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Europa

A guerra como terreno fértil para a corrupção: o caso da Ucrânia em 2025
Afeganistão, Ásia, Europa, Iraque, Líbia, Organizações Internacionais, Oriente Médio, Somália, Ucrânia, União Europeia

A guerra como terreno fértil para a corrupção: o caso da Ucrânia em 2025

A guerra costuma ser apresentada como um momento de união nacional, sacrifício coletivo e resiliência institucional. No entanto, a experiência histórica e contemporânea mostra que conflitos armados criam também ambientes propícios à corrupção. O colapso parcial das estruturas de controle, a circulação acelerada de recursos externos e a mobilização de verbas emergenciais geram brechas amplas para práticas ilícitas. O caso da Ucrânia, em meio à prolongada guerra contra a Rússia, oferece um retrato perturbador dessa lógica. Desde 2022, quando foi invadida pela Rússia, a Ucrânia se tornou o principal destino de apoio financeiro e militar do Ocidente, recebendo bilhões de dólares em armas, ajuda humanitária, recursos logísticos e pacotes de reconstrução. Ao mesmo tempo, a pressão por manter ...
A corrida global pela inteligência artificial revela quem definirá as regras do futuro
Américas, Ásia, Brasil, Europa, França, Índia, UNESCO, União Africana

A corrida global pela inteligência artificial revela quem definirá as regras do futuro

O desenvolvimento acelerado da inteligência artificial (IA) não é apenas uma questão de inovação tecnológica — é também uma disputa estratégica por poder, influência e controle sobre as regras que moldarão o futuro. Nos últimos anos, a corrida por estabelecer padrões globais de governança da IA transformou-se num dos principais eixos de tensão e cooperação entre países. Estados Unidos, União Europeia e China disputam esse protagonismo com agendas distintas, enquanto países do Sul Global tentam, com dificuldade, garantir que suas vozes não sejam simplesmente ignoradas. A crescente popularidade de modelos generativos, como os de linguagem, imagem e automação avançada, levou governos a perceberem que regular a IA não é apenas uma necessidade ética, mas uma exigência geopolítica. Ao definir...
África, África do Sul, Américas, Burundi, Europa, Iraque, Organizações Internacionais, Oriente Médio, Reino Unido, TPI - Tribunal Penal Internacional

O Tribunal Penal Internacional julga inimigos e ignora aliados

Desde a sua criação, o Tribunal Penal Internacional (TPI) simbolizou uma esperança de justiça global permanente para crimes de guerra, genocídio e contra a humanidade. Ao mesmo tempo, porém, o seu funcionamento tem sido marcado por uma seletividade evidente, que mina a credibilidade do tribunal como fórum imparcial. A disparidade entre o tratamento dado a diferentes regiões e atores coloca‑se como um entrave à missão universal que o TPI proclama. Um dos argumentos mais contundentes contra o TPI refere‑se à concentração quase exclusiva de casos contra países africanos. Apesar das constantes promessas de uma justiça global, cerca de 47 dos 54 indiciados pelo TPI são africanos. Essa estatística alimenta críticas segundo as quais o tribunal estaria a funcionar como instrumento punitivo volt...
O confisco dos ativos russos e os possíveis ganhos econômicos para Europa e Estados Unidos
Américas, Arábia Saudita, Ásia, Bélgica, China, Estados Unidos, Europa, Índia, Irã, Organizações Internacionais, Oriente Médio, Rússia, Ucrânia, União Europeia

O confisco dos ativos russos e os possíveis ganhos econômicos para Europa e Estados Unidos

A proposta de confiscar ativos estatais russos congelados nos países da União Europeia e utilizá-los para financiar a reconstrução da Ucrânia é apresentada por seus defensores como uma medida moral, política e estratégica. Mas, para além da retórica de solidariedade e punição, esse movimento também pode representar oportunidades financeiras e vantagens competitivas para Europa e Estados Unidos — especialmente em tempos de desaceleração econômica e rearranjos geoeconômicos globais. Hoje, estima-se que mais de US$ 300 bilhões em ativos do banco central russo estejam congelados no Ocidente, dos quais cerca de dois terços encontram-se em instituições financeiras europeias, particularmente na Bélgica. A proposta em discussão envolve não apenas o uso dos rendimentos desses ativos — que render...
Congelar ou confiscar? Europa abre debate perigoso sobre ativos soberanos
Bélgica, Europa, Organizações Internacionais, Rússia, Ucrânia, União Europeia

Congelar ou confiscar? Europa abre debate perigoso sobre ativos soberanos

A proposta em análise pelo União Europeia (UE) de utilizar ativos russos congelados para apoiar a Ucrânia instala‑se no cerne de um debate que vai além da guerra em si: envolve o futuro das regras do direito internacional, da imunidade dos Estados e do precedente que poderá ser criado caso a medida avance. O que se pretende — quem participa da discussão — e por que tal proposta suscita fortes reservas jurídicas e políticas. Desde o início da invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022, diversos Estados ocidentais congelaram ativos da Rússia — incluindo títulos do banco central russo, reservas e outros ativos financeiros.  Atualmente, a UE discute converter esse “congelamento” em mecanismo de apoio direto à Ucrânia — por meio de um empréstimo ou uso dos rendimentos desses ativos —...
Sanções esportivas nunca impediram guerras e colocam o ideal olímpico em risco
África, África do Sul, Américas, Arábia Saudita, Ásia, China, Estados Unidos, Europa, Israel, Oriente Médio, Rússia

