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O problema do petróleo do brasil

Como as atuais pandemias e tendências recentes podem moldar o futuro da geração de petróleo rumo a substitutos de energia limpa de baixo carbono no Brasil?

Considerando a alta e a volatilidade dos preços do petróleo no atual cenário incerto promovido pelas pandemias COVID-19, o choque de oferta experimentado causado por bloqueios da indústria, bem como uma reputação fragilizada do governo brasileiro, a análise proposta consiste na elaboração de três cenários em torno do objetivo da estratégia.

Em um ano onde o mundo, apesar de sofrer com as pandemias, comprometeu um recorde de $ 501,3bi para a descarbonização, em quais empresas, governos e famílias investiram $ 303,5bi em nova capacidade de energia renovável (BloombergNEF, 2021), a importância de se considerar a transição energética de baixo carbono como plano de contingência para o Brasil, surgem não apenas como uma oportunidade econômica, mas também como um vetor para promover práticas ESG entre seus stakeholders.

A despeito de, uma grande questão a ser apontada é que empresas que não desenvolvem suas vantagens competitivas no mercado, tende a se deteriorar com o tempo. Com base em dados coletados pela BloombergNEF (2021), as principais empresas europeias estão mudando para metas de emissão zero. Concha, Repsol, Galp, estão liderando a expansão para o novo mercado de produção de energia sustentável de usinas solares e eólicas de médio a grande porte, para células de combustível de hidrogênio, biomassa, biocombustíveis e geração de energia geotérmica. O grupo petroquímico sul-coreano, SK Innovation, fez uma parceria de $ 1,5bi com a Plug Power para acelerar a expansão da economia do hidrogênio nos mercados asiáticos (Plug Power Inc, 2021).

Assim, não é difícil observar uma agenda tão favorável considerando fatores sustentáveis, ou seja, baixas emissões de carbono e uma mudança para práticas verdes, dos atuais líderes mundiais. Levando em consideração o anunciado 2040 Roteiro da economia do hidrogênio pelo governo sul-coreano, de acordo com Jeong E. Ha (2019), o governo coreano espera que, apoiando e investindo no desenvolvimento da economia do hidrogênio em nível nacional, como um esforço para diminuir sua alta taxa de desemprego, promoverá o crescimento econômico do país. Apesar de um movimento tão forte como o mencionado acima, é imperativo notar uma mudança global em direção a uma revolução de energia limpa.

Quando as agendas do líder mundial, como o plano de Joe Biden para alcançar uma rede elétrica livre de carbono por 2035, promover a dissolução de 2.4 trilhões de quilowatts-hora de eletricidade movida a fóssil consumida nos EUA, 60% do total de eletricidade consumida em 2019 (WILLIAMS; LAMPERT, 2021), um dos maiores problemas que a indústria petroquímica brasileira enfrentará é o descaso de nosso atual governo em relação às preocupações ambientais e melhorias na eficiência, sustentabilidade e transformação do setor de energia mundial como um todo.

Cenário 1

Apesar do cenário atual, marcado por enormes desafios causados ​​pelas pandemias COVID e pelo choque de oferta global, o setor de petróleo brasileiro conseguiu reverter a trajetória de seu resultado contábil no primeiro semestre do ano, final 2020 com um sólido desempenho operacional e financeiro, no caso da Petrobras (2020). Em meio a uma recuperação rápida e capacidade de remediar os riscos enfrentados no ano anterior, setor deve começar a solidificar sua atuação, perceber os gargalos no modelo atual da cadeia de abastecimento e trabalhar para um desempenho melhor do que nunca. Por mais que as pandemias evidenciem a fragilidade do setor, tais eventos devem ser tratados como cisnes negros. Juntamente com uma boa gestão, as falhas evidenciadas fortalecerão a indústria, que tende a retornar aos níveis de crescimento anteriores enfrentados antes do COVID-19 em um curto período de tempo.

