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África

A guerra como terreno fértil para a corrupção: o caso da Ucrânia em 2025
Afeganistão, Ásia, Europa, Iraque, Líbia, Organizações Internacionais, Oriente Médio, Somália, Ucrânia, União Europeia

A guerra como terreno fértil para a corrupção: o caso da Ucrânia em 2025

A guerra costuma ser apresentada como um momento de união nacional, sacrifício coletivo e resiliência institucional. No entanto, a experiência histórica e contemporânea mostra que conflitos armados criam também ambientes propícios à corrupção. O colapso parcial das estruturas de controle, a circulação acelerada de recursos externos e a mobilização de verbas emergenciais geram brechas amplas para práticas ilícitas. O caso da Ucrânia, em meio à prolongada guerra contra a Rússia, oferece um retrato perturbador dessa lógica. Desde 2022, quando foi invadida pela Rússia, a Ucrânia se tornou o principal destino de apoio financeiro e militar do Ocidente, recebendo bilhões de dólares em armas, ajuda humanitária, recursos logísticos e pacotes de reconstrução. Ao mesmo tempo, a pressão por manter ...
A emergência de novas vozes no Sul global desafia o sistema internacional tradicional
Américas, Ásia, Banco Mundial, Bangladesh, Chile, Colômbia, FMI, G20, Índia, ONU, Organizações Internacionais, Peru, Quênia, Sul Global

A emergência de novas vozes no Sul global desafia o sistema internacional tradicional

Movimentos sociais, protestos populares e lideranças juvenis em países do Sul global têm se tornado protagonistas de transformações políticas e sociais significativas, desafiando o monopólio das potências tradicionais na definição da agenda internacional. Em 2025, manifestações na África, no Oriente Médio, na Ásia e na América Latina mostram que a política internacional já não se limita aos governos e às grandes potências: ela é cada vez mais influenciada por atores locais que reivindicam participação, justiça social e soberania. Embora historicamente as decisões globais tenham sido concentradas nas mãos de países do Norte — especialmente após a Segunda Guerra Mundial — os últimos anos mostraram o surgimento de uma dinâmica distinta. A juventude urbana, os movimentos feministas, os cole...
África, África do Sul, Américas, Burundi, Europa, Iraque, Organizações Internacionais, Oriente Médio, Reino Unido, TPI - Tribunal Penal Internacional

O Tribunal Penal Internacional julga inimigos e ignora aliados

Desde a sua criação, o Tribunal Penal Internacional (TPI) simbolizou uma esperança de justiça global permanente para crimes de guerra, genocídio e contra a humanidade. Ao mesmo tempo, porém, o seu funcionamento tem sido marcado por uma seletividade evidente, que mina a credibilidade do tribunal como fórum imparcial. A disparidade entre o tratamento dado a diferentes regiões e atores coloca‑se como um entrave à missão universal que o TPI proclama. Um dos argumentos mais contundentes contra o TPI refere‑se à concentração quase exclusiva de casos contra países africanos. Apesar das constantes promessas de uma justiça global, cerca de 47 dos 54 indiciados pelo TPI são africanos. Essa estatística alimenta críticas segundo as quais o tribunal estaria a funcionar como instrumento punitivo volt...
A governança da IA, dados e soberania tecnológica
África, África do Sul, Américas, Ásia, Egito, Estados Unidos, Índia, Organizações Internacionais, União Europeia

A governança da IA, dados e soberania tecnológica

A centralidade da inteligência artificial generativa — e dos dados que a alimentam — está emergindo como peça-chave não apenas da economia digital, mas da geopolítica mundial. A capacidade de treinar grandes modelos com vastas bases de dados, de operar centros de processamento de alta potência e de definir os padrões éticos e regulatórios dessa nova tecnologia está cada vez mais associada à soberania nacional e à influência global. Pesquisas recentes apontam que a chamada “IA generativa” já se tornou um fator geopolítico — moldando acesso, desigualdades e controle. Diante disso, para países do Sul Global, o risco é duplo: permanecer como consumidores ou meros receptores de tecnologias definidas fora, ou construir agora capacidades para participar ativamente da definição das regras do jo...
Sanções esportivas nunca impediram guerras e colocam o ideal olímpico em risco
África, África do Sul, Américas, Arábia Saudita, Ásia, China, Estados Unidos, Europa, Israel, Oriente Médio, Rússia

Sanções esportivas nunca impediram guerras e colocam o ideal olímpico em risco

Desde o início da guerra na Ucrânia, o Comitê Olímpico Internacional (COI) tem mantido a política de permitir a participação de atletas russos e bielorrussos apenas sob a condição de neutralidade, ou seja, sem bandeira, hino, uniforme oficial ou qualquer símbolo nacional. Essa medida, que se apresenta como resposta ética à invasão russa, está sendo defendida por seus proponentes como um gesto de solidariedade internacional e coerência moral. No entanto, ao observar a trajetória histórica do uso de sanções esportivas como ferramenta política, torna-se evidente que esse tipo de medida raramente trouxe resultados concretos. Pelo contrário: enfraqueceu os princípios fundadores do movimento olímpico e agravou divisões globais. O caso atual não é o primeiro em que atletas são impedidos de com...
Entre promessas e ameaças: o impacto do discurso de Netanyahu na ONU
África, África do Sul, Américas, Argélia, Argentina, Austrália, Bolívia, Canadá, Chile, Colômbia, Estados Unidos, Europa, Israel, Naníbia, Oceania, ONU, Organizações Internacionais, Oriente Médio, Palestina, Reino Unido

