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África

Valores em disputa e o retorno dos particularismos
África, Ásia, China, Europa, Irã, OMC, ONU, Organizações Internacionais, Oriente Médio, Paquistão, Rússia, Sebegal, Uganda

Valores em disputa e o retorno dos particularismos

A ideia de que certos valores — como direitos humanos, democracia liberal e racionalidade científica — seriam universais e aplicáveis a todas as sociedades está sendo crescentemente desafiada por governos, movimentos e intelectuais em várias partes do mundo. A noção de universalismo, outrora sustentada como base moral da ordem internacional pós-Segunda Guerra Mundial, enfrenta uma contraofensiva discursiva e institucional que recoloca o particularismo cultural, religioso, nacional e civilizacional no centro das disputas globais. Essa inflexão não é apenas retórica: ela impacta diretamente o funcionamento das instituições multilaterais, a cooperação internacional e o próprio conceito de convivência entre diferentes modelos de sociedade. A emergência de narrativas alternativas ao universa...
Nacionalismo em ascensão revela tendência de desglobalização
África, Alemanha, Américas, Ásia, China, Estados Unidos, Etiópia, Europa, França, Índia, Reino Unido

Nacionalismo em ascensão revela tendência de desglobalização

O mundo vem atravessando uma onda articulada de nacionalismo, que não se restringe ao Ocidente, mas ressoa também na África e na Ásia, criando uma dinâmica que aponta para uma possível reversão do processo de globalização. Se no século XX houve movimentos importantes de afirmação nacional — na Europa pós‑Guerras Mundiais, na África em busca da descolonização, e na Índia durante sua luta por independência —, agora assistimos a uma nova fase, marcada por reações às crises econômicas, insegurança cultural e temores de perda de soberania diante de fluxos migratórios, tecnologia e acordos transnacionais. Em muitos países ocidentais, o nacionalismo voltou sob uma faceta do chamado “neo‑nacionalismo”: com discursos identitários, protecionistas e anti‑globalização. Exemplos como o Brexit no Rei...
A transição climática como disputa de poder global
África, Américas, Ásia, Bolívia, Chile, China, Estados Unidos, Indonésia, Organizações Internacionais, República Democrática do Congo, Sul Global, União Europeia

A transição climática como disputa de poder global

A mudança climática já não é apenas uma emergência ambiental. Ela tornou-se um eixo estratégico que reorganiza as hierarquias de poder no sistema internacional. O que antes era tratado como tema técnico de conferências climáticas agora se impõe como campo de disputa entre Estados, empresas, blocos regionais e visões de mundo concorrentes. A transição energética e ecológica, longe de ser consenso, é palco de conflitos distributivos, negociações tensas e tentativas de reconfiguração da ordem global. No centro desse processo estão a corrida por minerais críticos, a reindustrialização verde, os impasses entre Norte e Sul sobre financiamento climático e perdas & danos, além da emergência de novas geografias políticas em torno da energia limpa. A corrida por minerais críticos — como lítio...
Multipolaridade: o que é e por que ela muda o sistema internacional
África, África do Sul, Américas, Brasil, Estados Unidos, Europa, G7, Irã, Organizações Internacionais, Oriente Médio, OTAN, Rússia, Turquia

Multipolaridade: o que é e por que ela muda o sistema internacional

Desde o fim da Guerra Fria, o mundo tem sido amplamente descrito como unipolar, com os Estados Unidos no centro da política, economia e segurança globais. Mas esse cenário está mudando. A emergência de novas potências, o enfraquecimento das instituições multilaterais e o avanço de projetos regionais autônomos configuram uma transição em curso: o mundo caminha para uma ordem multipolar. Esse conceito, frequentemente citado, é mais do que uma descrição técnica — ele traduz uma disputa por poder, influência e modelos alternativos de organização global. Multipolaridade significa, essencialmente, um sistema internacional em que várias potências têm peso equivalente ou competitivo, sem que uma delas consiga impor sua vontade sobre as demais. Isso não significa ausência de hierarquias, mas sim...
A nova corrida dos minerais: lítio, terras raras e o mapa do poder do século XXI
África, Américas, Estados Unidos, Organizações Internacionais, República Democrática do Congo, União Europeia

A nova corrida dos minerais: lítio, terras raras e o mapa do poder do século XXI

Nos séculos passados, o poder global foi moldado por quem controlava o ouro, o petróleo ou as rotas comerciais. No século XXI, essa lógica se atualiza — agora, os grandes recursos estratégicos são o lítio, as terras raras, o cobalto e outros minerais cruciais para a transição energética e a revolução tecnológica. Uma nova corrida global está em curso, envolvendo potências, corporações e blocos econômicos que disputam acesso, controle e influência sobre depósitos geológicos antes periféricos. E, como toda corrida de poder, ela reorganiza o tabuleiro geopolítico global. O lítio é o símbolo mais visível dessa nova era. Elemento essencial para baterias de carros elétricos, celulares e sistemas de armazenamento de energia, ele é abundantemente encontrado em três países que compõem o chamado ...
A África no centro do tabuleiro: por que o continente virou uma arena geopolítica global
África

