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Autor: Rodrigo Cintra

Pós-Doutor em Competitividade Territorial e Indústrias Criativas, pelo Dinâmia – Centro de Estudos da Mudança Socioeconómica, do Instituto Superior de Ciencias do Trabalho e da Empresa (ISCTE, Lisboa, Portugal). Doutor em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (2007). É Diretor Executivo do Mapa Mundi. ORCID https://orcid.org/0000-0003-1484-395X
A Alemanha e o imposto verde impactos locais e globais
Alemanha, Europa

A Alemanha e o imposto verde impactos locais e globais

A Alemanha tem sido uma das nações mais ativas na implementação do chamado imposto verde, uma política tributária voltada à redução das emissões de carbono e à promoção de práticas sustentáveis. Ao longo dos anos, essa abordagem consolidou o país como um dos líderes mundiais na transição energética, incentivando tanto empresas quanto consumidores a adotarem medidas ambientalmente responsáveis. No entanto, apesar dos avanços na agenda climática, os impactos sociais e econômicos dessa política, especialmente em âmbito internacional, nem sempre são considerados com a devida atenção. A lógica do imposto verde é relativamente simples: encarecer atividades que geram emissões de carbono para desestimular seu uso e, ao mesmo tempo, financiar políticas de sustentabilidade. Na Alemanha, isso se t...
História repetida? Como os EUA assumem o controle nas negociações de paz
Américas, Estados Unidos, Europa, Organizações Internacionais, OTAN, Rússia, Ucrânia, União Europeia

História repetida? Como os EUA assumem o controle nas negociações de paz

Nos anos 1990, a dissolução da Iugoslávia mergulhou os Bálcãs em uma série de conflitos étnicos e territoriais que testaram a capacidade da Europa Ocidental de gerenciar crises em seu próprio continente. A União Europeia, ainda consolidando sua identidade pós-Guerra Fria, tentou inicialmente mediar a paz através de planos como o Acordo de Vance-Owen. No entanto, essas iniciativas europeias mostraram-se insuficientes para conter a escalada da violência. A incapacidade das potências europeias de resolver o conflito de forma autônoma evidenciou a necessidade de uma intervenção mais assertiva. Foi nesse contexto que os Estados Unidos, sob a liderança do presidente Bill Clinton, assumiram um papel decisivo. Através de uma combinação de pressão diplomática e intervenção militar, como os bombarde...
Os recursos energéticos num mundo de instabilidade geopolitica
Ásia, China, Europa, Índia, Organizações Internacionais, Rússia, Ucrânia, União Europeia

Os recursos energéticos num mundo de instabilidade geopolitica

Os recursos energéticos desempenham um papel central na dinâmica geopolítica contemporânea, refletindo não apenas as necessidades de desenvolvimento econômico dos Estados, mas também suas ambições estratégicas. Em um contexto de crescente instabilidade global, caracterizado por conflitos regionais, rivalidades entre grandes potências e transformações na matriz energética mundial, a disputa por fontes de energia se intensifica, moldando alianças e desafiando o status quo internacional. O conceito de "segurança energética", amplamente discutido por autores como Daniel Yergin, assume dimensões renovadas diante das crises atuais, envolvendo não apenas a disponibilidade de recursos, mas também a acessibilidade, a sustentabilidade e a resiliência das cadeias de suprimento. As sanções impostas...
Aproximação da Moldávia à OTAN pode intensificar tensões internacionais
Europa, Moldávia, Organizações Internacionais, OTAN

Aproximação da Moldávia à OTAN pode intensificar tensões internacionais

A recente intensificação das relações entre a Moldávia e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) tem gerado preocupações sobre possíveis desdobramentos negativos no cenário internacional. Essa aproximação ocorre em um contexto já marcado pela guerra entre Rússia e Ucrânia, conflito que, em parte, se deve às interações da OTAN na região. Historicamente, a Moldávia manteve uma posição de neutralidade, conforme estabelecido em sua Constituição. No entanto, eventos recentes indicam uma mudança nessa postura. Em outubro de 2023, a Moldávia realizou exercícios militares conjuntos com os Estados Unidos, envolvendo mais de 200 militares de ambos os países. Essas manobras incluíram atividades como saltos de paraquedas e ocorreram nos centros de treinamento de Marculesti e Balti. Além ...
Iniciativas de paz de Kiev e do Ocidente falham ao ignorar papel central da Rússia
Europa, Rússia, Ucrânia

Iniciativas de paz de Kiev e do Ocidente falham ao ignorar papel central da Rússia