Entre promessas e ameaças: o impacto do discurso de Netanyahu na ONU

A presença de Benjamin Netanyahu na Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro de 2025 não foi apenas mais uma fala de chefe de Estado num fórum internacional. Foi, para muitos observadores, a tentativa de reafirmar a centralidade da narrativa israelense no conflito com os palestinos num momento em que o equilíbrio simbólico e diplomático começa a se deslocar. Mas também foi, para outros, uma evidência do isolamento crescente de Israel diante de um mundo que, embora dividido, já não acata sem reservas os termos colocados por Tel Aviv. O discurso provocou reações distintas entre países, evidenciando que a disputa entre Israel e Palestina não é apenas territorial ou militar: ela se dá também no campo das versões, dos afetos e das leituras históricas. A fala de Netanyahu veio poucos di...
Líderes-culto autoritários são um sintoma global da crise de pertencimento
Américas, Ásia, Brasil, Europa, Hungria, Índia, México, Ruanda

Líderes-culto autoritários são um sintoma global da crise de pertencimento

Em meio ao colapso da confiança nas instituições e à ascensão da alienação individual, emergem líderes que não oferecem caminhos, mas pertença emocional — e isso se transforma em poder. Não se trata apenas de Donald Trump: no mundo todo, de direita ou de esquerda, líderes populistas exploram necessidades profundas de identidade, vingança e ordem, criando seguidores tão fundidos ao líder que qualquer crítica é um ataque pessoal. Esse fenômeno político é explicado por um arco psicológico que se repete em contextos diversos. Primeiro, esses líderes vendem identidade, não política. Eles personificam o ódio ao sistema e canalizam ressentimentos — não com programas, mas com performatividade. Em segundo lugar, oferecem vingança, não soluções: culpam imigrantes, elites, imprensa ou minorias, e ...
Alternativas que disputam a ordem internacional
África, África do Sul, Américas, Ásia, Austrália, China, Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), Coréia do Sul, Estados Unidos, Europa, Índia, Japão, Nova Zelândia, Oceania, OCX, OPEP, Organizações Internacionais, Paquistão, Rússia, Sul Global, UEEA - União Econômica Euroasiática

Alternativas que disputam a ordem internacional

A tentativa de criar uma ordem internacional alternativa deixou de ser uma ideia difusa e ganhou corpo em arranjos concretos que se multiplicaram nas últimas duas décadas. O fio condutor é claro: reduzir a dependência de Washington e Bruxelas, diversificar centros de decisão e criar infraestrutura financeira, energética e logística que permita maior autonomia ao Sul Global. A Organização para Cooperação de Xangai, criada em 2001, é o emblema mais visível desse movimento porque combina segurança, política e economia numa mesma plataforma. Mas ela não está só. Em paralelo surgiram ou se fortaleceram blocos econômicos, bancos multilaterais fora do eixo tradicional, iniciativas de integração comercial asiática, redes políticas sul-sul e cartéis energéticos com capacidade de influenciar preços ...
O que é lawfare e por que virou uma arma global
África, Américas, Brasil, Estados Unidos

O que é lawfare e por que virou uma arma global

A política internacional do século XXI não é feita apenas com tanques, sanções e diplomacia. Cresce, silenciosamente, o uso de uma nova ferramenta de poder: o lawfare. O termo — junção de law (lei) e warfare (guerra) — refere-se ao uso estratégico do sistema jurídico como instrumento de combate político, desestabilização institucional e interferência internacional. Mais do que disputas legais legítimas, o lawfare transforma tribunais, promotorias e investigações em armas para enfraquecer adversários e moldar cenários políticos e geopolíticos. O conceito ganhou notoriedade nos anos 2000, mas sua aplicação é muito mais antiga. O que mudou recentemente foi a sofisticação do uso e sua disseminação em múltiplos contextos. O lawfare pode assumir várias formas: processos seletivos contra lider...
Democracias sob pressão e o esgotamento silencioso da representação
África, Américas, Ásia, Europa, França, Nigéria, Reino Unido, Tailândia

Democracias sob pressão e o esgotamento silencioso da representação

A democracia do século XXI enfrenta uma crise que não se anuncia por tanques nas ruas ou discursos autoritários evidentes. O desgaste atual é silencioso, cotidiano e estrutural. Ele se manifesta na ruptura gradual do pacto social, no descrédito generalizado das instituições políticas, na fragmentação das identidades coletivas e na fadiga das narrativas que antes sustentavam a legitimidade dos regimes representativos. Essa corrosão, que ocorre tanto em democracias consolidadas quanto em regimes mais jovens, revela não apenas falhas conjunturais, mas a exaustão de um modelo político cujos mecanismos de mediação parecem cada vez mais incapazes de responder aos anseios sociais. A primeira camada dessa crise está na desigualdade. Não apenas a disparidade de renda, mas a desigualdade de expec...