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Brasil

A corrida global pela inteligência artificial revela quem definirá as regras do futuro
Américas, Ásia, Brasil, Europa, França, Índia, UNESCO, União Africana

A corrida global pela inteligência artificial revela quem definirá as regras do futuro

O desenvolvimento acelerado da inteligência artificial (IA) não é apenas uma questão de inovação tecnológica — é também uma disputa estratégica por poder, influência e controle sobre as regras que moldarão o futuro. Nos últimos anos, a corrida por estabelecer padrões globais de governança da IA transformou-se num dos principais eixos de tensão e cooperação entre países. Estados Unidos, União Europeia e China disputam esse protagonismo com agendas distintas, enquanto países do Sul Global tentam, com dificuldade, garantir que suas vozes não sejam simplesmente ignoradas. A crescente popularidade de modelos generativos, como os de linguagem, imagem e automação avançada, levou governos a perceberem que regular a IA não é apenas uma necessidade ética, mas uma exigência geopolítica. Ao definir...
A Diplomacia Climática em crise e o retorno do Sul Global
Américas, Brasil, Organizações Internacionais, Sul Global, Temas Globais

A Diplomacia Climática em crise e o retorno do Sul Global

A arquitetura climática internacional foi, por décadas, um dos poucos terrenos em que a humanidade parecia capaz de pensar globalmente. Desde a Eco-92, o discurso era claro: o planeta é um só, e seu equilíbrio depende de todos. Mas a retórica de “responsabilidade comum” já não convence. O que se vê, nas palavras recentes de Laurent Fabius — ex-presidente da COP21 e voz respeitada do Acordo de Paris —, é o esgarçamento do multilateralismo climático. “Devemos lembrar aos Estados seus deveres climáticos — e que são as condições para a própria sobrevivência da humanidade.” A advertência soa quase como um epitáfio: a promessa de cooperação global rui diante da competição por tecnologia, dos cálculos eleitorais e da desigualdade entre Norte e Sul. A crise não é apenas ambiental — é diplo...
A lógica das assinaturas na ordem internacional
Américas, Ásia, Brasil, Coréia do Sul, Estados Unidos, Japão, Paquistão, União Europeia

A lógica das assinaturas na ordem internacional

Hoje em dia, a maioria das pessoas entende bem o modelo de assinatura aplicado a serviços digitais. Quem usa plataformas como Netflix, Spotify ou mesmo aplicativos de produtividade já está familiarizado com a lógica: existe uma versão gratuita, com limitações, e uma versão paga, mais completa, que oferece benefícios exclusivos. Quem quer acesso total, sem anúncios, com qualidade superior e mais funcionalidades, precisa pagar ou atender determinadas condições. Esse mesmo raciocínio passou a estruturar, de forma bastante visível, a política externa dos Estados Unidos sob o governo Trump em seu segundo mandato. No centro dessa nova lógica está uma ideia simples: os países que desejam manter acesso privilegiado ao mercado americano, a investimentos estratégicos ou à proteção diplomática dev...
Líderes-culto autoritários são um sintoma global da crise de pertencimento
Américas, Ásia, Brasil, Europa, Hungria, Índia, México, Ruanda

Líderes-culto autoritários são um sintoma global da crise de pertencimento

Em meio ao colapso da confiança nas instituições e à ascensão da alienação individual, emergem líderes que não oferecem caminhos, mas pertença emocional — e isso se transforma em poder. Não se trata apenas de Donald Trump: no mundo todo, de direita ou de esquerda, líderes populistas exploram necessidades profundas de identidade, vingança e ordem, criando seguidores tão fundidos ao líder que qualquer crítica é um ataque pessoal. Esse fenômeno político é explicado por um arco psicológico que se repete em contextos diversos. Primeiro, esses líderes vendem identidade, não política. Eles personificam o ódio ao sistema e canalizam ressentimentos — não com programas, mas com performatividade. Em segundo lugar, oferecem vingança, não soluções: culpam imigrantes, elites, imprensa ou minorias, e ...
A diplomacia do clima: como o meio ambiente virou questão geopolítica
Américas, Ásia, Brasil, China, Estados Unidos, Organizações Internacionais, União Europeia

A diplomacia do clima: como o meio ambiente virou questão geopolítica

As mudanças climáticas deixaram de ser um tema exclusivo de cientistas e ativistas ambientais. Hoje, o clima ocupa o centro da política internacional e se transformou em uma poderosa ferramenta de diplomacia, disputa por poder e reconfiguração das alianças globais. A emergência climática não é apenas um problema ambiental — ela é também uma questão econômica, estratégica e, acima de tudo, geopolítica. O principal fator dessa transformação é a transição energética. Países desenvolvidos e emergentes estão sendo pressionados — por seus próprios cidadãos, por mercados financeiros e por novos padrões internacionais — a abandonar combustíveis fósseis e adotar fontes renováveis. Esse processo cria novas cadeias de dependência, altera o equilíbrio entre exportadores e importadores de energia e ...
O que é lawfare e por que virou uma arma global
África, Américas, Brasil, Estados Unidos

