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Organizações Internacionais

Sul Global e a urgência de uma Nova Ordem Internacional
Ásia, China, ONU, Organizações Internacionais, Sul Global

Sul Global e a urgência de uma Nova Ordem Internacional

A ordem internacional liberal, moldada após a Segunda Guerra Mundial e consolidada após a Guerra Fria, sempre se sustentou sobre a promessa de estabilidade, cooperação e prosperidade compartilhada. Contudo, o cenário contemporâneo mostra que essa promessa vem se esvaziando. A desigualdade global aumenta, as instituições multilaterais estão paralisadas e as potências ocidentais enfrentam crises internas e externas que corroem sua autoridade moral. A recente declaração de Xi Jinping, em 1º de setembro de 2025, no fórum da Shanghai Cooperation Organisation, evidencia o novo momento: “Devemos advogar por uma multipolarização do mundo que seja igual e ordenada, por uma globalização econômica inclusiva e por uma governança global mais justa e equitativa.” Essa fala não é apenas retóri...
A lógica das assinaturas na ordem internacional
Américas, Ásia, Brasil, Coréia do Sul, Estados Unidos, Japão, Paquistão, União Europeia

A lógica das assinaturas na ordem internacional

Hoje em dia, a maioria das pessoas entende bem o modelo de assinatura aplicado a serviços digitais. Quem usa plataformas como Netflix, Spotify ou mesmo aplicativos de produtividade já está familiarizado com a lógica: existe uma versão gratuita, com limitações, e uma versão paga, mais completa, que oferece benefícios exclusivos. Quem quer acesso total, sem anúncios, com qualidade superior e mais funcionalidades, precisa pagar ou atender determinadas condições. Esse mesmo raciocínio passou a estruturar, de forma bastante visível, a política externa dos Estados Unidos sob o governo Trump em seu segundo mandato. No centro dessa nova lógica está uma ideia simples: os países que desejam manter acesso privilegiado ao mercado americano, a investimentos estratégicos ou à proteção diplomática dev...
Entre promessas e ameaças: o impacto do discurso de Netanyahu na ONU
África, África do Sul, Américas, Argélia, Argentina, Austrália, Bolívia, Canadá, Chile, Colômbia, Estados Unidos, Europa, Israel, Naníbia, Oceania, ONU, Organizações Internacionais, Oriente Médio, Palestina, Reino Unido

Entre promessas e ameaças: o impacto do discurso de Netanyahu na ONU

A presença de Benjamin Netanyahu na Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro de 2025 não foi apenas mais uma fala de chefe de Estado num fórum internacional. Foi, para muitos observadores, a tentativa de reafirmar a centralidade da narrativa israelense no conflito com os palestinos num momento em que o equilíbrio simbólico e diplomático começa a se deslocar. Mas também foi, para outros, uma evidência do isolamento crescente de Israel diante de um mundo que, embora dividido, já não acata sem reservas os termos colocados por Tel Aviv. O discurso provocou reações distintas entre países, evidenciando que a disputa entre Israel e Palestina não é apenas territorial ou militar: ela se dá também no campo das versões, dos afetos e das leituras históricas. A fala de Netanyahu veio poucos di...
Olimpíadas, doping e o jogo de interesses ocultos
Agência Mundial Antidoping (WADA), Comitê Olímpico Internacional (COI)

Olimpíadas, doping e o jogo de interesses ocultos

O Comitê Olímpico Internacional (COI) e a Agência Mundial Antidoping (WADA) se apresentam ao mundo como guardiões da ética esportiva. O discurso é o de preservar o “espírito olímpico” contra o uso de substâncias ilegais e de proteger a saúde dos atletas. Mas por trás dessa narrativa moralizante há uma trama muito mais complexa, onde interesses econômicos, geopolíticos e empresariais desempenham papel decisivo na exclusão de países inteiros das grandes competições. A politização do esporte não é novidade, mas nas últimas décadas ela se tornou mais sofisticada, travestida de zelo ético enquanto responde a pressões de blocos de poder e de conglomerados comerciais que lucram com a reconfiguração do mapa esportivo. O caso mais notório é o da Rússia. Desde 2015, após revelações de um sistema ...
Alternativas que disputam a ordem internacional
África, África do Sul, Américas, Ásia, Austrália, China, Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), Coréia do Sul, Estados Unidos, Europa, Índia, Japão, Nova Zelândia, Oceania, OCX, OPEP, Organizações Internacionais, Paquistão, Rússia, Sul Global, UEEA - União Econômica Euroasiática

Alternativas que disputam a ordem internacional

A tentativa de criar uma ordem internacional alternativa deixou de ser uma ideia difusa e ganhou corpo em arranjos concretos que se multiplicaram nas últimas duas décadas. O fio condutor é claro: reduzir a dependência de Washington e Bruxelas, diversificar centros de decisão e criar infraestrutura financeira, energética e logística que permita maior autonomia ao Sul Global. A Organização para Cooperação de Xangai, criada em 2001, é o emblema mais visível desse movimento porque combina segurança, política e economia numa mesma plataforma. Mas ela não está só. Em paralelo surgiram ou se fortaleceram blocos econômicos, bancos multilaterais fora do eixo tradicional, iniciativas de integração comercial asiática, redes políticas sul-sul e cartéis energéticos com capacidade de influenciar preços ...
A economia puxa o leme e desestabiliza a política transatlântica
Américas, Estados Unidos, Organizações Internacionais, União Europeia