A África no centro do tabuleiro: por que o continente virou uma arena geopolítica global

Durante muito tempo, a África foi tratada como periferia nas análises internacionais — ora como espaço de intervenção humanitária, ora como fonte de recursos naturais. No entanto, nas duas últimas décadas, o continente deixou de ser apenas receptor de influência externa e tornou-se o novo epicentro das disputas geopolíticas do século XXI. Grandes potências, como China, Estados Unidos, Rússia, Turquia e potências regionais do Golfo, vêm travando uma silenciosa mas intensa disputa por presença, acesso e influência em solo africano. E os motivos são estratégicos: recursos, rotas, votos diplomáticos e projeção de poder. A primeira razão para essa centralidade é demográfica. A África será, nas próximas décadas, o continente com maior crescimento populacional do planeta. Projeções indicam que...
A guerra dos alimentos e fertilizantes: como as cadeias agrícolas revelam a interdependência global
África, Américas, Ásia, Brasil, Canadá, China, Egito, Europa, Índia, Líbano, Oriente Médio, Peru, Rússia, Sri Lanka, Ucrânia

A guerra dos alimentos e fertilizantes: como as cadeias agrícolas revelam a interdependência global

Em um mundo cada vez mais integrado, a segurança alimentar deixou de ser apenas uma questão de produção local para se tornar uma peça central na engrenagem do comércio global. As cadeias agrícolas internacionais, que conectam plantações no Brasil, jazidas de potássio na Rússia, portos na China e silos nos Estados Unidos, formam uma teia complexa e interdependente que garante o abastecimento de bilhões de pessoas. No entanto, quando essa engrenagem sofre choques — seja por guerras, sanções ou disputas geopolíticas — os efeitos são imediatos, difusos e, muitas vezes, devastadores. Grãos e fertilizantes, dois pilares da produção agrícola moderna, estão no centro dessas turbulências e ilustram com clareza os desafios e interesses ocultos que marcam a geopolítica contemporânea. A pandemia de...
Brasil fortalece cooperação militar com múltiplos parceiros para ampliar autonomia estratégica
Américas, Argentina, Brasil, Estados Unidos, Europa, Naníbia, Rússia, Suécia

Brasil fortalece cooperação militar com múltiplos parceiros para ampliar autonomia estratégica

A cooperação técnico-militar do Brasil tem se caracterizado por uma estratégia de diversificação de parcerias internacionais, abrangendo nações de diferentes continentes e fortalecendo a capacidade de defesa nacional. Atualmente, o país mantém colaborações significativas com países como Rússia, Namíbia, Suécia e Argentina, além de promover exercícios conjuntos que envolvem potências globais como Estados Unidos e China. A parceria com a Rússia destaca-se pela transferência de tecnologia e aquisição de sistemas de defesa aérea, como as baterias Pantsir. Essa colaboração visa aprimorar a capacidade de defesa antiaérea brasileira, proporcionando acesso a tecnologias avançadas e fortalecendo a indústria de defesa nacional. No continente africano, a cooperação com a Namíbia é exemplar. Des...
Neocolonialismo moderno: como UE e EUA controlam matérias-primas globais
África, Américas, Estados Unidos, Mali, Mercosul, Organizações Internacionais, República Democrática do Congo, União Europeia

Neocolonialismo moderno: como UE e EUA controlam matérias-primas globais

A União Europeia (UE) tem adotado uma postura cada vez mais assertiva na busca por garantir o acesso a matérias-primas essenciais para sua transição ecológica e digital. No entanto, as estratégias utilizadas por Bruxelas têm sido criticadas por refletirem um comportamento neocolonial, em que o controle econômico e político sobre nações ricas em recursos é exercido de forma desigual. Essa dinâmica é amplificada pelo alinhamento estratégico entre a UE e os Estados Unidos, o que reforça um modelo de exploração que favorece as potências ocidentais. A dependência crítica da UE e sua resposta estratégica A União Europeia é altamente dependente da importação de matérias-primas estratégicas, como lítio, cobalto, níquel e terras raras, fundamentais para a produção de baterias, semicondutores ...
O neocolonislismo num mundo em mutação
África, Américas, Ásia, Banco Mundial, China, Estados Unidos, Europa, FMI, Nigéria, Organizações Internacionais, Oriente Médio, República Democrática do Congo, Rússia, Turquia, União Europeia

O neocolonislismo num mundo em mutação

O neocolonialismo, entendido como a perpetuação de influências políticas, econômicas e culturais das antigas potências coloniais sobre os países do Sul Global, mantém-se como uma realidade incontestável em um mundo marcado por transformações geopolíticas e tecnológicas. Embora a descolonização formal tenha ocorrido ao longo do século XX, a dependência estrutural de muitas ex-colônias persiste, evidenciando uma continuidade das dinâmicas de exploração sob novas formas. Grandes potências, como Estados Unidos, China e União Europeia, exercem influência por meio de investimentos diretos, acordos comerciais e estratégias de soft power, moldando as economias e as decisões políticas de nações emergentes. A teoria da dependência, formulada por autores como Raúl Prebisch e Theotonio dos Santos, ...