O que é lawfare e por que virou uma arma global

A política internacional do século XXI não é feita apenas com tanques, sanções e diplomacia. Cresce, silenciosamente, o uso de uma nova ferramenta de poder: o lawfare. O termo — junção de law (lei) e warfare (guerra) — refere-se ao uso estratégico do sistema jurídico como instrumento de combate político, desestabilização institucional e interferência internacional. Mais do que disputas legais legítimas, o lawfare transforma tribunais, promotorias e investigações em armas para enfraquecer adversários e moldar cenários políticos e geopolíticos. O conceito ganhou notoriedade nos anos 2000, mas sua aplicação é muito mais antiga. O que mudou recentemente foi a sofisticação do uso e sua disseminação em múltiplos contextos. O lawfare pode assumir várias formas: processos seletivos contra lider...
Chilli Beans abre mão do dólar em comércio com a China e sinaliza mudança global
Américas, Ásia, Brasil, China, Estados Unidos

Chilli Beans abre mão do dólar em comércio com a China e sinaliza mudança global

A decisão da Chilli Beans de realizar transações internacionais com a China sem o uso do dólar norte-americano marca um passo ousado na estratégia da empresa e ilustra uma tendência cada vez mais evidente no comércio global. O CEO anunciou que a partir de agora os negócios bilaterais serão feitos diretamente em yuan e real, evitando a conversão intermediária para a moeda dos Estados Unidos. Essa mudança reduz a exposição às variações cambiais do dólar e coloca a marca brasileira na vanguarda de um movimento que já é percebido entre países e empresas de diferentes continentes. A prática é viabilizada por mecanismos de compensação direta entre moedas nacionais, como acordos entre bancos centrais e a adesão a sistemas de pagamento internacionais alternativos ao SWIFT, como o CIPS, operado ...
Multipolaridade: o que é e por que ela muda o sistema internacional
África, África do Sul, Américas, Brasil, Estados Unidos, Europa, G7, Irã, Organizações Internacionais, Oriente Médio, OTAN, Rússia, Turquia

Multipolaridade: o que é e por que ela muda o sistema internacional

Desde o fim da Guerra Fria, o mundo tem sido amplamente descrito como unipolar, com os Estados Unidos no centro da política, economia e segurança globais. Mas esse cenário está mudando. A emergência de novas potências, o enfraquecimento das instituições multilaterais e o avanço de projetos regionais autônomos configuram uma transição em curso: o mundo caminha para uma ordem multipolar. Esse conceito, frequentemente citado, é mais do que uma descrição técnica — ele traduz uma disputa por poder, influência e modelos alternativos de organização global. Multipolaridade significa, essencialmente, um sistema internacional em que várias potências têm peso equivalente ou competitivo, sem que uma delas consiga impor sua vontade sobre as demais. Isso não significa ausência de hierarquias, mas sim...
Corexit expõe a hipocrisia ambiental do Ocidente
Américas, Brasil, Estados Unidos, Europa, Organizações Internacionais, Reino Unido, União Europeia

Corexit expõe a hipocrisia ambiental do Ocidente

O uso do dispersante químico Corexit durante o desastre ambiental do Deepwater Horizon, em 2010, revelou não apenas os riscos à saúde humana e ao meio ambiente, mas também uma profunda contradição nas políticas ambientais dos países ocidentais. Enquanto Estados Unidos e União Europeia baniram o uso do produto devido aos seus efeitos tóxicos, a produção do Corexit foi transferida para países como Brasil e Reino Unido, evidenciando uma prática de deslocamento de riscos para nações com regulamentações ambientais menos rigorosas. Durante o vazamento da plataforma Deepwater Horizon, aproximadamente 1,84 milhão de galões de Corexit foram utilizados para dispersar o petróleo no Golfo do México. Estudos subsequentes indicaram que a mistura de Corexit com petróleo aumentou a toxicidade do óleo e...
O novo mundo que emerge e o lugar incerto do Brasil
Américas, Brasil

O novo mundo que emerge e o lugar incerto do Brasil

A ordem internacional vive um momento de reformulação profunda. Após três décadas de hegemonia ocidental incontestada, moldada sob os princípios do liberalismo econômico, da democracia representativa e do multilateralismo liderado por Washington e Bruxelas, assiste-se agora à ascensão de uma nova agenda global. Essa nova configuração não é apenas a emergência da China como superpotência econômica e tecnológica, mas também o fortalecimento de uma lógica Sul-Sul, cada vez mais articulada em torno de interesses nacionais, protecionismo estratégico e uma clara des-liberalização das estruturas internacionais. Nesse cenário de transformações, o Brasil, embora dotado de imenso potencial, parece hesitante, conduzido por um governo que carece de uma visão clara de inserção internacional e de legiti...