Por Isabela Suzuki Paro e Pedro Silveira Soares
As eleições federais alemãs ocorreram no dia 26 de Setembro de 2021. Os cidadãos votam a cada 4 anos para eleger os 735 membros do parlamento, o Bundestag. Quando os membros estão definidos, eles se unem em coalizões para formar a maioria, para então eleger o novo chanceler federal (geralmente o líder do partido que mais conquistou cadeiras dentro da coalizão majoritária). Já que é muito difícil um único partido obter maioria absoluta, tornando a união de diversos partidos em uma só coalizão algo necessário, é bem possível que os acordos para a formação de uma nova coalizão sejam concluídos apenas no fim do ano.
Após 16 anos no poder, Angela Merkel, da União Democrata-Cristã (CDU), não será mais a chanceler federal, assim que as coalizões forem formadas e o novo chefe de governo for escolhido, o que representa o fim de uma era.
O SPD (sociais-democratas), liderado por Olaf Scholz, atual vice-chanceler e ministro das finanças da Alemanha, conseguiu 25,7% dos votos, garantindo ao partido 206 assentos. A CDU (partido de Angela Merkel) e a CSU, partidos conservadores, se uniram em torno do nome de Armin Laschet como líder, os dois partidos somados obtiveram 24,1% dos votos e conseguiram 196 cadeiras. Os ‘’Verdes’’, liderado por Annalena Baerbock ficaram com 14,8% dos votos, o que rendeu 118 cadeiras. Estes foram os partidos e candidatos que obtiveram melhor desempenho, e o próximo chanceler será certamente um dos 3. O FDP (Partido Liberal) ficou com 11,5% dos votos e isso o garantiu 92 assentos. Os ultra-direitistas da AfD receberam 10,3% dos votos, ficando com 83 cadeiras. O partido “A Esquerda”, tendo 4,9% dos votos, ficou com 39 cadeiras. Demais partidos menores obtiveram, somados, 8,7% dos votos.
Há certos temas nos quais existe muita concordância entre os três candidatos, como a pandemia do coronavírus e a crise no Afeganistão; todos são contrários à adoção de novas medidas que restringem a circulação e também defenderam que a Alemanha tenha uma maior relevância na política de segurança europeia. No campo das mudanças climáticas, há muitas discordâncias. O ambientalismo é uma das principais bandeiras de Baerbock, chegando até a defender o banimento de certos produtos como forma de combater a mudança climática, medida fortemente criticada por Laschet. Scholz defendeu a expansão das energias solar e eólica. Quanto à política tributária, ao passo que Laschet repudia qualquer aumento de impostos, Scholz e Baerbock concordam em aumentar os impostos sobre os mais abastados e aumento do salário mínimo.
Os resultados foram bem acirrados, especialmente entre os três partidos mais votados, o que significa que os acordos são imprevisíveis e levarão tempo para serem concluídos. É provável que a coalizão que formará o novo governo seja composta por 3 partidos e não 2 como é de costume, algo que não é visto nas eleições nacionais do país desde 1950. Enquanto Laschet é contrário a “mudanças bruscas”, o SPD e o Verdes buscam modernização e mudança, tanto nas propostas defendidas quanto na coalizão do próximo governo. Alianças com partidos não tão tradicionais como o A Esquerda e o FDP podem ser decisivas para a formação do próximo governo.
REFERÊNCIAS:
MENDES, Helen.Eleições na Alemanha: Saiba como está a corrida para substituir Angela Merkel. Gazeta do povo. Segunda-feira, 13 de Setembro de 2021.
POLITICO. German election debate: As it happened. Político. September 12,2021.
STRUCK,Jean Philip. Candidatos à sucessão de Merkel travam debate inédito na Alemanha. DW notícias. 29 de Agosto de 2021.
PRANGE,Astrid. A Alemanha está exausta. DW notícias. 17 de Agosto de 2021.
REDAÇÃO RBA. Social-democratas buscam coalizão com verdes e liberais na Alemanha. Rede Brasil Atual. 27 de Setembro de 2021.
G1. Eleições na Alemanha: sociais-democratas vencem por margem pequena e partido de Angela Merkel fica em segundo, apontam resultados preliminares. G1. 27 de Setembro de 2021.