ISSN 2674-8053 | Receba as atualizações dos artigos no Telegram: https://t.me/mapamundiorg

Autor: Rodrigo Cintra

Pós-Doutor em Competitividade Territorial e Indústrias Criativas, pelo Dinâmia – Centro de Estudos da Mudança Socioeconómica, do Instituto Superior de Ciencias do Trabalho e da Empresa (ISCTE, Lisboa, Portugal). Doutor em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (2007). É Diretor Executivo do Mapa Mundi. ORCID https://orcid.org/0000-0003-1484-395X
De Pompeo à ONU, a difícil sustentação da ideia de não-interferência
Américas, Brasil, Estados Unidos, Organizações Internacionais

De Pompeo à ONU, a difícil sustentação da ideia de não-interferência

Foto William Volcov/Brazil Photo Press/Folhapress O desgaste da visita do Secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, à Roraima só aumenta. No artigo O Brasil entra no jogo eleitoral dos EUA vimos as razões eleitoreiras da visita, agora vemos impacto sobre a própria política brasileira. Interessante observar um posicionamento tímido tanto do Ministério de Relações Exteriores quando da presidência do Brasil enquanto há uma grita de parlamentares de destaque. O presidente da Câmara dos Deputados, deputado Rodrigo Maia declarou que a visita "não condiz com a boa prática diplomática internacional e afronta as tradições de autonomia e altivez de nossas políticas externa e de defesa". No Senado Federal não foi diferente, a ponto da Comissão de Relações Exteriores ter aprovado...
Brasil entra no jogo eleitoral dos EUA
Américas, Brasil, Estados Unidos

Brasil entra no jogo eleitoral dos EUA

Foto: Jason Leysner/AFP Em 18/9/2020 o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, fez uma rápida visita ao Brasil. Dada a importância do cargo era de se esperar uma agenda importante entre os governos dos Estados Unidos e do Brasil. Mas a realidade foi bem diferente: o governo brasileiro abriu as portas do território para que o Secretário pudesse fazer campanha política para a re-eleição do atual presidente Donald Trump. A visita se quer ocorreu em Brasília, onde poderíam ser adequadamente implementados todos os protocolos exigidos para um Secretário dos Estados Unidos (equivalente a um ministro, no Brasil). Também não serviu para as trocas de intenções ou mesmo assinaturas de acordos de cooperação. Foi uma visita inusitada à Roraima. Por que? Para compreender melhor a ...
Brasil perde espaço para China na América do Sul
Américas, Argentina, Ásia, Brasil, China

Brasil perde espaço para China na América do Sul

Presidentes Jair Bolsonaro (Brasil) e Xi JinPing (China) O Brasil é um país com tamanho desproporcional em relação a seus vizinhos, especialmente em termos econômicos. O resultado disto é que o país acaba desempenhando "naturalmente" uma força gravitacional, fazendo com que os demais países sul-americanos acabem tendo suas economias muito dependentes com a economia brasileira. Essa condição não era diferente nem mesmo quando considerávamos a outra grande economia da região: Argentina. Historicamente os argetinos tinham no Brasil o maior destino de suas exportações. Em setembro e outubro de 2019 a China ocupou essa primazia, sendo o principal destino das exportações argentinas. Foi por uma diferença pequena e durou só esses dois meses, o que parecia ser algo transitório. Mas a real...
Alinhar não é submeter – o estranho caso Brasil/Estados Unidos
Américas, Brasil, BRICS, Estados Unidos

Alinhar não é submeter – o estranho caso Brasil/Estados Unidos

President Donald J. Trump welcomes President Jair Bolsonaro of the Federative Republic of Brazil to the White House Tuesday, March 19, 2019 (Official White House Photo by Tia Dufour) Em diferentes ocasiões podemos ver como lideranças do governo brasileiro afirmam o alinhamento que buscam com os Estados Unidos. Do presidente Bolsonaro e seus filhos ao chanceler Ernesto Araújo, é possível ver declarações de como estamos alinhados e como isso trará benefícios ao país. Interessante notar que não conseguem expor quais benefícios teremos, reduzindo muito do discurso a uma visão ideológica superficial, na qual dizem que é a forma de evitar a esquerda. Muito deste posicionamento é resultante de uma visão mais limitada sobre o sistema internacional, percebendo os Estados dentro de uma dualida...
América Latina e BRICS: para onde o Brasil deve olhar
Américas, Brasil, BRICS, China, Estados Unidos

América Latina e BRICS: para onde o Brasil deve olhar

A política externa brasileira atual tem ocorrido erraticamente. Ainda que se defenda que ela busca novos alinhamentos, a verdade é que não tem uma linha clara, baseada na busca pelos interesses do país. Mas nem tudo é culpa da atual direção que é impressa à política externa, o mundo tem mudado e colocado novos desafios. Há muito a polaridade estruturante da Guerra Fria acabou. Desde então o mundo vem passando por importantes movimentos de reorganização das forças, forçando os Estados a buscarem posicionamentos políticos que lhes ofereçam mais retornos. Nos últimos 10 anos, em particular, essa busca por reordenamento do sistema internacional ficou ainda mais confusa. Hoje o dito sistema multilateral está mostrando limites cada vez maiores, ao mesmo tempo em que vemos algumas potências impri...
O problema da política externa brasileira não é a ideologia, mas a ausência de projeto
Américas, Brasil

