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Oriente Médio

Israel e os novos acordos com países árabes
Israel, Oriente Médio

Israel e os novos acordos com países árabes

A assinatura dos Acordos de Abraão em 2020 marcou uma virada histórica nas relações entre Israel e o mundo árabe. Pela primeira vez desde os tratados com Egito (1979) e Jordânia (1994), países árabes — como Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Marrocos e Sudão — reconheceram formalmente o Estado de Israel e estabeleceram relações diplomáticas plenas. Esses acordos, mediados pelos Estados Unidos, quebraram um tabu: a normalização com Israel sem a exigência prévia da criação de um Estado palestino. O que está por trás dessa mudança? Quais são os interesses em jogo e o que ela revela sobre a nova geopolítica do Oriente Médio? A primeira razão para os acordos é estratégica. Em um cenário de crescente ameaça iraniana, muitos governos árabes sunitas passaram a ver Israel não como inimigo, mas com...
Turquia: entre Europa, Rússia e o mundo islâmico
Europa, Oriente Médio, Rússia, Turquia

Turquia: entre Europa, Rússia e o mundo islâmico

Poucos países possuem uma posição geográfica e histórica tão estratégica quanto a Turquia. Situada entre a Europa e a Ásia, banhada pelo Mediterrâneo, pelo Mar Negro e cortada pelos estreitos de Bósforo e Dardanelos, a Turquia é um elo entre civilizações, religiões, rotas comerciais e zonas de conflito. Essa posição liminar se reflete também em sua política externa: a Turquia contemporânea é, simultaneamente, membro da OTAN, aliada ocasional da Rússia e aspirante à liderança do mundo islâmico. Mas afinal, o que quer a Turquia no sistema internacional? A resposta começa com a sua ambição: ser uma potência regional autônoma, capaz de agir com independência frente a blocos tradicionais e de exercer influência decisiva sobre os acontecimentos no Oriente Médio, no Cáucaso, nos Bálcãs e no Me...
Valores em disputa e o retorno dos particularismos
África, Ásia, China, Europa, Irã, OMC, ONU, Organizações Internacionais, Oriente Médio, Paquistão, Rússia, Sebegal, Uganda

Valores em disputa e o retorno dos particularismos

A ideia de que certos valores — como direitos humanos, democracia liberal e racionalidade científica — seriam universais e aplicáveis a todas as sociedades está sendo crescentemente desafiada por governos, movimentos e intelectuais em várias partes do mundo. A noção de universalismo, outrora sustentada como base moral da ordem internacional pós-Segunda Guerra Mundial, enfrenta uma contraofensiva discursiva e institucional que recoloca o particularismo cultural, religioso, nacional e civilizacional no centro das disputas globais. Essa inflexão não é apenas retórica: ela impacta diretamente o funcionamento das instituições multilaterais, a cooperação internacional e o próprio conceito de convivência entre diferentes modelos de sociedade. A emergência de narrativas alternativas ao universa...
Reconfiguração do poder global em tempos de multipolaridade
Arábia Saudita, Ásia, BRICS, China, Europa, G20, Índia, Indonésia, Irã, Organizações Internacionais, Oriente Médio, Rússia

Reconfiguração do poder global em tempos de multipolaridade

A ordem internacional está passando por uma transformação profunda, na qual a centralidade dos Estados Unidos e de seus aliados europeus vem sendo gradualmente substituída por uma lógica de equilíbrio entre múltiplos polos de poder. Esse processo, mais estrutural do que conjuntural, tem como protagonistas países como China, Índia, Rússia, Arábia Saudita, Irã e Indonésia, entre outros do chamado Sul Global. A disputa pelo novo desenho do poder global extrapola a geopolítica tradicional e se materializa em esferas como cadeias produtivas, moedas, tecnologia, sistemas de governança e até mesmo na formulação de valores e visões de mundo concorrentes. A ascensão da China é um dos pilares mais visíveis desse novo cenário. Pequim não apenas expandiu sua influência econômica e diplomática, como...
Tecnologia, vigilância e controle social: o dilema do progresso
Ásia, China, Emirados Árabes Unidos, Irã, Organizações Internacionais, Oriente Médio, União Europeia

Tecnologia, vigilância e controle social: o dilema do progresso

A promessa de que a tecnologia digital promoveria liberdade, transparência e inclusão foi, em boa medida, substituída por uma realidade marcada por vigilância difusa, controle de comportamento e poder algorítmico. A expansão da inteligência artificial, a coleta massiva de dados, os sistemas automatizados de decisão e as novas formas de censura e modulação de discurso compõem uma arquitetura de controle sem precedentes, cujos efeitos se manifestam tanto em democracias quanto em regimes autoritários. Mais do que uma revolução técnica, trata-se de uma transformação estrutural na forma como o poder é exercido, distribuído e legitimado no século XXI. Em regimes autoritários, como China, Irã e Emirados Árabes Unidos, o uso de tecnologias de vigilância digital é explícito e institucionalizado....
Multipolaridade: o que é e por que ela muda o sistema internacional
África, África do Sul, Américas, Brasil, Estados Unidos, Europa, G7, Irã, Organizações Internacionais, Oriente Médio, OTAN, Rússia, Turquia

