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Ameaça de Trump ao BRICS: a moeda única e o embate pela hegemonia econômica global


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Em um cenário internacional marcado por tensões geopolíticas crescentes, o ex-presidente Donald Trump reacendeu debates globais ao ameaçar taxar em 100% produtos vindos dos países do BRICS caso avancem com a criação de uma moeda única. A proposta, que busca reduzir a dependência do dólar e fortalecer a cooperação econômica entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, tem levantado questões cruciais sobre o papel das instituições e normas na governança global. Sob a perspectiva de Robert Keohane, teórico das relações internacionais e defensor do institucionalismo liberal, essa situação pode ser entendida como um choque entre a busca por poder hegemônico e a interdependência que caracteriza o sistema internacional contemporâneo.

A criação de uma moeda única pelo BRICS seria, indubitavelmente, um desafio à supremacia do dólar como principal moeda de reserva mundial. Esse movimento seria emblemático da transição de um sistema unipolar, dominado pelos Estados Unidos, para um cenário mais multipolar. Para Trump, conhecido por sua visão protecionista e seu desprezo por arranjos multilaterais, a ideia soa como uma ameaça direta à influência econômica e política dos EUA. Sua resposta imediata – taxar em 100% os produtos importados desses países – reflete uma abordagem unilateral e coercitiva, que contrasta com o ambiente de cooperação que Keohane enxerga como vital para a estabilidade global.

Keohane argumenta que, em um sistema internacional interdependente, as instituições e normas desempenham um papel central na mitigação de conflitos e na promoção da colaboração. Para ele, a hegemonia pode moldar as regras iniciais, mas o sistema depende da continuidade dessas normas, mesmo quando o poder hegemônico se enfraquece. Sob essa perspectiva, a resposta de Trump subverte a lógica cooperativa das instituições globais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), ao priorizar medidas punitivas unilaterais. Essa postura não só mina a credibilidade dos Estados Unidos como líder global, mas também enfraquece o próprio sistema de governança que, por décadas, sustentou o liberalismo econômico internacional.

Do ponto de vista do BRICS, a ideia de uma moeda única é uma tentativa de reduzir a vulnerabilidade às flutuações do dólar e às decisões de política monetária dos Estados Unidos. Em vez de depender de um sistema centrado em uma única hegemonia, os países do bloco buscam criar uma alternativa que reflita o equilíbrio de poder econômico atual. Para Keohane, tais iniciativas, embora desafiadoras, são naturais em um sistema em que o poder é mais difuso e as nações emergentes têm maior voz nas decisões globais. No entanto, ele também enfatizaria que a eficácia de tal moeda dependeria de um grau significativo de confiança, coordenação e institucionalização – elementos que o BRICS ainda precisa consolidar.

A ameaça de Trump não deve ser vista isoladamente. Ela faz parte de um movimento mais amplo de rejeição ao multilateralismo e de reafirmação da política de “America First”. No entanto, essa postura contradiz os próprios interesses de longo prazo dos Estados Unidos. Em um mundo cada vez mais interdependente, estratégias baseadas na punição podem levar a retaliações e à fragmentação do sistema global. O BRICS, por sua vez, pode se fortalecer como um contraponto ao poder hegemônico, desde que consiga superar suas próprias divisões internas e estabelecer uma base institucional sólida para sustentar a cooperação.

A criação de uma moeda única pelo BRICS ainda enfrenta desafios significativos. Diferenças políticas, econômicas e culturais entre os membros do bloco tornam a coordenação um processo complexo. Além disso, a dependência mútua dos mercados globais sugere que qualquer movimento nesse sentido precisaria considerar os impactos não apenas regionais, mas globais. Keohane destacaria que, enquanto a hegemonia pode ser contestada, a estabilidade do sistema internacional depende da existência de normas compartilhadas e instituições capazes de lidar com mudanças estruturais de forma pacífica.

A ameaça de Trump, embora retórica, reflete um sintoma de um mundo em transição, onde antigas hegemonias são desafiadas e novos atores buscam maior protagonismo. Sob a perspectiva de Keohane, a resposta ideal para tais tensões não seria o isolamento ou a punição, mas o fortalecimento das instituições globais que permitem a negociação e a adaptação a novas realidades. Em última análise, a questão não é apenas sobre o BRICS ou o dólar, mas sobre o futuro da cooperação em um mundo que se torna cada vez mais multipolar e interdependente.

Rodrigo Cintra
Pós-Doutor em Competitividade Territorial e Indústrias Criativas, pelo Dinâmia – Centro de Estudos da Mudança Socioeconómica, do Instituto Superior de Ciencias do Trabalho e da Empresa (ISCTE, Lisboa, Portugal). Doutor em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (2007). É Diretor Executivo do Mapa Mundi. ORCID https://orcid.org/0000-0003-1484-395X

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