O problema da política externa brasileira não é a ideologia, mas a ausência de projeto

Presidente da República, Jair Bolsonaro durante coletiva com a imprensa com o Ministro de Estado das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Foto: Marcos Corrêa/PR. A política externa brasileira sempre foi motivo de orgulho do país, sobretudo em função da internacionalmente reconhecida capacidade de seus diplomatas. Os diplomatas brasileiros conseguiram desempenhar um papel apaziguador em incontáveis momentos. Seja pela criatividade em encontrar novos equilíbrios entre movimentos dissonantes, seja pelo posicionamento ponderado defendido. Esse perfil dos diplomatas não é algo deste ou daquele governo, não é algo da esquerda ou da direita, de uma visão de mundo desenvolvimentista ou liberal. É fruto de vários fatores, como um ministério que se mostrou capaz de forma quadros com competênci...
O fim do Sistema Multilateral, que nunca foi multilareal
China, Estados Unidos, Rússia

O fim do Sistema Multilateral, que nunca foi multilareal

A Organização Mundial do Comércio não é uma instituição que foi criada na Conferência de Bretton Woods, em 1944. Mas é possível dizer que ela é resultante deste processo, na medida em que é resultado direto do Acordo Geral de Tarifas e Comércio (chamado de GATT), a partir da chamada Rodada Uruguai. Isso é importante considerar pois, juntamente com todo o Sistema da Organização das Nações Unidas, a OMC é um dos grandes símbolos do sistema multilateral. Desde o final da II Guerra Mundial os Estados vem buscando o caminho do multilateralismo como sua principal estratégia para interação internacional. O auge deste caminho ocorreu na década de 1990, marcada por importantes conferências internacionais (como Eco-92; Conferência de Viena sobre Direitos Humanos; Conferência do Cairo sobre po...
A Guerra Fria Cibernética
China

A Guerra Fria Cibernética

Capa do Decade of the RATs: Cross-Platform APT Espionage Attacks Targeting Linux, Windows and Android Os Estados precisam se manter informados e, para isto, utilizam de diferentes táticas. A espionagem é uma delas, focando-se na busca por informações que não são públicas. A questão que tem se apresentado é o aumento significativo das incrusos de espionagem no mundo virtual. Em recente relatório da Blackberry Cylance mostra como o governo chinês tem conduzido a espionagem tanto de outros Estados quanto de empresas. Uma das coisas que chama a atenção no relatório é a amplitude das ações em diferentes dimensões: territorial, temporal e setorial. Mas não podemos nos iludir acreditando que a China é o único país a fazer esse tipo de ação. A espionagem é uma ferramenta "normal" ao a...
Brasil além da Plataforma Continental: a nova fronteira do pré-sal
Américas, Brasil

Brasil além da Plataforma Continental: a nova fronteira do pré-sal

A descoberta de reservas de petróleo no pré-sal e o desenvolvimento de tecnologias que permitissem a exploração economicamente viável deste petróleo, o Brasil mudou seu patamar no tabuleiro mundial de produtores. O país já apresentava uma produção importante, mas a quantidade de reservas descobertas mostraram que o país teria um papel mais importante a jogar do que antes. O que tem aparecido é que esta movimentação ainda não terminou. Novas reservas de petróleo são potencialmente indicadas, cada vez mais mar-a-dentro. Atualmente é considerado território de um país a distância de 200 milhas náuticas (o equivalente a 370 km) a partir de suas praias. Esse espaço é chamado de plataforma continental, e o país tem soberania sobre o mesmo. Algumas estimativas iniciais falam em algo que supe...
O Ártico para além da geopolítica
Canadá, Estados Unidos, Rússia

O Ártico para além da geopolítica

Pesquisas recentes indicam que o buraco da camada de ozônio diminuiu no Hemisfério Sul, porém se abriu no Hemisfério Norte. Para se ter uma ideia, o aquecimento global na região é duas vezes mais intenso do que a média global. Além dos possíveis impactos ambientais, essa é uma região que deverá chamar mais a atenção do mundo. A Região Ártica é reconhecida como a região do Hemisfério Norte no qual a temperatura média do mês mais quente do ano não ultrapassa os 10ºC. Projeções indicam que haja algo em torno de US$ 35 trilhões  em reservas de gás e petróleo na região, além de outros recursos minerais. Em função disto, há uma disputa entre os países da região em termos de domínio pelos recursos. Diversos países fazem “fronteira” com a região ártica. Os dois países com maior fronteir...