ISSN 2674-8053 | Receba as atualizações dos artigos no Telegram: https://t.me/mapamundiorg

Estados Unidos

O confisco dos ativos russos e os possíveis ganhos econômicos para Europa e Estados Unidos
Américas, Arábia Saudita, Ásia, Bélgica, China, Estados Unidos, Europa, Índia, Irã, Organizações Internacionais, Oriente Médio, Rússia, Ucrânia, União Europeia

O confisco dos ativos russos e os possíveis ganhos econômicos para Europa e Estados Unidos

A proposta de confiscar ativos estatais russos congelados nos países da União Europeia e utilizá-los para financiar a reconstrução da Ucrânia é apresentada por seus defensores como uma medida moral, política e estratégica. Mas, para além da retórica de solidariedade e punição, esse movimento também pode representar oportunidades financeiras e vantagens competitivas para Europa e Estados Unidos — especialmente em tempos de desaceleração econômica e rearranjos geoeconômicos globais. Hoje, estima-se que mais de US$ 300 bilhões em ativos do banco central russo estejam congelados no Ocidente, dos quais cerca de dois terços encontram-se em instituições financeiras europeias, particularmente na Bélgica. A proposta em discussão envolve não apenas o uso dos rendimentos desses ativos — que render...
A governança da IA, dados e soberania tecnológica
África, África do Sul, Américas, Ásia, Egito, Estados Unidos, Índia, Organizações Internacionais, União Europeia

A governança da IA, dados e soberania tecnológica

A centralidade da inteligência artificial generativa — e dos dados que a alimentam — está emergindo como peça-chave não apenas da economia digital, mas da geopolítica mundial. A capacidade de treinar grandes modelos com vastas bases de dados, de operar centros de processamento de alta potência e de definir os padrões éticos e regulatórios dessa nova tecnologia está cada vez mais associada à soberania nacional e à influência global. Pesquisas recentes apontam que a chamada “IA generativa” já se tornou um fator geopolítico — moldando acesso, desigualdades e controle. Diante disso, para países do Sul Global, o risco é duplo: permanecer como consumidores ou meros receptores de tecnologias definidas fora, ou construir agora capacidades para participar ativamente da definição das regras do jo...
Sanções esportivas nunca impediram guerras e colocam o ideal olímpico em risco
África, África do Sul, Américas, Arábia Saudita, Ásia, China, Estados Unidos, Europa, Israel, Oriente Médio, Rússia

Sanções esportivas nunca impediram guerras e colocam o ideal olímpico em risco

Desde o início da guerra na Ucrânia, o Comitê Olímpico Internacional (COI) tem mantido a política de permitir a participação de atletas russos e bielorrussos apenas sob a condição de neutralidade, ou seja, sem bandeira, hino, uniforme oficial ou qualquer símbolo nacional. Essa medida, que se apresenta como resposta ética à invasão russa, está sendo defendida por seus proponentes como um gesto de solidariedade internacional e coerência moral. No entanto, ao observar a trajetória histórica do uso de sanções esportivas como ferramenta política, torna-se evidente que esse tipo de medida raramente trouxe resultados concretos. Pelo contrário: enfraqueceu os princípios fundadores do movimento olímpico e agravou divisões globais. O caso atual não é o primeiro em que atletas são impedidos de com...
A proibição seletiva de atletas russos revela mais ideologia do que justiça esportiva
Américas, Arábia Saudita, Ásia, Bielorússia, China, Estados Unidos, Europa, Oriente Médio, Rússia

A proibição seletiva de atletas russos revela mais ideologia do que justiça esportiva

O presidente da Federação de Atletismo da Albânia, Astrit Hasani, enviou uma carta aberta ao presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), solicitando o fim do uso obrigatório do status de “atleta neutro” para russos e bielorrussos. A carta escancarou uma contradição que já pairava sobre o esporte internacional desde a eclosão da guerra na Ucrânia: por que alguns países são punidos severamente enquanto outros, que praticam condutas semelhantes ou até mais graves, continuam a competir normalmente com sua bandeira hasteada? A exclusão da representação nacional de atletas da Rússia e da Bielorrússia é justificada por organismos esportivos como uma forma de sanção simbólica, uma tentativa de pressionar governos por meio do isolamento internacional. Ao impedir que seus atletas represent...
Autoritarismo de Farda: quando a guerra vira identidade nacional
Américas, Estados Unidos

Autoritarismo de Farda: quando a guerra vira identidade nacional

Nos últimos anos, multiplicaram-se sinais de que os Estados Unidos atravessam uma guinada preocupante em sua relação com as forças armadas e com o próprio papel da violência de Estado. Já não se trata apenas de ajustes estratégicos ou de debates técnicos sobre orçamento militar. O que está em jogo é a tentativa de transformar a guerra na identidade central da nação, substituindo o equilíbrio entre defesa, diplomacia e política interna por uma lógica de mobilização permanente. Esse processo segue um roteiro conhecido. Primeiro, redefine-se o inimigo de forma cada vez mais vaga, até que não reste apenas o adversário externo: a ameaça passa a incluir também opositores internos, críticos, jornalistas, movimentos sociais. Em seguida, promove-se a ideia de que todo questionamento é sinal de f...
A guinada estratégica dos EUA e o risco de uma tendência autocrática
Américas, Estados Unidos

