Artigo elaborado por Helena Holland, Isabella Xambre, Camila Freddi
A pressão estética do emagrecimento chegou a um outro patamar: o econômico. Celebridades, como Khloe e Kim Kardashian, vem aparecendo cada vez mais magras em eventos e redes sociais, levando os usuários a questionarem suas dietas e exercícios físicos, uma vez que as mesmas ditam o mundo da moda. Assim, se tornou público o grande segredo das figuras de Hollywood, o Ozempic, um medicamento desenvolvido pela farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk para diabéticos, que tem como princípio ativo a substância liraglutida, que substitui a ação de um hormônio chamado GLP1, fazendo com que a pessoa se sinta mais satisfeita, gerando uma perda de peso acelerada.
O aumento de mais de 25% nas vendas deste produto, tornou a farmacêutica a empresa mais valiosa da Europa ao ultrapassar o conglomerado de luxo LVMH, sendo precificada acima do PIB da Dinamarca, seu país de origem. O sucesso dos medicamentos Ozempic e Wegovy abriram um novo mercado global para os remédios para perda de peso, que o banco de investimentos Goldman Sachs estima atingir US$100 bilhões em vendas até 2030.
Dados da Bloomberg mostram que o crescimento acelerado da Novo Nordisk resultou em um valor de mercado que ultrapassa os US$550 bilhões. Enquanto as exportações do Ozempic e Wegovy crescem, o banco central dinamarquês se preocupa em manter a taxa de juros. O enorme rendimento da farmacêutica gerou um aumento de 2% na economia nacional apenas no ano de 2023, o que refletiu em gastos para o país na área de sustentabilidade, defesa e ajuda à Ucrânia. Ainda, a partir de todo esse crescimento a empresa proporcionou novos empregos, livrando o país de uma possível estagnação econômica.
Entretanto, junto com tanto sucesso e desacelerado crescimento, surgem inúmeras responsabilidades, e especialmente em um país como a Dinamarca, estreitamente preocupado com demonstrações excessivas de sucesso, essa responsabilidade se faz mais que necessária. Por isso, em entrevista à Bloomberg News, o CEO da Novo Nordisk, Lars Fruergaard Jørgensen, demonstrou preocupação com a influência de sua empresa no país.
Vale ressaltar que o uso generalizado e inadequado do Ozempic vem provocando impactos significativos na economia europeia em geral, principalmente no que se refere à disponibilidade do medicamento para pacientes diabéticos que necessitam dele para tratamento médico essencial, colocando em risco sua saúde e qualidade de vida. Para lidar com essa situação e garantir um acesso prioritário aos pacientes que genuinamente necessitam do Ozempic, é imperativo que as autoridades sanitárias europeias implementem medidas eficazes para regular o uso do medicamento.
Ademais, o uso do Ozempic para fins estéticos, sem prescrição médica e acompanhamento profissional, representa um risco à saúde pública. Além disso, a banalização do Ozempic como um “atalho para a magreza” ignora a importância de uma abordagem holística para a saúde e o bem-estar, que inclui alimentação balanceada, atividade física regular e acompanhamento psicológico.
BIBLIOGRAFIA:
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