Multipolaridade: o que é e por que ela muda o sistema internacional

Desde o fim da Guerra Fria, o mundo tem sido amplamente descrito como unipolar, com os Estados Unidos no centro da política, economia e segurança globais. Mas esse cenário está mudando. A emergência de novas potências, o enfraquecimento das instituições multilaterais e o avanço de projetos regionais autônomos configuram uma transição em curso: o mundo caminha para uma ordem multipolar. Esse conceito, frequentemente citado, é mais do que uma descrição técnica — ele traduz uma disputa por poder, influência e modelos alternativos de organização global. Multipolaridade significa, essencialmente, um sistema internacional em que várias potências têm peso equivalente ou competitivo, sem que uma delas consiga impor sua vontade sobre as demais. Isso não significa ausência de hierarquias, mas sim...
A guerra dos alimentos e fertilizantes: como as cadeias agrícolas revelam a interdependência global
África, Américas, Ásia, Brasil, Canadá, China, Egito, Europa, Índia, Líbano, Oriente Médio, Peru, Rússia, Sri Lanka, Ucrânia

A guerra dos alimentos e fertilizantes: como as cadeias agrícolas revelam a interdependência global

Em um mundo cada vez mais integrado, a segurança alimentar deixou de ser apenas uma questão de produção local para se tornar uma peça central na engrenagem do comércio global. As cadeias agrícolas internacionais, que conectam plantações no Brasil, jazidas de potássio na Rússia, portos na China e silos nos Estados Unidos, formam uma teia complexa e interdependente que garante o abastecimento de bilhões de pessoas. No entanto, quando essa engrenagem sofre choques — seja por guerras, sanções ou disputas geopolíticas — os efeitos são imediatos, difusos e, muitas vezes, devastadores. Grãos e fertilizantes, dois pilares da produção agrícola moderna, estão no centro dessas turbulências e ilustram com clareza os desafios e interesses ocultos que marcam a geopolítica contemporânea. A pandemia de...
Crise energética global nasce da falta de cooperação entre os países
Américas, Europa, Irã, Organizações Internacionais, Oriente Médio, Rússia, Ucrânia, União Europeia, Venezuela

Crise energética global nasce da falta de cooperação entre os países

A crescente fragmentação da cooperação internacional no setor energético tem gerado efeitos colaterais significativos, como a elevação da inflação global, obstáculos ao desenvolvimento de países e o agravamento da pobreza energética. As sanções impostas a produtores de hidrocarbonetos, como Rússia, Irã e Venezuela, exemplificam como medidas políticas podem desestabilizar cadeias de suprimento e impactar negativamente os mais vulneráveis. Desde o início da guerra na Ucrânia, a União Europeia e os Estados Unidos implementaram uma série de sanções contra o setor energético russo. Essas medidas incluem o bloqueio de navios petroleiros, restrições a empresas de transporte e a imposição de um teto de US$ 60 por barril para o petróleo russo. Embora essas ações visem reduzir o financiamento da ...
O Tribunal Penal Internacional sob ataque
Américas, Estados Unidos, Europa, Israel, Oriente Médio, Palestina, Rússia, Tribunal Penal Internacional, Ucrânia

O Tribunal Penal Internacional sob ataque

O Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, enfrenta uma escalada de pressões e ameaças institucionais que colocam em risco sua independência, especialmente em um momento em que suas decisões podem afetar interesses estratégicos globais, como os conflitos na Ucrânia e na Palestina. Sanções econômicas, ameaças políticas diretas e campanhas de deslegitimação estão entre os instrumentos utilizados para tentar conter sua atuação. A Corte, criada para julgar crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídios, está hoje no centro de uma disputa geopolítica. Com investigações abertas contra Israel por crimes cometidos nos territórios palestinos e contra autoridades russas pela guerra na Ucrânia, o TPI se tornou alvo de potências que, até pouco tempo atrás, se diziam defensora...
Ásia, Coréia do Sul, Europa, Indonésia, Irã, Malásia, Oriente Médio, Rússia, Ucrânia

Instrumentos financeiros como ferramentas de influência geopolítica

O sistema monetário e financeiro internacional sempre desempenhou um papel central na economia global, mas sua função vai muito além das transações comerciais e da estabilidade macroeconômica. Ao longo da história, esses mecanismos têm sido utilizados como ferramentas de influência política e geopolítica, servindo aos interesses de nações e blocos econômicos na busca por poder e controle. A aplicação de sanções econômicas, a manipulação de fluxos de capitais e a imposição de políticas financeiras restritivas são apenas alguns exemplos de como a estrutura financeira global pode ser instrumentalizada para atingir objetivos estratégicos. Em diferentes momentos, o uso dessas ferramentas não apenas impactou economias nacionais, mas também remodelou dinâmicas de poder em escala global. Três c...