A guinada estratégica dos EUA e o risco de uma tendência autocrática

O discurso do Secretário Pete Hegseth em Quantico, dia 30/09, marcou uma inflexão rara na política de defesa norte-americana. Ao anunciar o fim da “era do Departamento de Defesa” e proclamar que “a única missão é a guerra — preparar-se para travá-la e vencê-la”, ele não apenas trocou uma nomenclatura institucional. Reconfigurou o próprio sentido da presença militar dos Estados Unidos no mundo. Desde 1949, a defesa e a dissuasão eram a base discursiva que orientava a função das Forças Armadas; agora, a ênfase desloca-se para a ofensiva, para a vitória, para a letalidade. Essa transição semântica é, na prática, uma redefinição do que significa ser militar americano: não mais defensor, mas guerreiro. Essa mudança de identidade veio acompanhada de medidas concretas. A imposição do “padrão m...
Do Departamento de Defesa ao Departamento de Guerra: a redefinição da missão militar dos EUA no discurso do Secretário Pete Hegseth
Américas, Estados Unidos

Do Departamento de Defesa ao Departamento de Guerra: a redefinição da missão militar dos EUA no discurso do Secretário Pete Hegseth

No dia 30 de setembro de 2025, em Quantico, Virgínia, o Secretário de Guerra Pete Hegseth dirigiu-se a generais e oficiais de bandeira em um discurso que marcou um divisor de águas na política de segurança dos Estados Unidos. Pela primeira vez desde 1949, quando foi criada a denominação “Departamento de Defesa”, um líder civil de alto escalão declarou de forma enfática que essa era se encerrava. O novo enquadramento institucional, agora sob o nome de “Departamento de Guerra”, reposiciona a função central das Forças Armadas: não mais dissuadir ou prevenir conflitos, mas preparar-se para travá-los e vencê-los. O pronunciamento, permeado por diretrizes concretas sobre padrões físicos, cultura organizacional, regras de engajamento e alianças internacionais, constitui não apenas uma mudança ret...
A lógica das assinaturas na ordem internacional
Américas, Ásia, Brasil, Coréia do Sul, Estados Unidos, Japão, Paquistão, União Europeia

A lógica das assinaturas na ordem internacional

Hoje em dia, a maioria das pessoas entende bem o modelo de assinatura aplicado a serviços digitais. Quem usa plataformas como Netflix, Spotify ou mesmo aplicativos de produtividade já está familiarizado com a lógica: existe uma versão gratuita, com limitações, e uma versão paga, mais completa, que oferece benefícios exclusivos. Quem quer acesso total, sem anúncios, com qualidade superior e mais funcionalidades, precisa pagar ou atender determinadas condições. Esse mesmo raciocínio passou a estruturar, de forma bastante visível, a política externa dos Estados Unidos sob o governo Trump em seu segundo mandato. No centro dessa nova lógica está uma ideia simples: os países que desejam manter acesso privilegiado ao mercado americano, a investimentos estratégicos ou à proteção diplomática dev...
Entre promessas e ameaças: o impacto do discurso de Netanyahu na ONU
África, África do Sul, Américas, Argélia, Argentina, Austrália, Bolívia, Canadá, Chile, Colômbia, Estados Unidos, Europa, Israel, Naníbia, Oceania, ONU, Organizações Internacionais, Oriente Médio, Palestina, Reino Unido

Entre promessas e ameaças: o impacto do discurso de Netanyahu na ONU

A presença de Benjamin Netanyahu na Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro de 2025 não foi apenas mais uma fala de chefe de Estado num fórum internacional. Foi, para muitos observadores, a tentativa de reafirmar a centralidade da narrativa israelense no conflito com os palestinos num momento em que o equilíbrio simbólico e diplomático começa a se deslocar. Mas também foi, para outros, uma evidência do isolamento crescente de Israel diante de um mundo que, embora dividido, já não acata sem reservas os termos colocados por Tel Aviv. O discurso provocou reações distintas entre países, evidenciando que a disputa entre Israel e Palestina não é apenas territorial ou militar: ela se dá também no campo das versões, dos afetos e das leituras históricas. A fala de Netanyahu veio poucos di...
Os anos 1930: crise, angústia e decisões dramáticas
Américas, Estados Unidos

Os anos 1930: crise, angústia e decisões dramáticas

Para quem não está familiarizado com a história econômica dos Estados Unidos, pode parecer distante falar de decisões tomadas há quase um século — mas a década de 1930 guarda um ensinamento poderoso para os dias de hoje. Neste artigo, explico com clareza o que ocorreu naquele período, por que certas escolhas foram feitas, quais foram as consequências e como esse episódio ressoa com o que acontece agora no governo americano. A década de 1930 nos EUA começou em tragédia econômica. Em 1929, a Bolsa de Valores de Nova York sofreu uma queda abrupta, episódio que entrou para a história como a “quebra de 1929”. Esse colapso financeiro foi o estopim de uma crise mais ampla: bancos faliram, o crédito encolheu, empresários fecharam fábricas e milhões de trabalhadores foram demitidos. A economia a...