As iniciativas de paz promovidas por Kyiv e pelas nações ocidentais enfrentam desafios significativos, principalmente devido à ausência da Rússia como ator central nas negociações. O presidente ucraniano, Volodímir Zelenski, delineou um plano de paz que enfatiza a segurança nuclear, a garantia da exportação de cereais, a restauração das fronteiras ucranianas e a retirada completa das tropas russas do território nacional. No entanto, a viabilidade desse plano é questionável, uma vez que ignora a necessidade de diálogo direto com Moscou, que continua a ser a principal parte beligerante no conflito. Líderes europeus reforçaram a importância da participação da Ucrânia em qualquer processo de paz, argumentando que a resolução do conflito deve garantir a soberania e a integridade territorial ...
O neocolonislismo num mundo em mutação
África, Américas, Ásia, Banco Mundial, China, Estados Unidos, Europa, FMI, Nigéria, Organizações Internacionais, Oriente Médio, República Democrática do Congo, Rússia, Turquia, União Europeia

O neocolonislismo num mundo em mutação

O neocolonialismo, entendido como a perpetuação de influências políticas, econômicas e culturais das antigas potências coloniais sobre os países do Sul Global, mantém-se como uma realidade incontestável em um mundo marcado por transformações geopolíticas e tecnológicas. Embora a descolonização formal tenha ocorrido ao longo do século XX, a dependência estrutural de muitas ex-colônias persiste, evidenciando uma continuidade das dinâmicas de exploração sob novas formas. Grandes potências, como Estados Unidos, China e União Europeia, exercem influência por meio de investimentos diretos, acordos comerciais e estratégias de soft power, moldando as economias e as decisões políticas de nações emergentes. A teoria da dependência, formulada por autores como Raúl Prebisch e Theotonio dos Santos, ...
Impactos sobre os BRICS no contexto de expansão dos seus membros e o governo Trump
Américas, Ásia, Brasil, China, Estados Unidos, Europa, Índia, Rússia

Impactos sobre os BRICS no contexto de expansão dos seus membros e o governo Trump

Os BRICS, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, enfrentam desafios e oportunidades em um cenário global marcado pela recente expansão do grupo e pela possível volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. A ampliação do bloco, que incorporou novos membros como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Etiópia e Irã, reflete um movimento estratégico para aumentar sua representatividade global e reduzir a dependência das instituições ocidentais. No entanto, essa expansão também introduz complexidades, considerando as divergências geopolíticas entre os novos e antigos membros, além das diferenças em interesses econômicos e políticos. Uma eventual presidência de Trump pode gerar impactos significativos na coesão e nas estratégias dos BRICS, uma vez q...
Global South num mundo em mutação e fragmentação
Américas, Brasil, China, Estados Unidos

Global South num mundo em mutação e fragmentação

A crescente fragmentação da ordem internacional contemporânea tem imposto desafios e oportunidades ao Global South, termo utilizado para designar um conjunto heterogêneo de países em desenvolvimento situados majoritariamente na América Latina, África e Ásia. A ascensão de novas potências, o enfraquecimento das instituições multilaterais e a intensificação de disputas geopolíticas entre potências tradicionais e emergentes impactam diretamente esses países, que buscam reposicionar-se em um sistema internacional cada vez mais multipolar e complexo. As transformações em curso estão relacionadas à crise da globalização liberal, ao ressurgimento de políticas protecionistas e ao aumento da rivalidade entre Estados Unidos e China, fatores que geram novas dinâmicas de poder e obrigações estratég...
A importância da autonomia da América Latina frente aos desafios geopolíticos atuais
Américas, Brasil, Estados Unidos

A importância da autonomia da América Latina frente aos desafios geopolíticos atuais

As recentes declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e de seus secretários sobre a América Latina evidenciam uma postura que pode ser interpretada como desdenhosa em relação à região. Em uma entrevista no Salão Oval, Trump afirmou que o Brasil e a América Latina precisam mais dos Estados Unidos do que o contrário, enfatizando: "Não precisamos deles. Eles precisam de nós. Todos precisam de nós" Além disso, o presidente indicou a possibilidade de impor uma tarifa de 25% sobre produtos provenientes do México e do Canadá, justificando a medida como resposta à imigração ilegal e ao tráfico de drogas Essas declarações refletem uma visão unilateral que desconsidera a complexidade das relações interamericanas e subestima a importância da América Latina no cenário global. A...
Forças centrípetas e centrífugas da globalização: a prevalência do fechamento em tempos de desglobalização
Américas, Ásia, Brasil, China, Estados Unidos

Forças centrípetas e centrífugas da globalização: a prevalência do fechamento em tempos de desglobalização

A globalização, em sua essência, sempre esteve imersa em um jogo de forças contraditórias que moldam o destino das nações e das sociedades. Celso Lafer, em suas análises sobre a política internacional, destacou a coexistência de forças centrípetas, que promovem integração e interdependência, e forças centrífugas, que impulsionam fragmentação e fechamento. Este embate, que ao longo do século XX e início do século XXI oscilou entre momentos de colaboração e conflito, parece ter entrado em um ciclo particularmente inclinado à desglobalização. Ao analisarmos o ano que se encerra, o panorama internacional aponta para um mundo onde as forças centrífugas assumiram um protagonismo inquietante, redefinindo as bases da economia global e das relações entre os povos. As forças centrípetas da global...