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Ásia

O Afeganistão na encruzilhada (III) – os talibãs, o EI-K, os hazaras e a China
Afeganistão, Ásia, China

O Afeganistão na encruzilhada (III) – os talibãs, o EI-K, os hazaras e a China

Um grupo de hazaras de Daykundi observando o Corpo de Engenheiros do Exército dos EUA inspecionar um local do projeto em sua província (Foto Wikipedia) No último dia 8/10, um militante do Estado Islâmico-K/EI-K (por Korazan, falange afegã do Estado Islâmico), perpetrou um atentado suicida contra uma mesquita xiita na cidade de Kunduz, no norte do país, e matou dezenas de fieis, confirmando o crescente enfrentamento entre os sunitas e a comunidade xiita. Este é mais um episódio que revela a enorme dificuldade que o Talibã encontrará para se afirmar como governo legítimo do país, tanto interna quanto externamente. Numa postagem anterior eu havia assinalado que o intento hercúleo do Talibã de concretizar sua ânsia de retomar o poder desde que, em 2001, foi rechaçado de Cabul pelas tropa...
Posição da União Europeia em relação ao Afeganistão
Afeganistão, Ásia, Organizações Internacionais, União Europeia

Posição da União Europeia em relação ao Afeganistão

Por Giulia Ornellas e Vitor Saatkamp O Afeganistão é um país de grande instabilidade, que vive uma crise contínua desde a Guerra do Afeganistão de 1979. Atualmente, os conflitos civis e crises internas estão se intensificando devido à ditadura implementada pelo grupo Talibã, que, em meados de agosto deste ano, tomou o poder e dominou o país novamente. O regime radical islâmico vem ferindo os direitos humanos dos cidadãos, principalmente da população feminina. Em 2001, o governo americano de George W. Bush, em conjunto com aliados, enviou tropas para depor o regime extremista, e com sucesso, melhorou a situação política e expectativa econômica do país, apesar de ainda enfrentarem muitas dificuldades do ponto de vista humanitário. Com as falhas ocorridas no plano de retirada das tropas...
A nova aliança militar entre EUA, Reino Unido e Austrália
Américas, Ásia, Austrália, China, Estados Unidos, Europa, Oceania, Reino Unido

A nova aliança militar entre EUA, Reino Unido e Austrália

Primeiro Ministro Britânico Boris Johnson, Presidente dos EUA Joe Biden e Primeiro Ministro da Austrália Scott Morrison (Foto montagem) No dia 15 de setembro, um pronunciamento feito pelo presidente Joe Biden, com a participação virtual dos primeiros-ministros britânico, Boris Johnson, e australiano, Scott Morrison, causou protestos da China e indignação na França: EUA e Reino Unido acordavam em repassar para Austrália a tecnologia necessária para a produção local de submarinos de propulsão nuclear. Os protestos chineses são compreensíveis. Afinal, embora o nome da China não tenha sido citado em nenhum momento, é óbvio que a posse de submarinos nucleares pela Austrália tem a finalidade de conter a emergente potência asiática, detentora da maior Marinha do mundo em quantidade de meios...
O Afeganistã na encruzilhada (II) – o gabinete do governo interino
Afeganistão, Ásia

O Afeganistã na encruzilhada (II) – o gabinete do governo interino

Zabihullah Mujahid, Porta vorz do Taliban durante uma coletiva de imprensa em Kabul (6/setembro;2021). EPA-EFE/FILE/STRINGER O Talibã informou ontem, 07/09, os nomes dos integrantes do gabinete interino do governo que instalou em Cabul em 15/08. Diferentemente do que havia anunciado anteriormente, qual seja, estabelecer um critério inclusivo que abrigasse as várias vertentes que compõem a complexa malha étnica e política do país - o que havia gerado uma certa expectativa otimista de parte da comunidade internacional – todos os nomes anunciados são de líderes já estabelecidos, e nenhuma mulher foi incluída. Na verdade, esses nomes remetem à linhagem histórica do movimento radical que predominou no Afeganistão entre 1996 e 2001. E muitos deles despertam má lembrança... Lidera o gab...
Cemitério de impérios
Afeganistão, Américas, Ásia, China, Estados Unidos

Cemitério de impérios

Decolagem de avião da força aérea dos EUA no Aeroporto de Cabul A cena pareceu familiar aos norte-americanos. Um helicóptero de suas Forças Armadas sobrevoou a Embaixada dos EUA num país distante, recolheu passageiros para uma evacuação às pressas, enquanto o inimigo se aproximava por todos os lados. As tropas, depois de longa guerra, estão retornando para casa sem poder comemorar a vitória. As semelhanças entre a retirada de Saigon, ao fim da Guerra do Vietnã, e a retirada de Cabul no último domingo, 15 de agosto, marcando o fim da Guerra do Afeganistão, são óbvias e inescapáveis. Tudo aconteceu numa velocidade espantosa. Numa ofensiva de cerca de dez dias, o Taleban conquistou todas as capitais provinciais e chegou à capital do Afeganistão, Cabul. O presidente Ashraf Ghani fugiu pa...
O Afeganistão numa encruzilhada: cenários
Afeganistão, Ásia

