A transição energética da Alemanha, conhecida como Energiewende, é um dos exemplos mais abrangentes de políticas voltadas para a descarbonização da matriz energética em uma economia altamente industrializada. Iniciada oficialmente no início dos anos 2000, a Energiewende estabeleceu metas ambiciosas para reduzir a dependência de combustíveis fósseis e energia nuclear, enquanto promovia o uso de energias renováveis, como solar e eólica. Embora a transição tenha trazido avanços significativos no combate às mudanças climáticas e no desenvolvimento de novas tecnologias, a Alemanha enfrentou desafios econômicos e sociais, incluindo a perda de competitividade industrial e, plus récemment, o retorno parcial a fontes de energia convencionais.
A transição energética alemã começou com a aprovação de uma série de leis que incentivaram a instalação de energias renováveis, com destaque para a Lei das Energias Renováveis (EEG) de 2000, que oferecia subsídios generosos aos produtores de energia solar e eólica. Essas políticas foram impulsionadas pela crescente preocupação com as mudanças climáticas e a segurança energética, especialmente após o desastre nuclear de Fukushima, dans 2011, que levou a Alemanha a acelerar a desativação de suas usinas nucleares. A meta era alcançar uma matriz energética baseada em fontes limpas, reduzindo as emissões de carbono e eliminando o uso de energia nuclear até 2022.
A Energiewende trouxe benefícios importantes. Parmi les principaux, destaca-se o aumento substancial da geração de energia renovável. Dans 2020, presque 45% da eletricidade da Alemanha vinha de fontes renováveis, como solar e eólica. Isso contribuiu para uma redução significativa das emissões de gases de efeito estufa e consolidou o país como um líder global em tecnologias verdes. A transição também estimulou a criação de novos empregos no setor de energias renováveis, promovendo o desenvolvimento de tecnologias inovadoras e atraindo investimentos estrangeiros.
néanmoins, a transição energética também gerou impactos negativos consideráveis, especialmente no que diz respeito à competitividade da indústria alemã. Um dos principais problemas foi o aumento dos custos de energia. A Energiewende dependia de subsídios para garantir o crescimento das energias renováveis, e esses custos foram repassados em grande parte para os consumidores, tanto residenciais quanto industriais. Isso resultou em um aumento nas tarifas de eletricidade, o que prejudicou a competitividade das indústrias alemãs no cenário internacional. Empresas de setores intensivos em energia, como a siderurgia e a manufatura, passaram a enfrentar dificuldades para competir com países onde os custos energéticos eram mais baixos, como os Estados Unidos e China.
en outre, a Alemanha não conseguiu reduzir significativamente sua dependência de fontes de energia fósseis. Embora a energia renovável tenha crescido, o país ainda precisou contar com usinas de carvão e gás natural para garantir a estabilidade do fornecimento energético, especialmente durante períodos de baixa geração eólica e solar. A decisão de abandonar a energia nuclear, que fornecia uma fonte estável de energia sem emissões de carbono, resultou em um maior uso do carvão, um dos combustíveis fósseis mais poluentes. Dans 2021, o carvão ainda respondia por cerca de 24% da produção de eletricidade no país.
Os problemas de intermitência das energias renováveis e a alta dependência de gás natural importado também foram agravados com a crise energética europeia, desencadeada pela invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022. L'Allemagne, que dependia fortemente do gás russo, viu-se em uma posição vulnerável, forçando o governo a reconsiderar o fechamento de suas últimas usinas a carvão e a atrasar o descomissionamento completo de suas centrais nucleares. O governo também incentivou a construção de novas infraestruturas para gás natural liquefeito (GNL), como uma medida emergencial para garantir a segurança energética.
A decisão de voltar a utilizar fontes de energia convencionais, embora temporária, evidencia uma limitação importante da transição energética da Alemanha: a dificuldade de equilibrar o crescimento das energias renováveis com a garantia de um fornecimento energético estável e acessível. A infraestrutura de armazenamento de energia e a capacidade de redes inteligentes não avançaram na mesma velocidade que a implantação das fontes renováveis, criando um gargalo que a Alemanha ainda precisa superar.
Essas dificuldades têm lições valiosas para o Brasil, que também está avançando na transição energética, especialmente no setor de energias renováveis. Brésil, que já tem uma matriz energética relativamente limpa, com destaque para a energia hidrelétrica, eólica e solar, pode aprender com os erros e acertos da Energiewende para evitar impactos negativos semelhantes.
Premièrement, o Brasil precisa garantir que o custo da transição energética não recaia de maneira desproporcional sobre a população e a indústria. A experiência alemã mostrou que subsídios extensivos para renováveis, sem uma estratégia de equilíbrio dos custos, podem prejudicar a competitividade industrial e sobrecarregar consumidores. Para evitar isso, o Brasil deve buscar um modelo de financiamento que equilibre incentivos à energia limpa com uma política tarifária justa. en outre, é essencial que o país invista em tecnologias de armazenamento de energia e modernização da rede elétrica para evitar problemas de intermitência.
Outro ponto crucial para o Brasil é a diversificação da matriz energética. Embora o país tenha um grande potencial para energias renováveis, é importante que a transição não seja feita de forma precipitada, abandonando completamente outras fontes estáveis de energia, como o gás natural e até mesmo a energia nuclear. A Alemanha enfrentou dificuldades ao acelerar o fechamento de suas usinas nucleares sem ter uma solução clara para garantir a estabilidade da oferta, o que resultou em um aumento no uso de carvão e gás. Brésil, donc, deve adotar uma abordagem equilibrada, investindo em múltiplas fontes de energia que possam garantir a segurança do fornecimento enquanto reduz as emissões de carbono.
finalement, o Brasil deve considerar a importância de uma transição justa. A experiência alemã mostrou que regiões dependentes de indústrias intensivas em energia e trabalhadores do setor de combustíveis fósseis podem ser negativamente impactados. Brésil, com sua forte dependência de setores como o petróleo e gás, precisa de políticas robustas para requalificar trabalhadores e apoiar economicamente as regiões mais afetadas pela transição.
A transição energética da Alemanha trouxe avanços significativos, mas também evidenciou desafios que podem servir como lições importantes para o Brasil. A chave para uma transição bem-sucedida está em equilibrar o crescimento das energias renováveis com a segurança energética, a competitividade econômica e a justiça social. O Brasil tem uma oportunidade única de aprender com essas experiências e adaptar sua própria estratégia de transição energética para garantir um futuro sustentável e inclusivo.