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Eleições na Espanha

Na monarquia parlamentarista espanhola, em abril de 2019, eleições foram realizadas nas quais cinco dos 16 partidos políticos tiveram a chance de chegar ao governo. O Partido dos Trabalhadores Socialistas (PSOE, liderado por Pedro Sánchez), Partido Popular (PP, liderado por Pablo Casado), Cidadãos (liderado por Albert Rivera), Unidas Podemos (liderado por Pablo Iglesias) e o Vox (liderado por Santiago Abascal). Sabendo do seu sistema multipartidário, suas eleições funcionam com voto proporcional e em lista fechada, portanto, os votos são a favor do partido e inalteráveis (aumentando a dependência dos representantes dos seus partidos e líderes políticos). Tendo isso em vista, sabemos que embates políticos entre os partidos são comuns por terem ideologias distintas, além de rivalidades, como PSOE e PP, que são os partidos com maior influência nacional. Logo, um embate nacional entre esquerda e direita é travado em Madri, após a governadora, Isabel Ayuso (Partido Popular), renunciar seu cargo. Em seguida, o vice-premiê da Espanha, Pablo Iglesias (Unidas Podemos), renuncia para disputar o governo de Madri.

Contudo, essa não é a primeira vez que o país vai às urnas a pedido de convocação eleitoral fora de hora, a política espanhola está paralisada e ninguém parece ter a solução para desbloqueá-la. A eleição na Espanha, ocorrida no dia 10 de novembro, foi a quarta desde dezembro de 2015 e a última foi realizada dia 4 de maio de 2021. Nas eleições de abril de 2019, a vitória foi do bloco de esquerda (PSOE), mesmo tendo o partido PP tentado diminuir a visibilidade dos socialistas com estratégias de crispação. Porém, o próprio partido sofreu com seu critério de diminuição do apoio eleitoral, fazendo com que reduzisse a presença dos populares no Congresso, mesmo tendo uma coalizão com os Cidadãos. Em novembro de 2019, PSOE e Podemos, chegaram a um acordo, com a tentativa de uma nova formação de Governo de esquerda para as novas eleições, em busca de destravar a política espanhola, porém travando-a mais ainda e dando impulso ao Partido Popular (PP) – que passa de 66 cadeiras para 87 – e permitiu a explosão da extrema direita: o Vox pula de 24 para 53 cadeiras. Mesmo com toda essa mudança e aumento no apoio eleitoral dos rivais o presidente de Governo, Pedro Sánchez, venceu novamente, entretanto o grau de dificuldade para formar um governo com maioria absoluta se tornou ainda mais difícil.

A popularidade do partido Cidadãos começa a entrar em colapso, após seu fraco desempenho nas Eleições Gerais de novembro de 2019 e um fracasso na tentativa de depor o governo regional de Múrcia através de um voto de não confiança inesperado.  No ano de 2021, o partido em conjunto com o Partido Socialista Operário Espanhol, expuseram uma ação surpresa de não confiança na região de Múrcia indo contra o governo do Partido do Povo e Cidadãos. O inexistente sucesso da ação se deu devido ao abandono de deputados Cidadanos e gerou um “terremoto político” pelo país. Consequentemente, membros do alto escalão do partido abandonaram o mesmo e as eleições regionais. Por fim, a decisão da governadora Isabel Díaz sobre sua renúncia ao cargo e antecipação das eleições, foi declarada após o rompimento do Partido Cidadãos com o governo dos conservadores do Partido Popular na região de Múrcia para a tentativa de governar com os socialistas.

Atualmente, Isabel Díaz se estabiliza como um fenômeno político na Espanha, vencedora das eleições locais, que ocorreram agora em maio de 2021, a presidenta do Governo da Comunidade de Madrid, governa com conforto e não precisará do apoio do ultradireitista Vox para cada lei. O bloco da direita conquista uma diferença de 18 cadeiras da esquerda, fato que não ocorria a dois anos. Diante o acontecimento, Pablo Iglesias (candidato do Unidas Podemos) deixa a política alegando não ter conseguido ser o diferencial que esperava. Em 2023, novas eleições acontecerão e irão servir de reavaliação da gestão do atual governo que até então promete liberdade para barrar impostos, proteger a educação pública, privada concertada (mistura de pública e privada) e cuidar da sanidade dos indivíduos durante a pandemia.

REFERÊNCIAS

EL PAíS. Vitória socialista na Espanha. 29 abr 2019. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/04/28/opinion/1556485948_524143.html 

BALAGO, Rafael. Folha. Eleição antecipada em Madri vira embate entre esquerda e direita. 31 mar 2021. Disponível em: Eleição antecipada em Madri vira embate nacional entre …https://www1.folha.uol.com.br › mundo › 2021/03 › el…

CUÉ, Carlos. El País. Eleições na Espanha tem alta da extrema direita e não destrava caminho para formar Governo. 11 nov 2019. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/11/10/internacional/1573402081_937586.html 

CORREIO. Eleições antecipadas em Madri sacodem a polícia na Espanha. 10 mar 2021. Disponível em: https://correio.rac.com.br/_conteudo/2021/03/agencias/1072630-eleicoes-antecipadas-em-madri-sacodem-a-politica-na-espanha.html

COHEN, Sandra. G1.Vitória arrasadora da direita em Madri reconfigura política na Espanha. 05 mai 2021. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/blog/sandra-cohen/post/2021/05/05/vitoria-arrasadora-da-direita-em-madri-reconfigura-politica-na-espanha.ghtml 

FOLHA DE SÃO PAULO. Psoe e Podemos chegam a acordo para formar governo de esquerda na Espanha. 12 nov 2019. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2019/11/psoe-e-podemos-chegam-a-acordo-para-formar-governo-de-esquerda-na-espanha.shtml

Autores: Gabriel Arcanjo e Luiza Abate

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