Cenário 2

Para uma indústria que depende fortemente de seus parceiros internacionais para exportação de petróleo, além de fonte de refinamento do óleo pesado produzido no país (GRAGNANI, 2019), o atual cenário que o Brasil enfrenta deve ser um alerta para o setor. Devido ao plano de contingência com defeito para o COVID-19, além do aumento da instabilidade política enfrentada na administração do presidente Jair Bolsonaro, de acordo com Lima (2020), os investimentos estrangeiros diretos do país estão caindo para números históricos vistos apenas sobre 25 ano atrás.

Levando em consideração todos os fatores que contribuem para a situação atual do Brasil, junto com a falta de governança ambiental e sustentável no setor, uma abordagem pessimista englobaria que este cenário tenderá a permanecer e piorar. As empresas continuarão voando para fora do país, o aumento das pressões externas afetará o atual modelo de negócios adotado pela indústria e o setor ficará para trás de alternativas menos voláteis e acelerará a transição energética de baixo carbono para produtos sustentáveis.

Não obstante o retrocesso do progresso em meio à situação global, empresas como a Petrobras e o setor devem começar a elaborar e considerar novos modelos baseados em alternativas eficientes e sustentáveis ​​para suas amplas operações de petróleo, provando às partes interessadas a necessidade de uma alocação de recursos diferente e visão para a revolução da energia sustentável. Com base na diversificação de suas operações, o setor estará menos sujeito à volatilidade e ao mesmo tempo, ao mesmo tempo em que engloba práticas ESG, ficar à frente das empresas que permanecem no antigo modelo operacional ortodoxo.

REFERÊNCIAS

BLOOMBERG NEF. Tendências de investimento em transição de energia: Rastreando o investimento global na transição energética de baixo carbono. BloombergNEF, [s. eu.], jan. 2021. Disponível em: <https://assets.bbhub.io/professional/sites/24/Energy-Transition-Investment-Trends_Free-Summary_Jan2021.pdf. Acesso em: 3 março. 2021>.

GRAGNANI, Juliana. Se o Brasil é autossuficiente em petróleo, por que ainda importa o recurso? BBC News Brasil, Londres, 6 nov. 2019. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-50316414>. Acesso em: 6 março. 2021.

HA, Jeong Eun. Plano de Economia do Hidrogênio na Coréia. Agência Empresarial Holandesa, [S. eu.], 18 jan. 2019. Tecnologia e Ciência. Disponível em: <https://www.rvo.nl/sites/default/files/2019/03/Hydrogen-economy-plan-in-Korea.pdf>. Acesso em: 4 março. 2021.

LIMA, Mario sergio. Investimento estrangeiro no Brasil atinge menor nível em 25 anos. Bloomberg, [S. eu.], 26 maio 2020. Economia. Disponível em: <https://www.bloomberg.com/news/articles/2020-05-26/foreign-investment-into-brazil-hits-25-year-low-amid-pandemic?sref = TkXa3Og7>. Acesso em: 6 março. 2021.

PETROBRAS. Desempenho Financeiro: 4º Trimestre de 2020. 24 Fev. 2021. Disponível em: <https://petrobras.com.br/fatos-e-dados/>. Acesso em: 6 março. 2021.

PLUG POWER INC. Plug Power e Grupo Sul-coreano SK para formar uma parceria estratégica. GLOBE NEWSWIRE. 6 jan. 2021. Disponível em: <https://www.ir.plugpower.com/>. Acesso em: 4 março. 2021.

WILLIAMS, Nia; LAMPERT, Allison. Canadá planeja impulso hidrelétrico enquanto Biden busca limpar os EUA. grade. Reuters, CALGARY, Alberta / MONTREAL, 9 Fev. 2021. ENERGIA & AMBIENTE. Disponível em: <https://www.reuters.com/article/us-canada-hydro-idUSKBN2A92JB>. Acesso em: 6 março. 2021.

Alexandre Tognini