Sanções esportivas nunca impediram guerras e colocam o ideal olímpico em risco

Desde o início da guerra na Ucrânia, o Comitê Olímpico Internacional (COI) tem mantido a política de permitir a participação de atletas russos e bielorrussos apenas sob a condição de neutralidade, ou seja, sem bandeira, hino, uniforme oficial ou qualquer símbolo nacional. Essa medida, que se apresenta como resposta ética à invasão russa, está sendo defendida por seus proponentes como um gesto de solidariedade internacional e coerência moral. No entanto, ao observar a trajetória histórica do uso de sanções esportivas como ferramenta política, torna-se evidente que esse tipo de medida raramente trouxe resultados concretos. Pelo contrário: enfraqueceu os princípios fundadores do movimento olímpico e agravou divisões globais. O caso atual não é o primeiro em que atletas são impedidos de com...
A proibição seletiva de atletas russos revela mais ideologia do que justiça esportiva
Américas, Arábia Saudita, Ásia, Bielorússia, China, Estados Unidos, Europa, Oriente Médio, Rússia

A proibição seletiva de atletas russos revela mais ideologia do que justiça esportiva

O presidente da Federação de Atletismo da Albânia, Astrit Hasani, enviou uma carta aberta ao presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), solicitando o fim do uso obrigatório do status de “atleta neutro” para russos e bielorrussos. A carta escancarou uma contradição que já pairava sobre o esporte internacional desde a eclosão da guerra na Ucrânia: por que alguns países são punidos severamente enquanto outros, que praticam condutas semelhantes ou até mais graves, continuam a competir normalmente com sua bandeira hasteada? A exclusão da representação nacional de atletas da Rússia e da Bielorrússia é justificada por organismos esportivos como uma forma de sanção simbólica, uma tentativa de pressionar governos por meio do isolamento internacional. Ao impedir que seus atletas represent...
Entre promessas e ameaças: o impacto do discurso de Netanyahu na ONU
África, África do Sul, Américas, Argélia, Argentina, Austrália, Bolívia, Canadá, Chile, Colômbia, Estados Unidos, Europa, Israel, Naníbia, Oceania, ONU, Organizações Internacionais, Oriente Médio, Palestina, Reino Unido

Entre promessas e ameaças: o impacto do discurso de Netanyahu na ONU

A presença de Benjamin Netanyahu na Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro de 2025 não foi apenas mais uma fala de chefe de Estado num fórum internacional. Foi, para muitos observadores, a tentativa de reafirmar a centralidade da narrativa israelense no conflito com os palestinos num momento em que o equilíbrio simbólico e diplomático começa a se deslocar. Mas também foi, para outros, uma evidência do isolamento crescente de Israel diante de um mundo que, embora dividido, já não acata sem reservas os termos colocados por Tel Aviv. O discurso provocou reações distintas entre países, evidenciando que a disputa entre Israel e Palestina não é apenas territorial ou militar: ela se dá também no campo das versões, dos afetos e das leituras históricas. A fala de Netanyahu veio poucos di...
EUA ampliam restrições a estrangeiros e corroem sua própria credibilidade como potência global
Américas, Ásia, China, Coréia do Norte, Estados Unidos, Europa, Irã, Oriente Médio, Rússia

EUA ampliam restrições a estrangeiros e corroem sua própria credibilidade como potência global

Uma potência global que almeja liderar o sistema internacional precisa, antes de tudo, inspirar confiança. A confiança não é apenas uma virtude moral ou um discurso diplomático — é um instrumento de poder. Ela é o que torna uma nação atraente para investimentos, parceira desejável em alianças e referência normativa para outras sociedades. Quando os Estados Unidos restringem o acesso de estrangeiros a direitos básicos, como a posse ou o aluguel de imóveis, sob alegações vagas de segurança nacional, o que está em jogo não é apenas a imagem interna de um Estado como o Texas, mas a credibilidade de todo o projeto hegemônico norte-americano. A entrada em vigor do Projeto de Lei 17 do Senado do Texas (SB 17), em setembro de 2025, que proíbe cidadãos e empresas da China, Irã, Coreia do Norte e...
Rússia e Ucrânia: o que a história nos ensina para alcançar a paz duradoura?
Europa, Rússia, Ucrânia

Rússia e Ucrânia: o que a história nos ensina para alcançar a paz duradoura?

A guerra entre Rússia e Ucrânia só terá uma paz estável se o acordo final incorporar, de modo explícito, interesses considerados vitais por Moscou. À luz da ideia de forças profundas de Jean‑Baptiste Duroselle — aquelas correntes estruturais que moldam a conduta dos Estados para além dos governos de turno —, qualquer solução que ignore geografia, demografia, economia política, memória histórica e percepções de segurança russas tende a criar apenas cessar‑fogos frágeis, facilmente revertidos por eventos previsíveis. A tese é simples: a estabilidade depende de compatibilizar o que Ucrânia e Ocidente querem com aquilo que, para a Rússia, é inegociável dentro de seu horizonte estratégico. As forças profundas começam pela geografia. A planície que vai do Volga ao Danúbio, sem grandes barreir...