
A cooperação técnico-militar do Brasil tem se caracterizado por uma estratégia de diversificação de parcerias internacionais, abrangendo nações de diferentes continentes e fortalecendo a capacidade de defesa nacional. Atualmente, o país mantém colaborações significativas com países como Rússia, Namíbia, Suécia e Argentina, além de promover exercícios conjuntos que envolvem potências globais como Estados Unidos e China.
A parceria com a Rússia destaca-se pela transferência de tecnologia e aquisição de sistemas de defesa aérea, como as baterias Pantsir. Essa colaboração visa aprimorar a capacidade de defesa antiaérea brasileira, proporcionando acesso a tecnologias avançadas e fortalecendo a indústria de defesa nacional.
No continente africano, a cooperação com a Namíbia é exemplar. Desde a independência namibiana, o Brasil tem apoiado o desenvolvimento da Marinha local, contribuindo para a formação de pessoal e fornecimento de equipamentos. Essa relação fortalece a presença brasileira no Atlântico Sul e promove a estabilidade regional.
A parceria com a Suécia resultou na aquisição dos caças Gripen NG, por meio do Projeto FX-2. Além da compra das aeronaves, o acordo inclui transferência de tecnologia e produção local, permitindo que a indústria aeronáutica brasileira participe ativamente do desenvolvimento e manutenção desses caças.
Com a Argentina, o Brasil colabora em projetos como o desenvolvimento conjunto do veículo blindado Gaúcho e da aeronave de transporte militar KC-390. Essas iniciativas reforçam a integração regional e ampliam as capacidades militares de ambos os países.
Recentemente, o Brasil sediou exercícios militares que reuniram tropas dos Estados Unidos e da China, refletindo sua posição estratégica e política externa pragmática. Essas manobras demonstram a capacidade brasileira de mediar e cooperar com diferentes potências, equilibrando relações e destacando sua importância no cenário internacional.
A diversificação de parceiros na cooperação técnico-militar é essencial para o Brasil, pois reduz a dependência de fornecedores únicos, amplia o acesso a diferentes tecnologias e fortalece a indústria de defesa nacional. Essa estratégia assegura maior autonomia e capacidade de resposta a desafios de segurança, além de promover a inserção do país em diferentes mercados e fóruns internacionais.
No futuro, espera-se que o Brasil continue expandindo suas parcerias, explorando novas oportunidades de cooperação com países da Ásia e África, e consolidando as relações já existentes. A tendência é que o país busque acordos que envolvam não apenas a aquisição de equipamentos, mas também a transferência de tecnologia e o desenvolvimento conjunto de projetos, fortalecendo sua posição como ator relevante no cenário de defesa global.
Pós-Doutor em Competitividade Territorial e Indústrias Criativas, pelo Dinâmia – Centro de Estudos da Mudança Socioeconómica, do Instituto Superior de Ciencias do Trabalho e da Empresa (ISCTE, Lisboa, Portugal). Doutor em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (2007). É Diretor Executivo do Mapa Mundi. ORCID https://orcid.org/0000-0003-1484-395X