A economia puxa o leme e desestabiliza a política transatlântica

A confiança entre Estados Unidos e Europa se desfaz mais depressa quando o dinheiro entra na sala. Interesses econômicos divergentes — subsídios, energia, cadeias de suprimento, tecnologia, sanções e mercados finais — empurram Washington e capitais europeias para posições que mudam ao sabor de preços, eleições e lobbies industriais. O resultado é uma política mais instável nos dois lados do Atlântico: governos oscilam entre o discurso de “valores” e a prática de proteger empregos, fábricas e receitas fiscais, corroendo a previsibilidade que, por décadas, sustentou a parceria. O exemplo mais didático vem da corrida industrial por semicondutores, baterias e energia limpa. Quando os Estados Unidos ampliaram subsídios maciços para produção doméstica, empresas europeias fizeram fila para atr...
A diplomacia do clima: como o meio ambiente virou questão geopolítica
Américas, Ásia, Brasil, China, Estados Unidos, Organizações Internacionais, União Europeia

A diplomacia do clima: como o meio ambiente virou questão geopolítica

As mudanças climáticas deixaram de ser um tema exclusivo de cientistas e ativistas ambientais. Hoje, o clima ocupa o centro da política internacional e se transformou em uma poderosa ferramenta de diplomacia, disputa por poder e reconfiguração das alianças globais. A emergência climática não é apenas um problema ambiental — ela é também uma questão econômica, estratégica e, acima de tudo, geopolítica. O principal fator dessa transformação é a transição energética. Países desenvolvidos e emergentes estão sendo pressionados — por seus próprios cidadãos, por mercados financeiros e por novos padrões internacionais — a abandonar combustíveis fósseis e adotar fontes renováveis. Esse processo cria novas cadeias de dependência, altera o equilíbrio entre exportadores e importadores de energia e ...
EUA e Europa já não confiam um no outro
Américas, Estados Unidos, Organizações Internacionais, União Europeia

EUA e Europa já não confiam um no outro

A confiança entre os Estados Unidos e seus aliados europeus vive uma das fases mais críticas desde o fim da Segunda Guerra Mundial. O vínculo histórico que sustentou a chamada aliança transatlântica — composta por laços políticos, militares e econômicos — vem sendo corroído por episódios de desconfiança mútua, decisões unilaterais e divergências estratégicas. A Europa já não acredita que os EUA sejam um parceiro previsível e confiável. E os Estados Unidos, por sua vez, questionam o comprometimento europeu com os valores e interesses compartilhados. O resultado é um distanciamento crescente entre os dois lados do Atlântico. Um dos sinais mais visíveis da quebra de confiança está na condução da guerra na Ucrânia. Desde o início do conflito, os Estados Unidos adotaram uma postura assertiva...
Valores em disputa e o retorno dos particularismos
África, Ásia, China, Europa, Irã, OMC, ONU, Organizações Internacionais, Oriente Médio, Paquistão, Rússia, Sebegal, Uganda

Valores em disputa e o retorno dos particularismos

A ideia de que certos valores — como direitos humanos, democracia liberal e racionalidade científica — seriam universais e aplicáveis a todas as sociedades está sendo crescentemente desafiada por governos, movimentos e intelectuais em várias partes do mundo. A noção de universalismo, outrora sustentada como base moral da ordem internacional pós-Segunda Guerra Mundial, enfrenta uma contraofensiva discursiva e institucional que recoloca o particularismo cultural, religioso, nacional e civilizacional no centro das disputas globais. Essa inflexão não é apenas retórica: ela impacta diretamente o funcionamento das instituições multilaterais, a cooperação internacional e o próprio conceito de convivência entre diferentes modelos de sociedade. A emergência de narrativas alternativas ao universa...
Reconfiguração do poder global em tempos de multipolaridade
Arábia Saudita, Ásia, BRICS, China, Europa, G20, Índia, Indonésia, Irã, Organizações Internacionais, Oriente Médio, Rússia

Reconfiguração do poder global em tempos de multipolaridade

A ordem internacional está passando por uma transformação profunda, na qual a centralidade dos Estados Unidos e de seus aliados europeus vem sendo gradualmente substituída por uma lógica de equilíbrio entre múltiplos polos de poder. Esse processo, mais estrutural do que conjuntural, tem como protagonistas países como China, Índia, Rússia, Arábia Saudita, Irã e Indonésia, entre outros do chamado Sul Global. A disputa pelo novo desenho do poder global extrapola a geopolítica tradicional e se materializa em esferas como cadeias produtivas, moedas, tecnologia, sistemas de governança e até mesmo na formulação de valores e visões de mundo concorrentes. A ascensão da China é um dos pilares mais visíveis desse novo cenário. Pequim não apenas expandiu sua influência econômica e diplomática, como...