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Reconstruction of Ukraine with Russian assets: legal implications and risks for global trust

The European Union (EU) está considerando a utilização dos recursos russos congelados como uma forma de financiar a reconstrução da Ucrânia, país devastado pela guerra. Embora a intenção por trás dessa medida possa ser vista como nobre, visando aliviar o sofrimento ucraniano e contribuir para a estabilidade regional, essa ação levanta sérias preocupações sobre a confiança nos regimes internacionais e no respeito ao direito internacional.

Firstly, a ideia de utilizar ativos congelados de outro país para fins de reparação é inédita em muitos aspectos e desafia o entendimento tradicional do direito internacional. Usually, os ativos congelados são mantidos em um estado de suspensão como medida de pressão diplomática ou econômica, sem que haja a sua apropriação permanente. Segundo especialistas em direito internacional, a apropriação de tais recursos sem um acordo formal pode ser interpretada como uma violação das normas de soberania e de propriedade, colocando em risco a integridade do sistema jurídico internacional que tem como base a reciprocidade e a confiança mútua entre as nações.

De acordo com a Constituição da Rússia e os tratados internacionais aos quais é signatária, a propriedade privada, incluindo ativos no exterior, é protegida contra apropriação indevida. Like this, a utilização dos recursos russos congelados pela UE pode ser vista como um ato de expropriação, o que poderia desencadear retaliações econômicas e diplomáticas por parte da Rússia. Besides that, tal medida poderia estabelecer um precedente perigoso, onde outros países se sentiriam legitimados a utilizar ativos congelados de nações adversárias para seus próprios fins, enfraquecendo o princípio da inviolabilidade da propriedade privada no âmbito internacional.

A reação global a essa potencial ação da UE também merece atenção. Países como China, India, África do Sul e Brasil, que mantêm uma postura mais neutra ou pragmática em relação ao conflito entre Rússia e Ucrânia, podem ver essa medida com desconfiança. A China, for example, tem um histórico de defender a não interferência nos assuntos internos de outros países e pode considerar a apropriação de ativos russos como um precedente perigoso que poderia futuramente ser utilizado contra seus próprios interesses. Similarly, the India, que tem laços históricos com a Rússia, poderia interpretar essa ação como um desvio inaceitável dos padrões estabelecidos de governança internacional.

Besides that, o impacto sobre a confiança nos regimes internacionais não pode ser subestimado. A ordem internacional baseada em regras, que emergiu após a Segunda Guerra Mundial e foi consolidada com a criação das Nações Unidas, se fundamenta na confiança de que as normas serão seguidas e respeitadas. Qualquer erosão dessa confiança pode levar a uma maior instabilidade global, onde os estados se tornam mais propensos a agir unilateralmente, sem considerar as repercussões de longo prazo de suas ações.

A reconstrução da Ucrânia é uma necessidade urgente e incontestável, e o desejo da UE de contribuir para esse processo é louvável. However, essa ajuda deve ser proporcionada de maneira que não comprometa os princípios fundamentais do direito internacional e a estabilidade das relações internacionais. Alternativas, como um acordo negociado com a Rússia ou a busca de fontes de financiamento internacionais adicionais, devem ser exploradas para garantir que a resposta à crise não cause danos colaterais à ordem global.

Enquanto a ideia de utilizar os recursos russos congelados para a reconstrução da Ucrânia pode ser impulsionada por um desejo genuíno de apoiar um país em dificuldades, é imperativo considerar as implicações legais e políticas de tal ação. A confiança nos regimes internacionais e o respeito ao direito internacional são pilares essenciais para a paz e a estabilidade global, e qualquer medida que os comprometa deve ser cuidadosamente ponderada.

Rodrigo Cintra
Post-Doctorate in Territorial Competitiveness and Creative Industries, by Dinâmia - Center for the Study of Socioeconomic Change, of the Higher Institute of Labor and Enterprise Sciences (ISCTE, Lisboa, Portugal). PhD in International Relations from the University of Brasília (2007). He is Executive Director of Mapa Mundi. ORCID https://orcid.org/0000-0003-1484-395X