A Itália vive uma crise sanitária com os graves efeitos da Covid-19 para a vida das pessoas e da economia. Não bastasse a pandemia, a instabilidade política impõe-se como obstáculo ao futuro do país e é nesse contexto que o economista Mario Draghi, ex-chefe do Banco Central Europeu (BCE), que salvou a Zona do Euro sacudida por dívidas, aceitou o convite do presidente italiano, Sergio Mattarella, para formar um governo de unidade nacional após a crise gerada pela renúncia de Conte, tornando-se o primeiro-ministro do país. Estimular a estagnada economia italiana é um desafio dos políticos que o antecederam no cargo – mas acabaram decepcionando. Assim, ele é a melhor opção – um político com uma extraordinária capacidade de execução e ótima reputação internacional: “A sua experiência será um ativo excepcional à Itália e à Europa como um todo, especialmente nestes tempos difíceis”, segundo a presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen.
O país encontra-se em sua pior recessão dos últimos tempos e Draghi e sua equipe de ministros deverão enfrentar desafios, tais como combater a pandemia com a implementação de um Plano de Imunização efetivo e criar políticas ativas para a geração de emprego e especialização da mão de obra. Como apoio a essas medidas, a União Europeia oferecerá uma ajuda de, aproximadamente, 210 bilhões de euros à Itália. Ademais à crise sanitária, Draghi precisará lidar com políticas econômicas e ambientais. No que tange a economia, o novo Ministro visa políticas monetárias expansivas e cooperação internacional. Já na questão ambiental, ele pretende criar um ministério de transição verde para se opor às mudanças climáticas.
Suas futuras medidas podem refletir nos possíveis impactos do acordo UE – Mercosul. Como certos países membros do bloco europeu foram contra o acordo, as falas de Draghi contra agressões humanas na natureza levam a acreditar que, apesar dos âmbitos de expansão monetária e econômica, que seriam impulsionados pela firma do acordo, ele seguiria com o posicionamento prevalecente em seu respectivo bloco, uma vez que, as “medidas” ambientais tomadas por governos membros do Mercosul, como o Brasil, desagradam profundamente as autoridades europeias. Em meio aos variados impasses no acordo, Draghi deve manter-se coerente com a União Europeia, priorizando as políticas ambientais de seu novo governo na Itália e seguindo as exigências do bloco em relação ao meio ambiente.
Portanto, o novo primeiro-ministro italiano obteve o voto de confiança do Senado, tendo 262 votos a favor, para seu programa de reconstrução do país, atingido pela crise sanitária e econômica, e a promessa de combater a pandemia. Assim, políticos de esquerda, direita e centro se unem para apoiar a tentativa do economista e ex-presidente do BCE de formar um governo de unidade nacional e uma coalizão no Parlamento. Isto posto, torna-se nítido as dificuldades que deverão ser enfrentadas a partir de seu comprometimento com o país e a população italiana, mas positivamente, Draghi defende em seu discurso: “uma União Europeia mais integrada que conduza a um orçamento público comum, capaz de sustentar os Estados membros em períodos de recessão”. Além disso, vale ressaltar seu compromisso com o meio ambiente, que vai além de políticas internas do país e dos demais europeus, mas que busca englobar metas de política externa, como é o caso do acordo UE – Mercosul.
Referências Bibliográficas
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VERDÚ, Daniel. Draghi esboça reforma europeísta e ambientalista para a Itália em seu primeiro grande discurso como premiê. El País, 2021. Disponível em: https://brasil.elpais.com/internacional/2021-02-18/draghi-esboca-reforma-europeista-e-ambientalista-para-a-italia-em-seu-primeiro-grande-discurso-como-premie.html. Acesso em: 11/04/2021.
Autoras: Gabriela Lombardi e Giulia Vanni, pesquisadoras do NENE-ESPM
