacional: acolher – e integraresta massa humana que compartilha valores “ocidentais” tanto quanto salvaguarda as suas profundas raĂ­zes islĂąmicas. Mas como fazĂȘ-lo? Esta resposta os franceses ainda nĂŁo encontraram. Somente queo IslĂŁ Ă© a segunda religiĂŁo mais professada no paĂ­s, atrĂĄs apenas do cristianismo. Outro dado importante: a França tem o maior nĂșmero de muçulmanos no mundo ocidental, oriundos sobretudo das ex-colĂŽnias francesas no Maghreb, da África Ocidental e do Oriente MĂ©dio (e recordamos como foi traumĂĄtico o processo de independĂȘncia desses paĂ­ses). In this context, organismos de pesquisa estimam que o nĂșmero de mulçumanos franceses soma entre 3 e 4 millions, num universo de 67,39 millons of citizens, 5,6% dos quais com mais de 15 years, e 10% com menos de 25 years, numa população cada vez mais envelhecida. Como afirma a professora Rim-Sarah Alouanefrancesa e muçulmana –pesquisadora da Universidade de Toulouse I, numa matĂ©ria do New York Times, que o EstadĂŁo replica “e este paĂ­s Ă© meu tanto quanto de (Marine) Le Pen ou de (Emannuel) Macron. Num momento em que polĂ­ticos e eruditos exigem que os muçulmanos ”adotem valores republicanos” se quiserem ser parte do paĂ­s, Ă© revelador que os franceses possam eleger uma candidata cuja ideologia essencial viola os valores de liberdade e fraternidade que a França defende hĂĄ muito tempo. Nesta ironia reside o lapso entre o que a França poderia ser e o que ela Ă©â€.

For now, a reeleição de Macron afastou (?) o dilema. Mas ele persiste, haja vista a que Marine Le Pen obteve 41,4% of votes, against 58,6% para o reeleito: that is, uma diferença suficientemente pequena para servir de alerta. Quase metade dos franceseso comparecimento Ă s urnas foi muito reduzido – revela que a questĂŁo civilizacional, que foi o foco da campanha, tende a acirrar-se e a dominar o universo polĂ­tico no futuro. E xenofobia, intolerĂąncia, racismo, e seus derivados tĂȘm raĂ­zes mais profundas que as questĂ”es “racionais”; fazem parte do universo mĂ­tico de como nos vemos como indivĂ­duos e população.

SĂł que a roda das civilizaçÔes nĂŁo vai parar por esta(s) reason (Ă”es). Ela segue inexorĂĄvel em direção ao futuro, e no processo de internacionalização (mais do que globalização) dos paĂ­ses e culturas que se conforma, sobra cada vez menos espaço para antagonismos atĂĄvicos. Serve o alerta, creio, para o restante da Europa, also…

Sugiro aos amigos que leiam a matĂ©ria “Le Pen segue tĂŁo perigosa como sempre foi”, da professora Rim Sarah Alaouane, below:

Fausto Godoy
Doctor of Public International Law in Paris. He entered the diplomatic career in 1976, served in Brussels embassies, Buenos Aires, New Delhi, Washington, Beijing, Tokyo, Islamabade (where he was Ambassador of Brazil, in 2004). He also completed transitional missions in Vietnam and Taiwan. Lived 15 years in Asia, where he guided his career, considering that the continent would be the most important of the century 21 - forecast that, now, sees closer and closer to reality.