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Plano Colombia Crece e seu impacto sobre a Venezuela

photo: Instagram/Iván Duque

Em agosto (2020) foi anunciado o lançamento do Plano Colombia Crece, resultado da cooperação militar entre os governos da Colômbia e dos Estados Unidos e focado no combate ao narcotráfico. Pode-se dizer que é uma segunda fase do Plano Colombia, responsável pela injeção de USD 7 bilhões dos EUA na Colômbia entre 2000 e 2016.

O acordo acontece num momento em que a Colômbia vivencia níveis alarmantes de violência. Já foram registrados no país, somente em 2020, 46 massacres e mais de mil líderes sociais assassinados.

Até pouco tempo as FARC dominavam o interior do país e, com os acordos de paz, caberia ao Estado colombiano “reocupar” esse espaço. néanmoins, o Estado colombiano é claramente fraco no interior, com uma clara ausência de políticas públicas que permitam a integração das populações, deixando-as relegadas a grupos paraestatais, com força paramilitar.

Um dos pontos mais polêmicos do acordo é o passe livre que é dado aos militares norte-americanos. Eles estão autorizados a entrar no país sem que haja a necessidade de aprovação pelo Parlamento, conforme indica a constituição colombiana. A expectativa para este ano é o envio de 800 militares dos Estados Unidos para a Colômbia.

O plano ganha contornos ainda mais delicados quando se considera que o inimigo declarado é difuso: narcotraficantes e grupos armados. Especialmente na medida em que são típicas organizações transnacionais. Não podemos nos esquecer que a Colômbia é vizinha da Venezuela, que agora ganha um foco especial de atenção em função das eleições presidenciais nos Estados Unidos (ver o artigo Brasil entra no jogo eleitoral dos EUA).

Na divulgação chamou a atenção dada à Venezuela por Robert O´Brien, assessor de segurança internacional do presidente Trump. Foi explícito em rejeitar o governo de Nicolás Maduro. A presença de militares norte-americanos em cidades que fazem fronteira com a Venezuela acaba reforçando um dos objetivos mais centrais deste plano.

Não se trata aqui de ser contrário aos objetivos declarados do Colombia Crece, à saber, combate ao narcotráfico e aos grupos paramilitares. Mas sim de compreender que existem mais coisas em jogo, como o uso da Colômbia como plataforma de projeção de poder dos EUA sobre a região andina.

Rodrigo Cintra
Post-Doc en Compétitivité Territoriale et Industries Créatives, par Dinamia – Centre d'étude du changement socio-économique, de l'Institut Supérieur des Sciences du Travail et de l'Entreprise (CETTE, Lisbonne, le Portugal). Docteur en relations internationales de l'Université de Brasilia (2007). Il est directeur exécutif de la carte du monde. ORCID https://orcid.org/0000-0003-1484-395X