O Afeganistão numa encruzilhada: cenários

Pois é...o Talibã é o dono do poder no Afeganistão, e não há muito o que o mundo possa fazer até que a situação no país esteja mais clara. Fecha-se o círculo cujo traçado teve início em dezembro de 1991 quando as tropas da “Enduring Freedom” e da “International Security Force” (ISAF), da ONU, lideradas pelos americanos, entraram em Cabul e expulsaram o grupo para as áreas rurais inóspitas nas províncias do Afeganistão, que entrou, então, na clandestinidade, mas nunca foi dizimado. Decorridos vinte anos retorna-se à “estaca zero”: eles foram... e voltaram... Neste ínterim mudou a sociedade afegã, que passou a conviver com uma certa segurança e liberdade, sobretudo no que toca às mulheres, e com uma sensação de “normalidade”, administrada por um governo frágil, pelas tropas ocidentais e p...
A crônica da morte anunciada: a queda de Cabul
Afeganistão, Ásia

A crônica da morte anunciada: a queda de Cabul

Taliban assume controle sobre o palácio presidencial do Afeganistão. © AP A imprensa do Afeganistão acaba de noticiar a queda de Cabul hoje pela manhã. Os talibãs ocuparam enfim a capital, finalizando um ciclo estratégico delineado pelo avanço de suas milícias pelas capitais provinciais enquanto a liderança discutia em Doha, no Qatar, a formação de um governo compartilhado com as autoridades constituídas do Afeganistão. Sabia-se desde sempre que, na realidade, estas discussões, que incluíram representantes do governo americano e de outros países, estavam destinadas, no fundo, a “ganhar tempo” para que os rebeldes talibãs fossem ganhando terreno em todo o país. Em definitivo, tratava-se de um jogo de cena para “engabelar” os negociadores ocidentais, que de público se comprometiam em m...
Guerras cibernéticas: quem é o culpado?
Américas, Ásia, China, Estados Unidos, Europa, Rússia

Guerras cibernéticas: quem é o culpado?

Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, declarou em 27/7/2021, durante uma visita ao diretor da Inteligência Nacional que “se acabarmos em uma guerra, uma verdadeira guerra de tiro com outra potência, será como consequência de uma violação cibernética”. Essa afirmação foi realizada após os Estados Unidos serem atacados ciberneticamente, que teve como uma de suas consequências a paralisação do oleoduto Colonial, o que resultou na interrupção de fornecimento de combustível em parte do país. Nesta ocasião a ameaça foi aberta, mas em outros momentos o governo Biden acusou diretamente dois países como os responsáveis por esse tipo de movimento: China e Rússia. Ainda que hoje os EUA sejam o país atacado, a verdade é que as ações cibernéticas são mais antigas e têm servido a diferentes propó...
Os chineses e os talibãs…
Afeganistão, Ásia, China

Os chineses e os talibãs…

Foto: chinamission.be No último dia 28/07/2021, uma delegação de importantes membros do grupo talibã, do Afeganistão, chefiada pelo seu co-fundador e líder do comitê político, Mullah Abdul Ghani Baradar, encontrou-se em Tianjin, na China, com ninguém menos que o Chanceler Wang Yi para tratar de temas de grande sensibilidade para os chineses nas esferas política, econômica e de segurança. Foi a primeira vez que um membro “senior” da organização visita a China desde que os radicais sunitas capturaram vários distritos-chave nas províncias de Badakhshan e Kandahar e, segundo as notícias, assumiram o controle de cerca da metade do país, até a fronteira com a região chinesa de Xinjiang, ainda que por ora não controlem nem a capital e nem o governo. Wang disse que a retirada das tropas d...
Crônica da morte anunciada (II)… ou a iminência da tragédia afegã
Afeganistão, Ásia

Crônica da morte anunciada (II)… ou a iminência da tragédia afegã

Na edição de 13/7/2021 o Estadão replica matéria do “The Economist” cujo título - “ Missão dos EUA no Afeganistão foi um fiasco” - é tragicamente autoexplicativo. Recorrendo à memória histórica, este roteiro parece um “déjà vu”: o mesmo aconteceu no Vietnã, no Iraque, na Líbia, na Síria; e tal como aconteceu com estes países, o ciclo da presença americana/ocidental no Afeganistão se encerra da mesma forma de sempre: um fiasco, como o “The Economist” qualifica. O Taleban já se prepara para ocupar o espaço deixado pelas tropas ocidentais e, segundo a grande maioria dos analistas, dentro muito em breve voltará a assumir o poder absoluto em Cabul e imporá novamente uma governança islâmica ultraconservadora, com base no estrito código legal muçulmano – a Sharia -, a exemplo do que ocorreu n...