ISSN 2674-8053

O estremecimento das relações entre Itália e Rússia

Artigo elaborado por Karen Laura Feliciano e Laura Cariolin

Com o agravamento do atual conflito entre Rússia e Ucrânia, a União Europeia pediu aos seus países-membros para que aplicassem sanções contra a Rússia. Um país que foi fortemente afetado ao realizar esse pedido foi a Itália, visto que ela possuía fortes relações comerciais com o país russo, gerando uma crise na distribuição de diversos serviços e produtos. Um dos serviços mais afetados são os que tangem a distribuição de energia europeia, o que afeta principalmente o território italiano, que tinha a Rússia e os antigos países soviéticos como um dos seus maiores fornecedores de energia. Desse modo, é possível identificar abalos em suas relações.

Em primeiro plano, é necessário compreender a antiga parceria entre Rússia e Itália. Segundo dados do Ministério das Relações Exteriores do Brasil a respeito da Itália, os países do antigo bloco soviético significavam uma grande parcela das importações de energia para o país, e as importações de indústrias variadas totalizavam 2,78% em 2020, segundo dados do The Observatory of Economic Complexity (OEC). Visto que as exportações italianas eram 2,6% destinadas à Rússia em 2012. Assim, é perceptível o importante papel da Rússia na economia italiana, não só por sua atribuição comercial, mas também para o abastecimento de sua matriz energética.

Entretanto, com a atual conjuntura da guerra é notável o posicionamento da Itália diante dos acontecimentos na Ucrânia. Assim, embora os dois países tenham fortes laços econômicos há décadas, a invasão russa estimulou o governo de Roma a se realinhar com os aliados europeus. Nesse sentido, a Itália passou a definir uma série de sanções à Rússia, que resultaram em grandes desvantagens ao país. Além das sanções diretamente direcionadas à produção de energia, também houve apreensões de iates e mansões de milionários russos incluídos na lista da União Europeia com a finalidade de prejudicar o governo russo. A consequência desses atos foram diversas, desde a Rússia chamando a posição da Itália de indecente, até a necessidade de encontrar novos parceiros comerciais para o fornecimento de energia. Dessa forma, nota-se que as medidas tomadas pelo governo italiano alteraram de forma relevante as relações entre os dois países.

Conclui-se, portanto, que, apesar da considerável função desempenhada pela Rússia na economia italiana, principalmente no setor energético, é melhor estrategicamente para a Itália se alinhar aos interesses da União Europeia, da qual ela faz parte. Além disso, é possível constatar que a forte relação entre os dois países, não só comercial, mas também diplomática, foi consequentemente alterada por tal posicionamento.

Referências

COMO exportar Itália. Ministério das Relações Exteriores, Brasília, 2014. Disponível em: < https://investexportbrasil.dpr.gov.br/arquivos/Publicacoes/ComoExportar/CEXItalia.pdf> Acesso em 09 abr. 2022

HOROWITZ, Jason. Joining Sanctions on Russia, Italy Risks More Than Most. New York Times, [S.l], 1 mar. 2022. Disponível em: < https://www.nytimes.com/2022/03/01/world/europe/ukraine-russia-italy-sanctions.html>. Acesso em 09 abr. 2022.

Itália apreende mansões e iates de milionários russos. G1, [S.l], 05 mar. 2022. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/ucrania-russia/noticia/2022/03/05/italia-apreende-mansoes-e-iates-de-milionarios-russos.ghtml>. Acesso em 09 abr. 2022.

ITALY. The Observatory of Economic Complexity. Disponível em: <https://oec.world/en/profile/country/ita>. Acesso em 09 abr. 2022

RÚSSIA chama posição da Itália sobre sanções de ‘indecente’. Uol Notícias, [S.l], 07 abr. 2022. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/ansa/2022/04/07/russia-chama-posicao-da-italia-sobre-sancoes-de-indecente.htm>. Acesso em 09 abr. 2022.

Núcleo de Estudos e Negócios Europeus
O Núcleo de Estudos e Negócios Europeus (NENE) está ligado ao Centro Brasileiro de Estudos de Negócios Internacionais & Diplomacia Corporativa (CBENI) da ESPM-SP. Foi criado considerando a necessidade de estimular a comunidade acadêmica brasileira e latino-americana a compreender melhor suas relações com os europeus, buscando compreender e aprofundar a Parceria Estratégica Brasil – União Europeia.